Assassinato de jornalista americano na Síria foi filmado e o crime covarde dedicado a Obama. Terrorista do grupo ISIS decapitou o repórter na frente das câmeras e declarou, em inglês perfeito: “Isto é para você, Barak Obama, pelos massacres cometidos contra o povo muçulmano”.

O crime. Imagem  divulgada na internet.

O crime. Imagem divulgada na internet.

                    A divulgação de um vídeo registrando o momento da decapitação de um repórter fotográfico americano, sequestrado por radicais islâmicos há dois anos, quando o jornalista James Foley cobria a guerra civil na Síria, estarreceu o mundo. As imagens de alta definição foram exibidas pela internet e mostram o jornalista de joelhos. O algoz aparece armado com uma faca e com o rosto coberto por uma touca ninja. Não tenho coragem de exibir a cena completa. São vários minutos de horror absoluto. Os  leitores deste site não merecem tamanha brutalidade. Assistir a tamanha barbárie, para mim, foi um sofrimento, uma tortura. Infelizmente, ossos do ofício.

                    Não se sabe exatamente quando o crime ocorreu – nem onde. A cena dantesca teria sido gravada há poucos dias em um deserto, provavelmente numa das áreas conquistadas pelo ISIS (uma sigla que significa “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, em inglês), supostamente na Síria. Os terroristas do ISIS, grupo ultrarradical dissidente da Al-Qaeda, já ocuparam mais de 50 cidades sírias e iraquianas, anunciando ao mundo que estão construindo o “Califado do Levante”, cuja intenção é a guerra santa – o jihad – contra o Ocidente. Este reinado de terror já executou centenas de pessoas, talvez milhares, algumas das quais foram enterradas vivas.

                    A CIA e os serviços militares de inteligência britânicos já declararam que o vídeo é autêntico. Ou seja: imagens reais de um assassinato a sangue frio. O fotógrafo James Foley, antes de morrer, fez breve declaração dizendo que havia sido abandonado por seu governo. Estava tão tranquilo, que parecia drogado. Mas o que chamou mais atenção foi a qualidade do inglês empregado pelo terrorista na cena do crime. Analistas do Reino Unido acreditam que ele estudou na Inglaterra ou que é mesmo um cidadão britânico. E o terrorista deixou bem claro que a morte do jornalista era uma represália aos ataques da aviação americana contra o ISIS, iniciados há duas semanas. E pode provocar um novo engajamento dos ingleses na luta, não por terra, com soldados, mas pelo ar, com foguetes e aviões.

Os pais de James Foley. Foto AP.

Os pais de James Foley. Foto AP.

                    O novo episódio de violência no Oriente Médio, verdadeiro espetáculo de mídia, ofusca o massacre de palestinos praticado por Israel. E quase o justifica, porque se trata do mesmo inimigo: o radicalismo islâmico. Gente que corta a cabeça de um inocente merece o castigo de bombardeios indiscriminados sobre escolas e hospitais? Estamos diante de uma nova escalada de violência na região? Com certeza, estamos! É bom frisar: isto corresponde exatamente à estratégia do ISIS, a guerra total contra o Ocidente – todos nós. Para atingir tais objetivos, o que é a morte cinematografada de um tal de James?

                    E o que faz um jornalista independente em tamanho conflito? Certa vez, quando o repórter brasileiro José Hamilton Ribeiro pisou numa mina no Vietnã, perdendo uma das pernas, o fotógrafo que o acompanhava declarou: “como seria tudo isso se nós não estivéssemos por aqui?” A frase explica tudo.  

Repórter brasileiro ferido no Vietnã, autor do livro "O gosto de Guerra1.

Repórter brasileiro ferido no Vietnã, autor do livro “O Gosto de Guerra”.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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5 respostas para Assassinato de jornalista americano na Síria foi filmado e o crime covarde dedicado a Obama. Terrorista do grupo ISIS decapitou o repórter na frente das câmeras e declarou, em inglês perfeito: “Isto é para você, Barak Obama, pelos massacres cometidos contra o povo muçulmano”.

  1. José Antonio Severo disse:

    A decapitação do jornalista norte-americano deve provocar mudanças na posição hipócrita dos observadores da crise síria. As tropelias do ISIS já causavam espanto, mas, ao mesmo tempo, davam alguma tranquilidade às grandes potências. Enquanto os defensores do califado estivessem dando tiros no Levante não estavam nem em Nova York, nem em Londres ou Paris soldando bombas. Nos desertos da fronteira sírio iraquiana há um verdadeiro “terroristódromo”, campo de férias para todos os radicais islâmicos do mundo para lá vão lutar para impor sua fé, deixando as capitais ocidentais em paz. Agora mataram o jornalista na frente das câmaras, Tal como ocorreu na Nicarágua, quando um soldadinho do Somoza disparou na cabeça de outro jornalistas norte-americano diante de uma câmara ligada, isto pode ser o ponto de inflexão para a passividade dos líderes políticos . Aquilo derrubou o ditador centro-americano. Agora vêm os fundamentalistas do califado abrir a guarda.Veremos. Esses islamitas fanáticos chamam as tropas de intervenção das “coalizões” intervencionistas de “cruzados”. Será que vão ter razão de em pregar com esse nome? O Papa Francisco já está fazendo um chamamento, por enquanto falando em paz, mas logo pode evoluir para algo mais parecido com o chamamento de Urbano II. Esperemos para ver como isto evoluirá.

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  2. Edivaldo Alves Geovani disse:

    eu afirmo que isso nao passa de um golpe para o usa começa mais um guerra por lá olha só as maos desse cara eu as reconnheceria na honde fosse e o lado que ele olha repare no lado direito dele nos olhos seria facil reconhecido por foto eu o reconheceria na hora as veias da mao é como uma digital só a pessoa tem me manda fotos de terrorita que eu o acho na foto eu garanto enganaçao pra fase os usa fase mais guerra quem na ve issso se o obama nao ve ele e burro.. aceita provocaçao e ok els quer só isso….

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  3. o gosto de uma guerra na boca desses homes que diz ser lideres de uma nação é como o mel em suas entranhas por que são homes diabolicos, crues, já estão nas maõs do inferno a muito tenpo mas sertamente dará conta de seus atos á um ser que é maior que eles que é Deus e ai meus amigos esses tais homes verão oque é o inferno vão preferir não ter nacido.

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