Governo investiga apoiadores do Estado Islâmico no país e teme terrorismo nos Jogos Olímpicos do Rio. A Polícia Federal e a Abin estão convencidas de seremos vítimas de atentados cibernéticos. A sombra de Munique ainda paira sobre as Olimpíadas.

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O ataque do “Setembro Negro” às olimpíadas de Munique, em 1972.

Na tarde desta segunda-feira (23 nov), o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, falou aos jornalistas sobre os temores do Planalto em relação à possibilidade de ataques terroristas durante a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, na metade do ano que vem. Ele explicou que o cenário é bem mais complicado do que na Copa do Mundo. O número de países participantes é três vezes maior, com problemas internos mais graves e relações internacionais complexas. Muitos desses países, inclusive, já enfrentam o terrorismo.

Dez dias antes, enquanto ainda estava na reunião do G20 na Turquia, a presidente Dilma também se pronunciou: “não estamos livres do problema e ainda precisamos aprovar uma legislação antiterrorista”. Parece que as preocupações da presidente são sinceras. Em 2013, quando o Brasil preparava o plano de segurança para a Copa do Mundo, ela atendeu pedido dos militares para negociar a compra de seis baterias de mísseis antiaéreos russos, o sistema TOR M2E. Os foguetes seriam usados para proteger o litoral do Rio e possibilitar reação em caso de aviões serem sequestrados, como aconteceu em Nova Iorque, no dia 11 de setembro de 2001.

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O sistema TOR M2E: mísseis antiaéreos.

Para o esquema de segurança das olimpíadas, mais de 30 mil homens e mulheres das Forças Armadas e das polícias estarão nas ruas. O Ministério da Justiça informou hoje (25 nov) que foram aplicados 350 milhões de reais em equipamentos e treinamento para dar tranquilidade aos Jogos Olímpicos Rio 2016. E não é para menos. Em entrevista à Globonews, o ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, que quase morreu no ataque às Torres Gêmeas, deu uma declaração também preocupante. Ele disse que as olimpíadas são boas para o Rio e para o Brasil, mas chamou atenção para o fato de que os jogos trazem o que há de melhor e o que há de pior no mundo.

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O libanês Firas Allameddin, em foto da Revista Época. A polícia diz que ele é suspeito de apoiar o ISIS.

No último mês de agosto, a Polícia Federal prendeu, na periferia de São Paulo, três pessoas suspeitas de apoiar o Estado Islâmico. Firas Allameddin e dois de seus irmãos, Fadi e Toufic, todos libaneses, foram acusados de integrar uma quadrilha de lavagem de dinheiro e falsificação de documentos. Eles teriam enviado 50 milhões de reais para o Líbano, supostamente para financiar o terrorismo. A polícia chegou até eles investigando o egípcio Heshan Eltrabily. Acusado de participar de um atentado que matou 62 pessoas no Egito, em 1997. Heshan veio para o Brasil em 2002. O governo do Cairo pediu a extradição do suposto terrorista, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que não havia provas contra ele.

Fontes da PF asseguram que a investigação contra o grupo continua.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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6 respostas para Governo investiga apoiadores do Estado Islâmico no país e teme terrorismo nos Jogos Olímpicos do Rio. A Polícia Federal e a Abin estão convencidas de seremos vítimas de atentados cibernéticos. A sombra de Munique ainda paira sobre as Olimpíadas.

  1. Ivani Medina disse:

    Tão perigosa quanto à imbecilidade assassina do Estado Islâmico é a covardia ocidental. Na década de 50 o historiador britânico Arnold J. Toynbee havia previsto que a próxima guerra seria entre cristãos e muçulmanos. Vale lembrar que Gerge W. Bush ainda usava calças curtas naquela época e nesses últimos 15 anos contabiliza-se quase 25.000 ataques islâmicos.

    Dizer que nem todo islâmico é terrorista significa o quê? Absolutamente nada! Dizer que os terroristas não são islâmicos, “se fingem de islâmicos”, significa o quê? Que são cristãos disfarçados a confundir a opinião pública?

    Além de mentirosa e ridícula, essa mania de isentar o islamismo da sua responsabilidade é uma opção covarde e equivocada. Não se vai evitar nada de ruim desse modo, uma vez que a omissão favorece a expansão do islã por toda parte. Seria mais digno e eficiente dizer: “Resolvam logo isso entre vocês. A construção de mesquitas, madraças, centros culturais e a difusão da sua crença estarão suspensas no Ocidente até que se mostre, na prática, uma solução confiável e duradoura para esse confronto”.

    Hoje, com as informações que dispomos relativas ao comportamento humano, podemos concluir que as atitudes mais ou menos agressivas acabam dependendo muito da índole do indivíduo. A maioria da espécie humana parece tender a boa índole. O problema é que a minoria má é grande demais. Quando o indivíduo se sente liberado à barbárie, não só pela falta da educação, mas principalmente por causa dela ou pela sua cultura religiosa, são os atos dessa minoria altamente numerosa que vão deixar todos em perigo.

    Nesse caso, o ego coletivo pode ser comparado, argumenta Toynbee, ao poderoso e mitológico monstro bíblico Leviatã. Este poder coletivo a mercê das paixões subconscientes escapa à censura pessoal que freia os baixos impulsos do ego. A má conduta, que seria condenada sem hesitação, no entanto, quando o indivíduo transita do singular para o plural, ainda mais sob a instigação de clérigos exaltados amparados por um livro sagrado (Alcorão), encontra a responsabilidade individual em recesso.

    Então, estes, chegam às barbaridades sem culpa alguma, e aqueles que não têm tal inclinação a flor da pele não os condenam Sabem que seus irmãos de crença agiram em cumprimento do livro imutável que orienta a todos. Portanto, ideologicamente devem apoiá-los. Mesmo que essa maioria se sinta constrangida e prejudicada nos seus interesses nas sociedades ocidentais que as abrigam, se veem moralmente contidas. São as sociedades ocidentais que reclamam dos excessos dos seus e não as delas. O Alcorão pode incitar a violência? Dizem que não. Então vejamos alguns versículos de algumas das suas suras.

    Sura 2,193 “E combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Allah”.

    Sura 3, 85 “Quem quer que almeje (impingir) outra religião, que não o islã, (aquela) jamais será aceita e, no outro mundo, essa pessoa contar-se-á entre os desventurados.”

    Sura 5:33 – “O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo”.

    Sura 8:12 “E quando o teu Senhor revelou aos anjos: Estou convosco; firmeza, pois aos fiés! Logo infundirei o terror nos corações dos incrédulos; decapitai-os e decepai-lhes os dedos!”

    Sura 8:13 “Isso, porque contrariaram Deus e o Seu Mensageiro; que Deus é severíssimo no castigo”.

    Sura 7, 4 “Quantas cidade temos destruído! Nosso castigo tomou-os (a seus habitantes) de surpresa, enquanto dormiam, à noite, ou faziam a sesta”.

    Sura 8, 60 “Mobilizai tudo quanto dispuserdes, em armas e cavalaria, para intimidar, com isso, o inimigo de Deus e vosso, e se intimidares ainda outros que não conheceis, mas que Deus bem conhece. Tudo quanto investirdes na causa de Deus, ser-vos á retribuído e não sereis defraudados”.

    Sura 8, 72 “Os fiéis que migraram e sacrificaram seus bens e pessoas pala causa de Deus, assim como aqueles que os amparam e os secundaram, são protetores uns aos outros. Quanto aos fiéis que não migraram, não vos tocará protegê-los, até que o façam. Mas se vos pedirem socorro, em nome da religião, estareis obrigados a prestá-lo, salvo se for contra povos com quem tenhais um tratado; sabeis que Deus bem vê tudo quanto fazeis”.

    Sura 8, 74 “Quanto aos fiéis que migraram e combateram pela causa de Deus, assim como aqueles que os ampararam e os secundaram – estes são os verdadeiros fiéis – obterão indulgência e magnífico sustento”.

    Sura 9, 14 “Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio de vossas mãos, aviltá-los-á e vos fará prevalecer sobre eles, e curará os corações de alguns fiéis”.

    Sura 8, 60 “Mobilizai tudo quanto dispuserdes, em armas e cavalaria, para intimidar, com isso, o inimigo de Deus e vosso, e se intimidares ainda outros que não conheceis, mas que Deus bem conhece. Tudo quanto investirdes na causa de Deus, ser-vos á retribuído e não sereis defraudados”.

    Sura 8, 72 “Os fiéis que migraram e sacrificaram seus bens e pessoas pala causa de Deus, assim como aqueles que os amparam e os secundaram, são protetores uns aos outros. Quanto aos fiéis que não migraram, não vos tocará protegê-los, até que o façam. Mas se vos pedirem socorro, em nome da religião, estareis obrigados a prestá-lo, salvo se for contra povos com quem tenhais um tratado; sabeis que Deus bem vê tudo quanto fazeis”.

    Sura 8, 74 “Quanto aos fiéis que migraram e combateram pela causa de Deus, assim como aqueles que os ampararam e os secundaram – estes são os verdadeiros fiéis – obterão indulgência e magnífico sustento”.

    Sura 9, 14 “Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio de vossas mãos, aviltá-los-á e vos fará prevalecer sobre eles, e curará os corações de alguns fiéis”.

    Sura 9, 111 “Deus cobrará dos fiéis o sacrifício de seus bens e pessoas, em troca do Paraíso. Combaterão pela causa de Deus, matarão e serão mortos. É uma promessa infalível que está registrada na Torá, no Evangelho e no Alcorão. E quem é mais fiel a sua promessa do que Deus? Regozijai-vos, pois, a troca que haveis feito com Ele. Tal é o magnífico benefício”.

    Qualquer semelhança não é mera coincidência com o perfil desses ataques e organizações. O Alcorão incentiva ou não a violência? Fica difícil alegar inocência do islamismo quando ele mesmo depõe contra si ao tentar impor seu ponto de vista.

    O cristianismo já passou por essa fase. Felizmente, a abnegação dos pensadores ocidentais, de todas as épocas, e o iluminismo, na busca constante do aperfeiçoamento, nos ensinou a arte da persistência, pois o pensamento não tem ponto final. Não nos vieram de graça a liberdade de pensamento e expressão que ora desfrutamos. Custou-nos muitas dores, sangue e lágrimas em nossa construção. Devemos muito a memória daqueles que fizeram por onde.

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  2. Antonio disse:

    Seria o tráfico internacional de drogas a “entidade” mais interessada e apta para combater o ISIS?

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    • Carlos Amorim disse:

      Caro,
      o ISIS é denunciado por também participar do tráfico internacional de drogas. Segundo a mídia europeia, fabrica metanfetamina para seus combatentes e para exportação.
      O cenário, se isso for verdade, fica ainda mais complicado,
      abs
      Camorim

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  3. Diana Barros disse:

    Infelizmente, não vejo essa preocupação da Dilma em aprovar a lei, logo ela q achava q o melhor caminho para lidar com eles seria no diálogo e muito menos apoio do próprio partido para a aprovação dessa lei pois iria criminalizar MST e outros movimentos aliados.
    Acho um risco absurdo o Brasil receber as olimpíadas sem uma lei antiterrorista! Vamos ver oq acontece!

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