Se as eleições presidenciais brasileiras fossem hoje, segundo o IBOPE, Dilma Rousseff poderia vencer no primeiro turno. No entanto, a matemática da pesquisa omite o resultado, deixando a conclusão para o público mais informado.

Nova pesquisa de opinião pública sobre as eleições presidenciais brasileiras, realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) a pedido da TV Globo, mostra um cenário favorável a Dilma Rousseff. Candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (o PT, há quase 12 anos no poder), ela poderia vencer ainda no primeiro turno. Curiosamente, o IBOPE não diz isso. Apenas coloca os números, deixando ao público mais informado a decisão de fazer as contas direitinho. Vale a pena conferir o resultado.
Em um país de 203 milhões de habitantes, com cerca de 140 milhões de eleitores, o IBOPE entrevistou 2.5 mil pessoas. E construiu o universo estatístico da pesquisa a partir de ínfimos 0,005% daqueles aptos a votar. Desconfiar dessa matemática não parece exagerado. O IBOPE, aliás, já errou muito, dando margem a suspeitas a respeito do caráter “científico” das avaliações eleitorais. Quase na mesma proporção, também acertou muitas vezes. E crava o resultado na chamada “boca de urna”, quando entrevista eleitores que já votaram. Aí, o IBOPE é imbatível: acerta até nos decimais.
Nos resultados divulgados hoje (8 ago) na Web, o IBOPE omite a soma dos resultados. Por que? Talvez para estimular o público a fazer um dever de casa. Ou seria por outra razão qualquer? Influir na vontade das pessoas, por meio da maior emissora de televisão do país? Não sejamos pessimistas a esse ponto. É melhor dar uma olhada bem de perto nos números, como conferimos a seguir:
Dilma (PT): 38%
Aécio Neves (PSDB): 23%
Eduardo Campos (PSB): 9%
Pastor Everaldo (PSC): 3%
Outros candidatos: 3%
Nulos e brancos: 13%
Engraçado: a soma dos candidatos, mais brancos e nulos, não completa 100%. Fica em 89%. Os 11% restantes não quiseram opinar? O IBOPE, ao menos no que aparece no portal Terra, da Web, não esclarece o detalhe. Na real, seria algo parecido com 1.600.000 eleitores, só na diferença. Mas não sejamos alarmistas. Não vi as tabelas originais do IBOPE e escrevo a partir do que foi publicado. Vamos em frente com a matemática: os candidatos, somados, representam 76%. Brancos e nulos, pela legislação brasileira, são descontados. Desse modo, levando em conta os números do IBOPE, para vencer a eleição no primeiro turno, Dilma Rousseff precisaria 38% dos votos mais um. Ou seja: ganharia a eleição. Mas o IBOPE não fez essa conta para o público.
Não sou eleitor de Dilma ou do PT. Na verdade, não voto desde 1989, quando Fernando Collor se elegeu presidente do Brasil. Prefiro pagar uma multa no TRE, a cada eleição, cerca de 1,7 real, do que me responsabilizar por essa gente. Dessa maneira, minha opinião neste post não é a opinião de um eleitor, mas de alguém preocupado com o país. Vamos conferir mais alguns dados da pesquisa IBOPE, sobre a aprovação popular do governo Dilma Rousseff, na qual o instituto também não somou os números. Acompanhe:
Ótimo ou bom: 32%
Regular: 32%
Ruim ou péssimo: 31%
Não opinara: 5%.
Ou seja: 64% dos entrevistados aprovam o governo de Dilma Rousseff, porque o campo de aprovação soma ótimo, bom e regular. Se descontarmos aqueles que não opinaram (5%) o número é ainda maior, superior, inclusive, aos de Barak Obama e de outros governantes pelo mundo. Aqui, na América do Sul, nem se comparam.
Por que a mídia brasileira não esclarece essas questões? Algum problema com a matemática? Eu mesmo fui um péssimo estudante, mas isso não me impede de fazer algumas reflexões. E você? Será que jornais, revistas e televisão brasileiros estão comprometidos com a oposição a Dilma? Parece quase inacreditável. Mas pode ser verdade. Ou não? Se tiver cometido algum erro matemático nesse post, relevem. A intenção foi boa. No entanto, matemática é alguma coisa muito complicada, tão complicada que pode despertar suspeitas. E se você, leitor, não concordar com essas opiniões, por favor, questione.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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