58,5 mil homicídios no Brasil, apenas no ano de 2014. É o maior número de mortes violentas nas últimas décadas. Batemos um recorde macabro.

Estatística da violência bate recorde.

Estatística da violência bate recorde.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização responsável pela mais confiável estatística da violência no país, acaba de divulgar o seu 9º Anuário. Apenas no ano passado, registramos 160 crimes de morte por dia – ou 7 a cada hora. No total, 58.559 assassinatos, chegando à marca histórica de 28.9 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. A ONU declara que uma taxa superior a 10 mortes violentas para cada 100 mil habitantes corresponde a uma “epidemia de violência”. Não bastasse a crise econômica e política – ou talvez por causa dela -, a criminalidade bate recorde.

Uma cena comum no país.

Uma cena comum no país.

Os brasileiros somam apenas 2,8% da população mundial. Mas carregam 11% de todos os homicídios cometidos no planeta. Do total de casos no ano passado, 89% foram crimes intencionais, metade foram execuções sumárias. A polícia matou 5% do total das vítimas: 2.927, numero maior do que o de latrocínios (4%). Os policiais mortos somaram 1%: 586 casos, o que, em termos globais, é um escândalo. A grande maioria dos crimes, como era de se esperar, vitimou jovens negros e pobres. A estatística da violência no Brasil revela uma situação dramática: matamos mais do que nas guerras pós-Vietnã. Mas do que no Iraque e no Afeganistão: em 11 anos de conflito foram 120 mil mortos, cinco vezes menos do que no Patropi, no mesmo período. Matamos bem mais do que na Síria: 36 mil mortos por ano. Perto de nós, o Estado Islâmico é uma brincadeira de crianças.

Jovens negros e pobres, moradores da periferia e das favelas, formam a maior parte das vítimas fatais.

Jovens negros e pobres, moradores da periferia e das favelas, formam a maior parte das vítimas fatais.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Uma resposta para 58,5 mil homicídios no Brasil, apenas no ano de 2014. É o maior número de mortes violentas nas últimas décadas. Batemos um recorde macabro.

  1. José Antonio Severo disse:

    Concordo com Carlos Amorim: o número de homicídios no Brasil é escandaloso. Morre mais gente de morte matada que morrida, em certos lugares deste país, certamente na periferia de grandes cidades. Quem lê jornais ou vê televisão sabe dessa notícia, mas entende, lendo ou ouvindo o jornal, que essas execuções são realizadas por policiais. Entretanto, diz a estatística, que as mortes de autoria policial alcança apenas cinco por cento. Cá para nós, num ambiente de bala correndo, com tantas mortes, cinco por cento é bem pouco. Eu achava que seriam uns 80 por cento? Decepcionei-me com a letalidade de nossos truculentos PMs Também me impressiona essa estatística da etnia dos mortos, pois embora seja natural que a maior parte das vítimas sejam pobres, fico indignado que sejam negros. E aí me pergunto: quem está exterminando negros no Brasil? Pois se o estado mata apenas cinco por cento, quem serão os racistas que abatem os demais 95 por cento? Certamente as balas saem de armas de brancos (ou pardos?). Sugiro aos amigos repórteres que procurem saber estas respostas, pois elas são muito importantes para se entender o problema e produzir políticas públicas que prendam os assassinos de negros imediatamente. Isto é intolerável e nossa legislação pune e agrava esse tipo de crime. Grande abraço e você e a todos os demais leitores deste blogue.;

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