O massacre em Newtown recoloca a questão da venda de armas nos EUA

obama e o massacre

Todos nós acompanhamos – estarrecidos – pela televisão, ao vivo, a nova matança de inocentes nos Estados Unidos. Dessa vez, numa escola de primeiro grau, para crianças de cinco a 12 anos de idade. Foi na pequena cidade de Newtown, com apenas 20 mil habitantes, bem menor do que alguns bairros paulistas, no estado de Connecticut, a 60 e poucos quilômetros de Nova York, também chamada de “capital do mundo”.

                      E mais uma vez – tragicamente – foi um jovem de 20 anos o autor do novo massacre. Adam Lanza, segundo a mídia americana, era considerado “brilhante, genial, inteligentíssimo”. Talvez a ponto de se armar com duas pistolas e um rifle semi automático, calibre 223, munição de alta velocidade inventada pela Remington, um dos maiores fabricantes de armamentos do mundo ocidental. E genial a ponto de invadir a escola onde a mãe dele, Nancy, era professora primária. E de trucidar 20 crianças, num total de 28 mortos, onde se inclui o próprio Adam. Esse rapaz ensandecido disparou mais de 110 vezes contra as crianças, trocando os carregadores das armas. Matou também a diretora da escola e um psicólogo. Vestia roupa de combate, camuflada, com colete à prova de balas. Tudo vendido legalmente nas melhores lojas do gênero.

                      Todos nós vimos, pela televisão, o presidente americano, Barak Obama, chorando diante das câmeras. Mas nenhum de nós ouviu dele uma única frase contra a indústria de armamentos nos Estados Unidos. Aliás, as armas usadas no massacre na Sandy Hook Elementary School haviam sido compradas, legalmente, pela mãe daquele monstro.  

newtown

                      Uma informação da correspondente do Jornal Nacional (TV Globo) em Nova York, na noite do massacre, 14 de dezembro, dava conta de que há nos Estados Unidos 30 milhões de armas de fogo nas mãos de cidadãos comuns. Isso sem contar os arsenais militares e das forças policiais.

                      É bom lembrar que um, entre cada dez trabalhadores americanos, é empregado de empresas ligadas à indústria bélica. Ou seja: 10% da força de trabalho da maior economia do mundo, cujo PIB, apesar da crise, é superior a 13 trilhões de dólares. Acho que Obama se lembrou disso ao falar à imprensa mundial.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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4 respostas para O massacre em Newtown recoloca a questão da venda de armas nos EUA

  1. Antunes disse:

    No estado atual das coisas, onde o Estado se demonstra a cada dia mais manipulador e desvinculado de seus cidadaos, nunca foi mais preemente aos cidadaos possuirem armas.

    Imagine uma mulher.
    Agora imagine tres figuras: a do marido, a do amante e a do estuprador.

    No inicio, o governo dos EUA tinha um relacionamento conjugal, de Uniao total com a moral, etica e unidade de interesses com sua populacao.

    Posteriormente esse comportamento decaiu completamente e de conjugal esse relacionamento se tornou prostituido. Lobbies, egoismos e ganancias transformaram a esposa em prostituta.

    Mais recentemente, tudo indica que o governo dos EUA esta querendo transformar essa relacao de uma relacao de prostitutos para uma relacao de um estupro criminoso (veja caso NDAA, Patriot Act e agora proibicao das armas).

    Primeiro ele tentara seduzir a ex-esposa que agora e uma prostituta decadente, qual seja, a populacao americana. Se nao conseguir, estuprara sua populacao.

    E nada melhor que desarma-la antes para comecar a realizar seus caprichos nada eticos ou legais.

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  2. Sabrina Abreu disse:

    Oi, Carlos! Estou procurando seu contato para fazer uma entrevista. Enviei email para a assessoria da Record hoje, mas, de qualquer forma, se eu tiver sorte de você me responder primeiro por aqui, vai ser ótimo. Muito obrigada e abs, Sabrina

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