Potências ocidentais abandonam Ucrânia à própria sorte. Mas a guerra já envolve quase o mundo todo com armas econômicas e financeiras.  

Inicialmente, a reação das potências ocidentais à brutal invasão da Ucrânia pela poderosa Rússia de Vladimir Putin foi não só covarde, como pífia. Os potentados a oeste da bussola abandonaram a antiga república soviética ao Deus dará. Afinal, quem se interessa por esse país de 40 milhões de habitantes que esteve no rol dos comunistas, com estátuas de Lênin, Stalin e tudo? Assim, na madrugada de 24 de fevereiro, 170 mil homens do exército russo, com 42 brigadas de tanques e blindados, além de centenas de aviões de caça e bombardeios, iniciaram o ataque contra a Ucrânia.   

Depois, os países ligados à OTAN, bloco político-militar liderado pelos Estados Unidos, mostraram as garras para Putin, rasgando o pescoço dele com restrições econômicas jamais vistas. A Rússia dispõe de 600 bilhões de dólares em reservas, mas esse dinheiro está em moedas estrangeiras e em bancos estrangeiros. Foi tudo bloqueado. Há também 100 bilhões de dólares em ouro – e estes valores estariam na China, até agora um território amigo, apesar de que não necessariamente aliado.

Das guerras mundiais recentes – e esta é uma guerra que já envolve boa parte do mundo – nunca as armas econômicas e financeiras foram empregadas com tanto sucesso.          

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Bolsonaro e os temporais!

O presidente sobrevoa Petrópolis. Foto PR

As quase 650 mil mortes causadas pelo Covide-19 não foram capazes de comover o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ele foi ver de perto a tragédia das chuvas em Petrópolis, sobrevoando a cidade a bordo de um helicóptero militar (18 fev). Aliás, o capitão trajava uma espécie de uniforme preto, incluindo pesados coturnos, como se fosse descer na cidade destruída, o que não aconteceu. O momento foi registrado pelo fotógrafo da Presidência da República. A Folha, diário paulista que não gosta de Bolsonaro, estampou a foto na primeira página, amplificando a ironia.

Por que Bolsonaro subiu aos céus para visitar Petrópolis? Em primei o lugar, porque a insensibilidade do presidente já está lhe custando caro nas pesquisas eleitorais; em segundo lugar, porque o Estado do Rio de Janeiro é a principal base eleitoral do presidente. Na eleição de 2018, Bolsonaro venceu em terras fluminenses com quase 69% dos votos válidos no 2º turno, cerca de 5,5 milhões em números absolutos. Ele não poderia deixar de dar uma satisfação a este eleitorado. Obviamente, não se trata de compaixão pelos 170 mortos e 130 desaparecidos no temporal do último dia 15. Bolsonaro, aparentemente, também não teve pena das vítimas da chuva na Bahia, onde 26 pessoas perderam a vida e 31 mil ficaram desabrigadas. Ele foi derrotado na Bahia.

Em Petrópolis, ao que tudo indica, tratou-se de não perder os pontinhos mágicos do IBOPE.   

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Um cheiro de pólvora.

O general Santos Crus. Imagem de divulgação.

Mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro conseguiu tocar fogo no parquinho. Arrumou a maior barafunda com os militares de alta patente, quando nomeou o general de brigada Eduardo Pazuello para um cargo civil (Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência) e mandou avisar que não aceitaria qualquer tipo de punição contra o seu ex-ministro da Saúde por razões políticas. Como sabemos, o general subiu num carro de som e discursou durante uma manifestação a favor do presidente no Rio de Janeiro. Aliás, foi um discurso muito ruim.

                                   O ato, no domingo 23 de maio, é considerado pelo Alo Comando do Exército como uma quebra de disciplina insuportável. Dos 7 generais que integram o órgão, 4 se manifestaram pela prisão do general. Mas o capitão Bolsonaro mandou dizer: na qualidade de comandante-em-chefe das Forças Armadas, vetaria a punição. Seria uma desmoralização completa. A opção foi olhar para o outro lado e absolver o Pazuello das várias violações do código militar que ele cometeu.

                                   Mas a coisa não ficou por isso mesmo. O generalato subiu nas tamancas. O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, demitido por Bolsonaro, escreveu a seus pares em tom de revolta. Disse sentir vergonha da situação a que o Exército havia sido submetido. Opiniões semelhantes ecoam nos quartéis. Comandantes de tropas querem fazer comunicados internos informando que hierarquia e disciplina serão cobradas a ferro e a fogo. Algumas fontes que usam uniformes já me informaram que esta orientação circula na caserna.

                                   O presidente Jair Messias Bolsonaro já disse, ameaçando Joe Biden: quanto as palavras acabam, é hora da pólvora. E há um cheiro de pólvora no ar!

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Ciro Gomes e Suzana Tebet ameaçam vitória de Lula no primeiro turno.

Lula, à frente nas pesquisas, pode não ganhar no primeiro turno.

                    A nova pesquisa do Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (1 set), mostra mais uma vez a incapacidade da união das oposições no Brasil, particularmente das esquerdas. Os números revelam que Lula perdeu 2 pontos percentuais (de 47% para 45%); Bolsonaro, mesmo com toda a gastança de dinheiro público com fins eleitoreiros, não saiu do lugar (32%). Mas Ciro Gomes pulou de 5% para 9% e Suzana Tebet foi de 2% para 5%. Essas subidas repentinas são atribuídas ao horário de propaganda eleitoral na TV e no rádio. O Datafolha também informou que Lula venceria Bolsonaro num eventual segundo turno.

                    A questão é que uma sobrevida de Bolsonaro até o segundo turno, a se realizar em 20 de outubro, reforça o discurso golpista. São mais fake news, mais tempo de rádio e TV (ele tem direito a 2’38) e mais discursos de ódio, mentiras e motociatas. Ou seja: o perigo é maior. Mas as esquerdas não aprendem as lições da história. Depois de tudo, continuam divididas nos detalhes, enquanto a extrema direita age em bloco. Se a coligação de Lula incluísse o PDT de Ciro Gomes, talvez a fatura já estivesse liquidada. E ainda ficam de fora o PCO (Partido da Causa Operária), o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e siglas menores. Avulsas, elas não têm nenhuma chance de sobreviver politicamente.  

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STF manda prender Roberto Jefferson, suspeito de conspirar contra a democracia e pregar a luta armada no país.

Jefferson com arma de guerra. Imagem divulgada por ele.

                              A Polícia Federal prendeu, na manhã desta sexta-feira (13 ago), o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson. Ele é suspeito de atividades contra as instituições democráticas e é investigado em inquérito do Supremo Tribunal. O ministro Alexandre de Moraes mandou prender Roberto Jefferson por acreditar que ele oferece perigo para a investigação. Nas redes sociais, o ex-deputado, segundo a PF, propaga fake news a favor do presidente Jair Bolsonaro, espalhando ódio e pregando a luta armada contra o que chama de “ditadura do judiciário”.  

                              O STF afirma que este homem é inimigo da democracia.

                              Aqui no site já mostramos o ex-deputado exibindo um fuzil AR15A2, calibre 5.56mm, uma arma de guerra de origem norte-americana, que só pode ter chegado até ele por contrabando. Ele insinua que haverá um confronto de grandes proporções no Brasil, supostamente para dar a Bolsonaro poderes discricionários, com o fechamento do STF e do Congresso. O ministro Alexandre de Moraes afirma que Jefferson faz parte de uma organização criminosa que opera na Internet e que deseja  “a destruição das instituições republicanas”. No mandado de prisão, o ministro ordena buscas no sítio dele, no interior do Estado do Rio, onde estava ao ser detido, para encontrar armas. O resultado ainda não foi divulgado.

                              Roberto Jeferson fez parte da base aliada de Lula e foi autor da primeira denuncia do esquema de corrupção conhecido como “mensalão”, passando a ser considerado um traidor pelo PT. A denúncia de Jefferson provocou a demissão do ministro José Dirceu, homem forte do governo petista, e resultou no maior processo criminal já visto no STF, no qual o próprio Jefferson foi condenado.

Esbanjando valentia.

                              O presidente nacional do PTB, partido do “centrão” que dá sustentação política ao atua governo, agora é visto como extremista de ultradireita.

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Negociar, o grande dilema do capitão que quer comandar generais. Agora é o chefe do Centrão.

Bolsonaro muda de estratégia. Foto de divulgação

Bolsonaro, representante maior da direita dita cristã no Brasil, está perto de concluir o projeto de país que sempre sonhou: governado por militares, rompendo os direitos civis e trabalhistas e favorecendo o grande capital. Vende cargos no governo e compra apoio no Congresso. Já tem maioria parlamentar. É capaz de rechaçar qualquer tentativa de impedimento legal. Mentiu para os eleitores quando anunciou uma “nova política”, sem o famoso toma-lá-dá-cá. Agora é o líder do Centrão. Só falta domar a Suprema Corte.  A última resistência contra os desmandos.

Recentemente, mudou de estratégia. Ao invés da agressividade golpista, que poderia não se concretizar por falta de apoio popular e do próprio ambiente militar, redescobriu um substantivo chamado negociação. Quer salvar os filhos acusados de falcatruas e outros abusos, quando a justiça estica os dedos para pegá-los. Sabe que o generalato não sairia em defesa da família por crimes comuns, sob pena de desmoralizar-se para o resto dos tempos.

Bolsonaro, tomado por um surto de lucidez (?), ou por efeito de seus conselheiros, após as fracassadas ameaças de fechar o Congresso e o STF, mira-se no exemplo daqueles que sobreviveram negociando, como José Sarney, Michel Temer e o próprio Lula. Até Fernando Collor sobreviveu na política, apesar de renunciar ao governo. Ainda é senador da República, eleito livremente pelo povo de Alagoas. Os amplos acordos que firmaram na vida pública os salvaram, assim como às suas famílias. É bom ressaltar que as acusações contra Lula e Lulinha, além de Dona Marisa, nunca se comprovaram. E agora a Suprema Corte pode desautorizar o ex-juiz Sérgio Moro e absolvê-lo no caso do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. As provas nos processos seriam muito fracas ou inexistentes.  

Dilma Rousseff, que não sabia negociar e tinha comportamento arrogante, sofreu uma derrota arrasadora por conta de falsos crimes de responsabilidade, as pedaladas fiscais, mais tarde absolvidos pela justiça. Contra ela se ergueu o que havia de pior na política brasileira, o chamado Centrão, comandado por Eduardo Cunha. E não é que o capitão Bolsonaro se socorre justamente com o Centrão? É ou não é um estelionato eleitoral? Quem votou achando que o capitão representava a luta contra o PT e a corrupção no país, o maior câncer da brasilidade, enganou-se redondamente. Ele não só não tem nenhum projeto contra a corrupção, como tenta salvar o 01, acusado de uma forma pequena de corrupção chamada ‘rachadinha’, quando o parlamentar recebe de volta uma parte do salário dos auxiliares. É como roubar o dinheiro do estacionamento.  Medíocre até para bandidos. Um crime vagabundo em um país onde as elites surrupiam bilhões de reais por ano a olhos vistos.

Naquela reunião ministerial, que mais parecia uma conversa de botequim, Bolsonaro só mostrava preocupação com a família e amigos indeterminados, enquanto a pandemia ceifava vidas em massa. A divulgação do vídeo da reunião, autorizada pelo ministro Celso de Mello, do STF, foi o mais grandioso gesto de oposição visto até agora. A Corte é uma trincheira democrática que precisa, aos olhos da extrema direita, ser desmontada a qualquer preço. Mas não há como mandar prender os ministros sem rasgar todo o ordenamento jurídico do país. E isto o país e o mundo não aceitam, porque representaria romper todos os contratos vigentes e anular milhões de decisões judiciais.

Portanto, cabe negociar. Ou comprar todos os compráveis.    

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Bolsonaro e o golpe militar lembram a fábula de “Pedro e o Lobo”. “Chega, porra!”, vocifera o presidente, como se os tanques fossem sair às ruas no dia seguinte. E nada acontece.

                                  Pedro e o Lobo é uma história infantil, baseada em conto popular, contada através da música. Foi composta por Serge Prokofiev em 1936, com o objetivo pedagógico de mostrar às crianças as sonoridades dos diversos instrumentos. Cada personagem da história (o Pedro, o lobo, o avô, o passarinho, o pato, o gato e os caçadores) é representado por um instrumento diferente. Mas a fábula também tem significado objetivo, a respeito da verdade, da mentira e suas consequências. Pedro é um garoto, pastor de ovelhas. Quando se sentia muito entediado, costumava gritar: “Olha o lobo!”. Os camponeses se armavam com pás, enxadas e picaretas. Mas não tinha lobo nenhum. E Pedro ria.

                                   Um dia, o lobo apareceu, mas ninguém acreditava mais na ameaça. E Pedro foi gravemente ameaçado pelo predador.

                                   Jair Bolsonaro faz o mesmo. Toda vez em que é contrariado em sua brincadeira de governo, ameaça com o golpe militar, o fechamento do Congresso e do STF. Costuma dizer: “Já basta!” e “Chega, porra!”, como se os militares fossem sair imediatamente à ruas para proteger o governo e garantir a impunidade de seus filhos, acusados de inúmeros mau-feitos, de corrupção pura e simples (a rachadinha) ou de fake news e fraude eleitoral. Mas não acontece nada. A caserna continua em silêncio. A esteira dos blindados não rola sobe o país.

                                   O Congresso Nacional decreta luto oficial no país pelos mortos da Covid-19 à revelia do presidente. O Judiciário quebra o sigilo bancário e fiscal de 11 parlamentares, incluindo um senador, envolvidos com o governo, e mete na cadeia extremistas bolsonaristas. E o lobo não aparece. A grande mídia desanca o presidente e o governo. E nada acontece. A oposição pede a prisão do Ministro da (des)Educação e fica por isso mesmo, sendo que no STF há uma forte inclinação para mandar às barras o Sr. Weintraub, que chamou os ministros da Suprema Corte de “vagabundos”. E o lobo continua dormindo.

                                   É bom lembrar que o lobo quase come o Pedro na fábula. E que ele não teve nenhuma ajuda. Quem garante que um golpe militar manteria o capitão no poder?     

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Família Bolsonaro insufla golpe militar: “Acabou, porra!” – diz o presidente, sinalizando que está na hora de agir contra o Congresso e o STF. Generais respondem: “não vai haver golpe nenhum!”.

 

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Bolsonaro prega golpe. Militares respondem .Imagem do portal Amazonas. 

                                  O general Santos Cruz, que já integrou o governo Bolsonaro e é considerado uma das vozes mais ativas na caserna, declara na primeira página de O Estado de S. Paulo: “As Forças Armadas são permanentes e não se confundem com governos, que são passageiros”. O general Hamilton Mourão, vice-presidente, também na capa do  jornalão paulista, diz que golpe militar “está fora de cogitação”. Os comandantes-em-chefe das três armas seguem em silêncio.

                                   Enquanto isso, Jair Bolsonaro vocifera contra os poderes constituídos. Como o Supremo Tribunal decidiu que vai continuar com o inquérito que apura o esquema das fake news no país, supostamente coordenado por um “Gabinete do Ódio”, instalado com sala e tudo no próprio Palácio do Planalto e comandado pelo filho 03, Carlos Bolsonaro, o Carluxo, o capitão perdeu as estribeiras mais uma vez. Agora diz que “chega”, como se tivesse perdido a paciência. “Acabou, porra!”, como na iminência de um autogolpe. Tudo parece só mais um delírio do presidente, porque a realidade do país, castigado pela pandemia, não indica nada disso.

                                   Não há multidões nas ruas apoiando o presidente-capitão, a não ser pequenas manifestações de alguns militantes radicais. Aliás, trata-se de um ex-capitão paraquedista do Exército, já que foi processado pela Justiça Militar em 1987, supostamente acusado de terrorismo, e deu baixa. Tecnicamente, não é mais militar. Mas gosta da assim se definir. Aliás, de novo: na campanha eleitoral de 2018, apropriou-se do slogan da Brigada Paraquedista do Exército: “Brasil acima de tudo – Deus acima de todos”.

                                   No ambiente militar, Jair Messias Bolsonaro faz sucesso na baixa oficialidade e entre cabos e sargentos. Mas é visto com extrema desconfiança nos altos comandos. O discurso vociferante do presidente preocupa o generalato, porque o Brasil, uma das dez maiores economias do mundo (pelo menos até a pandemia), tem compromissos internacionais. Os ataques do chanceler Ernesto Araújo contra a China, maior parceiro comercial do país, assusta todo mundo e ameaça colocar o agronegócio brasileiro na oposição. As falas estapafúrdias de Abraham Weintraub, ministro da Educação, estão a ponto de criar uma crise diplomática com Israel. Ele já disse que o nazismo era de esquerda e pediu a prisão “daqueles vagabundos do STF”.

                                   Outra voz ativa do governo, a ministra Damares Alves, dos Direitos Humanos, na famosa gravação da reunião ministerial de 22 de abril, pergunta idiotamente: “não dá para prender governadores e prefeitos?”. Eduardo Bolsonaro, o filho 02, chegou a pregar uma reedição do AI-5 no país, caso a esquerda decida radicalizar. Qual esquerda iria radicalizar? Apoiadores do presidente afirmam que estamos na iminência da “tomada do poder pelos comunistas”. Quais? Onde? Para responder à última pergunta, radicais apoiadores de Jair Messias garantem que os russos vão invadir o Brasil a partir da Venezuela. E Vladimir Putin pode ser considerado comunista? É tudo uma sandice total!

                                   No entanto, o discurso do ódio segue mantendo apoiadores. Os institutos de pesquisa de opinião informam que a rejeição ao presidente aumenta. Mas também afirmam que a base de apoio continua firme em torno dos 33%. Historicamente, o PT tinha 34% de apoio. E elegeu Lula na quarta tentativa à presidência. Não é de espanar que Jair Messias Bolsonaro chegue à eleição presidencial de 2022 com grandes chances de vencer.

                                   Quem viver verá!

                                                          

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Extremista de direita, alvo de operação da Polícia Federal, ameaça ministro do STF. Sara Winter comanda o grupo “Os 300 do Brasil”, considerado milícia armada.

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A líder do grupo “Os 300 do Brasil”. Foto do arquivo pessoal de Sara Winter.

                                     O nome dela é Sara Fernanda Giromini. Tem 27 anos e se denomina blogueira e escritora. Já foi ativista feminista, contra o cristianismo e a favor da homossexualidade e do aborto. Fundou o Femen Brasil, réplica tupiniquim do famoso movimento radical de mulheres ucranianas. Depois de sofrer um aborto, como escreveu em um livro, converteu-se ao bolsonarismo e tentou uma candidatura a deputada (Dem-RJ). Não foi eleita. Nome de guerra: Sara Winter.

                                   Na manhã desta quarta-feira (27 maio), ela foi um dos 29 alvos da Polícia Federal no inquérito que investiga as fake news no país. O mandado de busca e apreensão contra Sara foi assinado pelo ministro Alexandre de Morais, do STF, que apura o funcionamento do chamado “Gabinete do Ódio”, uma “organização criminosa”, segundo o ministro, que seria responsável pela divulgação de mensagens falsas contra opositores do governo Bolsonaro. A PF apreendeu o celular e um notebook da militante de extrema direita.

                                   Indignada com a ação policial, xingou o Ministro Alexandre de Morais de “esse filho da puta de arrombado”. Acrescentou que gostaria de “trocar uns socos com ele”. E ameaçou: “O senhor não terá mais paz. Vamos descobrir os lugares que o senhor frequenta”. Até agora, seis e meia da tarde, não foi presa por ameaçar um ministro da Suprema Corte.

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                                   Sara Winter aparece em fotos abraçada com o presidente Jair Bolsonaro e com a ministra Damares Alves. É tida como importante líder ultraconservadora e comanda o acampamento “Os 300 do Brasil”, instalado no centro de Brasília. O Ministério Público do DF classificou o acampamento como “grupo armado paramilitar” e pediu à justiça que revistasse e interditasse o local. Mas o caso caiu nas mãos de uma juíza da Vara da Fazenda Pública. A meritíssima disse que não era com ela. Provavelmente, não era mesmo. E ficou assim.          

                                    Sara declarou a jornalistas da Folha de S. Paulo que havia armas no acampamento, “apenas para proteção do pessoal”. E foi isso que desencadeou a ação do MPDF. Em várias entrevistas, a militante explicou os motivos da sua luta: contra o comunismo, a ditadura do Judiciário, contra o aborto e as drogas. O grupo “Os 300 do Brasil” realiza treinamentos paramilitares e tem um programa de recrutamento. Não se sabe quem financia o movimento, mas Sara Winter trabalhou no ministério de Damares Alves.   

 

 

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A tubaína e o novo milagre brasileiro.

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A construção da Transamazônica. Imagem do Portal R7.

                        A performance pública do presidente Jair Messias Bolsonaro arrepia o mundo civilizado. Já foi considerado o maior inimigo do combate à pandemia, entre todas as Nações. Aqui ele faz piadas sobre a mortandade, diz que “a direita toma cloroquina, e a esquerda… toma tubaína”. Na verdade, nos acampamentos bolsonaristas, as pessoas tomam até remédio contra piolhos. Já vimos isso nos Estados Unidos, quando Donald Trump, o Bolsonaro do Norte, mandou tomar detergente e houve um elevado índice de intoxicação no estado de Nova York.

                        A tubaína, além de um refrigerante muito popular no interior, era o apelido de um método de interrogatório durante a ditadura, quando uma mangueira era enfiada pela boca do preso e provocava afogamento. “A direita toma cloroquina e a esquerda… toma tubaína”, disse o presidente entre gargalhadas. (Não custa repetir.) Não é a primeira vez que ele elogia a tortura. Coisas como essa correm o mundo, saem na primeira página dos jornais. Bolsonaro é o chefe de Estado mais citado do mundo, por motivos negativos. Agora colocou o Exército Brasileiro no vergonhoso papel de polícia contra ambientalistas – e até contra o Ibama – favorecendo grileiros, madeireiros e garimpeiros clandestinos.

                        Em todo o planeta, com a quarentena, diminuiu a emissão de carbono, o principal poluente. Menos no Brasil, por causa de um aumento de 51% nas queimadas e desmatamentos em áreas de proteção ambiental. Lá em 1969, o general-presidente Arthur da Costa e Silva tinha afirmado que a Amazônia seria “domada” pelas patas do gado. O sonho do regime militar de um Brasil Grande incluía rasgar a floresta com enormes rodovias, como a Transamazônica e a Perimetral Norte, pontos de partida para um projeto de assentamento de sitiantes e fazendeiros. Foram distribuídos dezenas de milhares de títulos de terra. Depois os pequenos proprietários foram engolidos, às vezes a bala, por grandes latifundiários associados aos bancos. Até o asfalto da minha rua sabe que a emenda saiu pior que o soneto.

                        Agora, décadas depois, o projeto ganha novo fôlego com a autocracia do capitão Messias. Um Messias que já sabemos, de voz própria, que não faz milagres.                  

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