Dilma diz que não vai renunciar, defende Lula e garante: “tem gente querendo se promover”, numa referência ao Ministério Público e à Lava-Jato. O PMDB avisou que não vai deixar os 7 ministérios que ocupa no governo.

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Dilma diz que não tem gênio para resignação. Foto Agência Brasil.

                                   A presidente Dilma Rousseff deu entrevista coletiva no Planalto. Nesta sexta-feira (11 mar), todo mundo achava que falaria sobre a tragédia das chuvas em São Paulo, que pode chegar a 28 mortos, dos quais 18 já foram encontrados. Nem uma só palavra sobre isso. Dilma, na verdade, queria falar de política: garantiu que não renuncia, fez uma longa defesa de Lula, a quem chamou de uma das maiores lideranças políticas do país e vítima de uma injustiça. Nas entrelinhas, deu a entender que tem gente querendo se promover com a crise, numa referência velada ao Ministério Público e à Lava-Jato.

                                   Se o assunto era a política, porque evitou os temas centrais? Não falo nada sobre a convenção do PMDB, o maior partido da base aliada, marcada para amanhã. E também não c0nfirmou, nem desmentiu, as notícias da nomeação Lula como ministro de seu governo. Assim, deixou para os chamados observadores a análise desta coletiva de imprensa. Então, vejamos:

                                   O PMDB, a agremiação política mais “elástica” do Brasil, capaz de se moldar a qualquer situação, já adiantou que não vai deixar os ministérios que ocupa no governo – nem formalizar um rompimento com Dilma na convenção deste sábado. Pretende anunciar uma posição “independente”, porém sem largar as tetas. E o que isso vem a ser: deve liberar seus parlamentares para votar como acharem melhor em questões decisivas, como o ajuste fiscal e o impeachment. Com isso quer evitar uma divisão formal dentro do partido, que já está rachado em pelo menos três partes: os que apoiam Michel Temer; os que apoiam Eduardo Cunha; e os que ainda dão suporte ao Planalto.

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A última renúncia de um residente foi um desastre.

                                   Quanto a Lula integrar o ministério petista, não seria exatamente para evitar o juiz Sérgio Moro, já que ele passaria a ter foro especial no Supremo Tribunal Federal. Isso pode ser útil ao ex-presidente, mas a essência é outra: Lula é um negociador, um articulador político que pode fazer a diferença neste momento tão confuso da vida nacional, particularmente no Congresso. Ele poderia renegociar com os interesses da base aliada e conquistar outros apoiadores, tratando ainda de pacificar o próprio PT. Lula tem as credenciais necessárias. Como disse a comentarista de política da Globonews, Cristiana Lobo, é a “bala de prata” do governo, uma última tentativa de equilibrar o jogo político.

                                   E o jogo político é tão complicado, que a própria oposição teve que sair em defesa de Lula, diante do pedido de prisão preventiva do ex-presidente, feito pelo Ministério Público paulista. Lula foi denunciado por organização criminosa, falsidade ideológica, ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. O cenário pode complicar ainda mais, a depender do tamanho das manifestações populares previstas para este domingo (oposição) e para o próximo (apoio a Dilma).

                                   É esperar e ver o bicho que vai dar.   

        

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Uma resposta para Dilma diz que não vai renunciar, defende Lula e garante: “tem gente querendo se promover”, numa referência ao Ministério Público e à Lava-Jato. O PMDB avisou que não vai deixar os 7 ministérios que ocupa no governo.

  1. Diana disse:

    Lula, o salvador ou articulador!!????? por favor!

    Não Seria para fugir do Moro ou da justiça? E quem faz isso é bandido.

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