
Pedrinhas tem fama de ser o pior presídio do mundo.
Mais um espetáculo macabro no Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas, em são Luís do Maranhão. Ao amanhecer desta segunda-feira (27 abril), o detento João Batista Veloso dos Santos foi encontrado morto em uma das celas. A polícia diz que ele foi enforcado. É o terceiro homicídio dentro da cadeia só este ano. Pedrinhas, considerada a pior penitenciária do país e talvez do mundo, dá seguidas mostras de que ali não há governo nem administração penal.
Em 2013, as facções criminosas que dominam o presídio mataram 47 detentos rivais. Houve rebeliões e depredações no interior do presídio. O estado não tomou nenhuma providência. Em 2014, novo banho de sangue: 14 presos foram executados nas celas e corredores de Pedrinhas. Dessa vez, o terror foi total, com decapitações e esquartejamentos. Os presos rebelados tinham facas e (dizem) armas de fogo. Com um celular, filmaram toda a selvageria. A as imagens correram o mundo, envergonhando o país. E justificando a fama de que no Patropi não há respeito às condições humanas.

Rotina de violência nas cadeias brasileiras.
Por dever profissional, vi as cenas que os presos gravaram. Mas não tenho coragem de reproduzi-las aqui no site. Estão muito além da obrigação jornalística de informar. Quem tiver estômago pode encontra-las em:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1394160-presos-filmam-decapitados-em-penitenciaria-no-maranhao-veja-video.shtml
A violência desmedida em Pedrinhas resultou em intervenção da Força Nacional de Segurança, ligada ao Ministério da Justiça, no ano passado. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) produziu um relatório denunciando as péssimas condições da cadeia: superlotação, imundice, comida estragada, violência cotidiana. Mas o governo local respondeu dizendo que eram “inverdades”. A situação miserável de Pedrinhas foi apontada no estudo sobre violações dos direitos humanos da Anistia Internacional. Ou seja: mais lixo sobre a imagem nacional.

A ex-governadora Roseana Sarney: “inverdades”.
O problema tem solução? Tem. Mas é preciso um governo que enfrente essa porcaria toda no sistema prisional brasileiro. No entanto, infelizmente, somos um país que não constrói escolas e hospitais, quando mais presídios.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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