A morte do candidato do Partido Socialista Brasileiro à Presidência, Eduardo Campos, em trágico acidente de avião em São Paulo, altera substancialmente o cenário político-eleitoral. O desastre chocou a opinião pública e obrigou os demais candidatos a suspender as campanhas (a presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial em todo o país por três dias), às vésperas do início do horário eleitoral nas rádios e televisões brasileiras. Eduardo Campos foi por duas vezes governador de Pernambuco, o mais bem votado na história recente do país, com índice superior a 80% da preferência do eleitor no segundo mandato.
Campos despontava como uma nova liderança nacional, agora associado à ambientalista Marina Silva – ela recebeu 19 milhões de votos nas eleições de 2010, outra força nova na política brasileira. A dupla representava a esperança de romper o ciclo de predomínio do PSDB e do PT na Presidência da República, que juntos acumulam duas décadas no poder, com Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Campos era relativamente jovem. Acabara de completar 49 anos no último domingo. E tinha todas as credenciais para estar presente em outras disputas presidenciais, como nas de 2018 e 2022.
Economista, ex-ministro de Lula, neto de Miguel Arraes, notável político nordestino do qual foi herdeiro político, casado e pai de cinco filhos, Eduardo Campos e Marina Silva estavam colocados no ponto de equilíbrio das próximas eleições. Terceiro lugar nas pesquisas eleitorais (Dilma com 38%, Aécio Neves com 23% e Campos com 9%), desequilibrava a eleição no nordeste do Brasil, onde detinha quase 12% das intenções de voto, segundo o IBOPE. A presença dele na eleição apontava para a possibilidade de um segundo turno. Em 2002 e 2006, com Lula, e em 2010, com Dilma Rousseff, a região nordeste, uma das mais pobres do país, representou fator decisivo para as vitorias do PT. Eduardo Campos quebrava um pouco essa tendência – ou quebrava muito, de acordo com analistas locais.
Pela legislação eleitoral, o Partido Socialista tem dez dias para substituir o candidato. A decisão será tomada sob forte pressão emocional, porque a morte trágica de Campos deve provocar grande comoção em sua terra natal e em todo o Brasil. A pergunta que se coloca é a seguinte: Marina Silva é uma alternativa à altura de Campos? No próprio PSB, há quem duvide. Ela não é uma unanimidade entre os socialistas, especialmente por causa de posições muito duras em relação ao agronegócio, um dos pilares da economia brasileira.
Ao mesmo tempo, é uma campeã do voto popular. Seria eleita para qualquer coisa, mas não – provavelmente – para a Presidência. E ela tem origem humilde, é “mulatinha”, religiosa evangélica, num país de tantos preconceitos. E o impacto emocional, pode turbinar a candidatura de Marina? Pode. Somos um povo que chora muito. Até demais. Se os socialistas tomarem essa decisão, a perspectiva de um segundo turno fica de pé? Difícil de responder.
O mais provável é que a coligação que apoiava Eduardo Campos vá se dividir, especialmente por questões regionais. Não parece haver possibilidades muito concretas de uma unidade em torno da ambientalista Marina Silva. Com isso, aumentam consideravelmente as chances de Dilma Rousseff vencer a eleição no primeiro turno. Mas, como no Patropi tudo é muito emocional, qualquer resultado vale. No entanto, parece que a grande beneficiária da tragédia é de fato Dilma Rousseff. É esperar para ver.
Amorim: Acho que se Marina perde de um lado com a deserção dos conservadores que apoiavam Eduardo Campos, de outro ganha com o embarque dos ambientalistas que desconfiavam da aliança da Rede com o PSB. Se Marina repetir a votação de 2010 ela leva a eleição para segundo turno. .
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Marina não é católica, ela é evangélica, da Assembleia de Deus.
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Perfeito, Alan. Marina viveu e estudou com Freitas católicas, mas se converteu.
Obrigado pela observação.
abs
Camorim
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.. freiras católicas…
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