Acabo de ler um livro que recomendo a todos vocês. Trata-se de “Segredo de Estado: o desaparecimento de Rubens Paiva” (Objetiva, 2011), do jornalista Jason Tércio. Apesar do tratamento de romance, o livro se baseia em larga pesquisa sobre a vida, a prisão e a morte do ex-deputado federal do PTB, amigo e apoiador de João Goulart. Rubens Paiva foi cassado logo nos primeiros momentos do regime militar, através do Ato Institucional 1 (AI-1), que eliminou, de uma só vez, mandatos de 100 parlamentares. Após perder o cargo, afastou-se da política, mas manteve relações de amizade com opositores do regime.
Empresário, filho de fazendeiros paulistas, Rubens Paiva era um nacionalista com tendências esquerdistas. Nunca foi comunista e muito menos representava uma ameaça à ditadura. Era contra a luta armada e o terrorismo desencadeados pelas organizações de esquerda contra os militares. Mesmo sabendo que os revolucionários lutavam contra o terrorismo de Estado da ditadura. Paiva teve a sua casa invadida (Av. Vieira Souto, no Leblon, de frente para o mar) por 9 agentes do Cisa (Centro de Informação e Segurança da Aeronáutica), uns boçais que, segundo o autor, chegaram a apreender um exemplar de “Chapeuzinho Vermelho” na biblioteca do ex-deputado. Depois foi transferido para o DOI-CODI, o centro de torturas da Rua Barão de Mesquita, na Tijuca, sede do 1º. Batalhão de Polícia do Exército.
Rubens Paiva era considerado pelos militares como “um peixe grande da guerrilha comunista”, quando jamais foi comunista e muito menos guerrilheiro. Seus grandes crimes foram se manter fiel aos amigos do tempo do Jango, com quem conversava em casa e caminhava pela praia, e receber correspondência de exilados brasileiros no Chile. Era um burguês de vida mansa, fumava charutos importados e bebia dry martines. Além disso, foi acusado de dar fuga a uma militante do MR-8, envolvida no sequestro do embaixador americano no Rio. Isso talvez seja verdade.
Rubens Paiva foi espancado, passou pelo pau-de-arara, sofreu choques elétricos e morreu de hemorragia interna. O corpo do ex-deputado nunca foi encontrado. Esta é a história que vocês vão ver em “Segredo de Estado”, de Jason Tércio. Imperdível.

O ex-deputado Rubens Paiva
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.