Gilmar Mendes toma goleada no STF: por 10 votos a favor e 1 contra (do Gilmar), Suprema Corte manda seguir denúncia de Janot contra Michel Temer. Acusação: obstrução à justiça e crime organizado. É a primeira vez que o chefe do governo é acusado de comandar uma facção criminosa.

 

general augusto heleno 01

O general Augusto Heleno.

Quando publiquei “Assalto ao Poder” (Editora Record, 2010), afirmei que o crime organizado pretende a tomada do poder. Fui chamado de exagerado. Agora a Procuradoria-Geral da República diz que Michel Temer, presidente do Brasil, comanda uma organização criminosa. A decisão do STF, tomada na tarde de hoje (21 set), dá prosseguimento à denúncia feita por Rodrigo Janot. E dá a entender que faz sentido e merece ser investigada. Ou seja: o crime organizado pode já ter  chegado ao poder na terra brasilis.

                                   A decisão da Suprema Corte, quase unânime, se não fosse pelo voto de Gilmar Mendes, será enviada ainda hoje para a Câmara dos Deputados. Pela Constituição Federal, os deputados têm que autorizar o processo criminal contra Temer. O mais provável é que não autorizem, porque a maioria temerista na Câmara deve rejeitar as acusações, sem investigá-las. Só que isso aumenta o desgaste político do governo e a rejeição da opinião pública. E muitos deputados governistas temem a reação dos eleitores no ano que vem. Precisam do mandato para estar protegidos da justiça.

                                   E já começou a barganha de cargos e vantagens para rejeitar a segunda denúncia da PGR. É o famoso toma-lá-dá-cá. Confirmando a tese de que é dando que se recebe. Atestando o total apodrecimento do sistema político. Um presidente postiço, que fez aquele discurso patético na ONU, sobre um país das maravilhas que não existe no mundo real, vai sobreviver às novas acusações. Em troca da liberação do dinheiro público para uma classe política que nos envergonha.

                                   Enquanto isso, cresce a agitação no meio militar. Os generais Antônio Mourão e Augusto Heleno, que representam o pensamento das casernas, fizeram pronunciamentos públicos ameaçando uma intervenção das Forças Armadas se o judiciário não for capaz de lidar com os corruptos. O próprio comandante-em-chefe do Exército, o general Villas-Bôas, em entrevista a Pedro Bial, na TV-Globo, disse que não haveria punições para esse tipo de manifestação de opinião política. De forma lateral, endossou tais opiniões.

                                   E qual seria o projeto golpista dos militares? Na minha opinião, seria o seguinte: afastam Temer, Rodrigo Maia e Eunício de Oliveira; dão posse à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Carmem Lúcia. Em seis meses, ela convocaria eleições diretas. Mas este parece ser um cenário de ficção. Na realidade, Michel Temer deve concluir o mandato. Só que não governa nem mesmo a própria base aliada.   

 

       

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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