
Eduardo Bolsonaro, o pivô da crise. Imagem de divulgação.
Governo chinês reage indignado às declarações de Eduardo Bolsonaro, que acusou o maior parceiro comercial do Brasil de ser o responsável pela pandemia do coronavírus. Eduardo Bananinha, como foi definido pelo vice Mourão, aparentemente acredita que a crise sanitária mundial é uma espécie de complô comunista para abalar o Ocidente. O ministro das Relações Exteriores, que deveria baixar a bola, secundou o caçula Bolsonaro e exigiu retratação do governo chinês. Não deve se tratar apenas de burrice política e diplomática: deve ter sido uma declaração para desviar a opinião pública do crescente desgaste do presidente, que encara protestos em todo o país.
Como sabemos, a China é o maior comprador de produtos brasileiros, responsável pelo saldo positivo da balança comercial. Uma retaliação dos chineses a nível de negócios seria fatal para a combalida economia brasileira. Os Bolsonaros desconhecem essa realidade? Não! Foi de proposto. A manobra é clássica no xadrez da política: governos ameaçados internamente procuram fatores externos para escamotear a crise. Mas, neste caso, as consequências podem ser terríveis. Um boicote chinês às exportações de carne brasileiras, por exemplo, com uma desculpa sanitária (tipo febre aftosa no rebanho), poderia levar os produtores à bancarrota, já que o consumo interno não dá conta do recado.
Além da reação da opinião pública e do bombardeio da mídia, a base de apoio político do regime já se vê ameaçada pela reação do agronegócio. Os produtores rurais, proprietários da maior bancada parlamentar e de imensos currais eleitorais, já estão na oposição? Parece que sim. Afinal de contas, apesar do apoio explícito, o governo não lhes deu nada além do que já tinham, a não ser uma flexibilização das políticas ambientais e indígenas. Mas isto é uma faca de dois gumes, porque os importadores europeus exigem comportamentos politicamente corretos em ambos os quesitos. Caso contrário, a opinião pública deles se volta contra os seus próprios governos.
No Brasil, a pandemia e a atuação grotesca de Bolsonaro, à beira a loucura, dividem inclusive a direita. Fora o segmento ideológico numericamente modesto e radical, a maior parte se atém ao resultado econômico (pífio) e não quer saber de adesão incondicional. Além do mais, a classe média, responsável pela eleição do presidente com base no ódio ao PT e a Lula, caminha para uma oposição barulhenta. Vide os panelaços que sacudiram o país.
É bom lembrar: Bolsonaro se elegeu com 39% dos mais de 140 milhões de eleitores. Portanto, não é uma unanimidade nacional. Assustado, o Congresso já discute, em voz baixa, o adiamento das eleições municipais. O voto é a arma do povo!
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
Precisam arrumar culpados! Antes era o PT. Agora a China. A incompetência é assim: não olha o próprio umbigo.
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