PCC faz “conference call” na cadeia

 

A liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) realizou um encontro anual da organização, com criminosos presos e também com aqueles que estão em liberdade, para tomar decisões a respeito do futuro da facção criminosa. Foi uma “conference call” (conferência por telefone), prática muito usual em grandes empresas. Todos os participantes podem falar e todos escutam, através de um sistema de telefonia celular com um software que reúne todos os números numa mesma chamada.

A “Convenção do PCC” teve início às 16h31m no dia 2 de fevereiro de 2011 – e só terminou às duas e meia da manhã do dia seguinte. A operação telefônica, centralizada no Presídio 2 de Presidente Venceslau, penitenciária dita de segurança máxima, no interior de São Paulo, foi acompanhada – e possivelmente gravada – pela Polícia Federal, com a participação de agentes da polícia paulista.

Cinco criminosos da elite da facção estavam na “conference call”, dois encarcerados naquele presídio e três nas ruas. O tema dominante foram negócios ligados ao tráfico de drogas e aos investimentos da organização. A história fantástica desse episódio está publicada nos jornais “Folha de S. Paulo” e “Agora”, nas edições de hoje (5 dezembro 2012).  

A pergunta que não quer calar é a seguinte: como algo assim poderia ocorrer sem a conivência dos agentes penitenciários? De janeiro até outubro, foram apreendidos mais de 8 mil telefones celulares dentro das cadeias paulistas. Como entraram esses aparelhos? A resposta é simples: corrupção e mais corrupção! O governo paulista alardeou as 8 mil apreensões, mas isto só revela a dramática fragilidade do sistema penitenciário.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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6 respostas para PCC faz “conference call” na cadeia

  1. Henrique disse:

    Amorim,

    Acabei de ler seu último livro,Assalto ao Poder. Espetacular o trabalho de pesquisa que vc fez, não só sobre o crime organizado no Brasil mas como tb em outros países e regiões do mundo.

    Vc disse que não pretende mais escrever sobre isso.Mas espero que mude de ideia,pois já estou esperando o próximo!

    Henrique

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  2. Cássio Freitas disse:

    Realmente, não haveria como os celulares, assim como drogas, armas e outros produtos entrarem no presídio sem a corrupção, que envolve desde os advogados, parentes dos detentos e os agentes carcerários. Com a grande movimentação de dinheiro promovida pelo o crime organizado fica fácil financiar ações como essa com base em pagameto para que todos contribuam. Este é um problema que envolve vários fatores, desde os baixos salários dos agentes carcerários até a conivência de indivíduos do auto escalão, mostrando como tal problema é difícil de se resolver ao mesmo tempo que sua solução se mostra urgente para diminuir o poder do crime organizado.

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    • carlos amorim disse:

      Cássio,
      essas coisas são mesmo muito complicadas. O problema dos salários e da qualificação desses funcionários é muito grave, abrindo a porta da corrupção..
      abs
      Camorim

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  3. PCC quer 111 PMs mortos em 2012 para lembrar dos 20 anos do massacre do Carandiru

    http://noticiasriobrasil.com.br/?p=3232

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  4. HARRY disse:

    NÃO ADIANTA POLÍCIAS NAS RUAS, AUMENTO DE SALÁRIOS DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS. NADA DISSO VAI RESOLVER O PROBLEMA DA CRIMINALIDADE NO NOSSO PAÍS. A FÓRMULA É UMA SÓ, REFORMULAR NOSSO CÓDIGO PENAL COM LEIS MAIS DURAS, E POR QUE NÃO DIZER MAIS SEVERAS. MAIS ANTES, REFORMULE A CONSTITUIÇÃO, SENÃO TUDO SERÁ INCONSTITUCIONAL.FÁCIL, NÃO?

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