
PT achou que seria fácil vencer o capitão no segundo turno. Imagem TVT.
Já começou o toma-lá-dá-cá dos políticos com Jair Bolsonaro. Geraldo Alckmin está sendo traído pelos aliados em busca de cargos e privilégios no novo governo. PSDB e DEM, os maiores partidos da coligação tucana, estão rachados e podem até se dividir formalmente. É a velha porcaria de sempre. O capitão diz que em seu governo não haverá leilão de cargos, mas, nos bastidores, arregimenta o maior número de apoiadores que pode conseguir. A que preço? A tropa até acredita em vitória no primeiro turno, algo bem difícil.
É claro que o jogo não acabou. Mas a chance de Bolsonaro ganhar aumenta a cada dia. Agora o PT luta para manter o nariz acima de 20% nas intenções de voto e assegurar participação no segundo turno. E o segundo tempo será ainda pior para os petistas, já que podem esperar o “efeito manada” rumo a Bolsonaro. Agora os assessores de Haddad, como publicou Helena Chagas, querem mudar a estratégia: atacar o capitão fortemente, algo que não fizeram antes. O PT achava que Bolsonaro era problema para Alckmin – e que seu eleitorado não seria afetado por ser fiel. Nos bons tempos, a base eleitoral petista era de 34%; hoje gira em torno dos 20%. Desastre à vista!
A candidatura de Jair Bolsonaro, apesar de não ter programa claramente definido, tem consistência política em razão da massa de eleitores que está arrebanhando. Isso não pode ser negado. Além do mais, o candidato do PSL, partido minúsculo até então, rompeu mitos eleitorais consolidados nas últimas três décadas. Os mais importantes eram: eleição se ganha na TV – e a vitória é obra de marqueteiros. O capitão tem apenas 8 segundos de tempo no horário eleitoral e o marketing dele é apenas vociferar. No segundo turno, passa a ter 10 minutos na TV e no rádio.
Como dizia Claude Levi Strauss, tristes trópicos!
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Adesão da Frente Ruralista pode ser estouro da boiada
José Antonio Severo
As abóboras no fundo da carroça ainda estão se mexendo. A adesão formal da Frente Parlamentar da Agropecuária ao candidato Jair Bolsonaro na tarde de terça-feira representa o primeiro passo para uma debandada geral das candidaturas anti-PT, procurando-se liquidar a fartura ainda no primeiro turno. As chamadas forças conservadoras querem decidir a eleição já no dia sete de outubro, eliminando o risco de reviravolta.
A pergunta que se faz é se os fazendeiros, abrindo a porteira, não desencadeiam o estouro da boiada, pondo os demais aliados do PSDB (e de outras candidaturas do segmento conservador) a fugir em debandada para os campos do capitão?
A frente ruralista tomou uma posição oficial. Sua presidente, deputada Tereza Cristina (DEM/MS), teve de interromper suas andanças de campanha de reeleição numa hora crítica para ir ao Rio de Janeiro tirar a foto ao lado de Bolsonaro e não deixar dúvidas. Pularam para dentro do barco ainda no meio da correnteza. É mais próprio do que aderir depois.
Uma análise detalhada das previsões de segundo turno revela que Fernando Haddad continua sendo uma ameaça real no segundo turno. Embora o fim da transferência automática de Lula para seu candidato tenha acabado, estagnando o crescimento, Fernando Haddad continua em segundo lugar e vai para a partida final. É um perigo: Tancredo Neves não se cansava de repetir o clássico ditado: “cabeça de juiz, barriga de mulher e eleição, só depois da apuração”. Modernamente, com o exame de sexagem fetal do ultrassom, trocaram a mulher por mineração, mas a incerteza continua a mesma.
Melhor não correr risco, estão dizendo as temerosas lideranças anti-petistas. Assim, numa votação eletrônica entre os 235 parlamentares integrantes da Frente Ruralista, foi vencedora a proposta de adesão imediata a Jair Bolsonaro. Alguns deputados muito comprometidos com outras candidaturas e amarrados a acordos regionais não devem alardear imediatamente o novo posicionamento, mas estão firmes com a decisão da maioria.
Esse movimento da frente ruralista levou pânico às demais candidaturas anti-petistas e dos partidos das coligações, que contam com os resultados do primeiro turno para marcar posições e se esforçam para expor alguma musculatura para negociar o apoio formal para o jogo decisivo. Para essas forças, a vitória de Bolsonaro no primeiro turno não interessa.
Para os grandes partidos do campo anti-petista a melhor situação é deixar para negociar apoio já na reta final, ou, no máximo, na formação do governo, quando o presidente eleito precisar arregimentar forças para criar sua governabilidade. Esse é o momento certo para os partidos com bancadas significativas. Já os pequenos, o baixo clero, querem se sentar o quanto antes num bom lugar na primeira fila.
Nessa hora da verdade as diatribes de campanha perdem sentido. Os desaforos e bravatas da luta deixa o campo eleitoral e passa para as amenidades do espaço político, onde o Poder Legislativo emerge com toda sua complexidade.
Uma coisa é chegar com o rabo entre as pernas como cachorro vira-lata pedindo uma sobra; outra é sentar à mesa como dono de uma força real. Isto, no entanto, não comoveu aos ruralistas, que preferiram se antecipar dizendo a Bolsonaro que correm perigo a seu lado, ainda antes do fim do primeiro tempo. Tereza Cristina, cumprindo uma decisão da maioria, assinou essa promissória, para o que der e vier. E o que virá? Jogo jogado.
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Carlos Amorim, tudo bem?
Deixa eu te falar uma coisa, estou apaixonada pela sua escrita. Ok, tô no segundo capítulo de Araguaia, leitura louca que faço dentro dos 3 ônibus que pego até chegar no trabalho, as vozes da mulherada comentando o preço da passagem, a casa da patroa ou coisas do tipo, passam bem despercebidas por mim, tô imersa até o último fio de cabelo nesse livro. Sua forma de escrever envolve, você explica, compara com outras situações e não deixa o leitor na mão. Já sinto ressaca literária. Valeu por cada palavra. Você é fera.
Amanda Fernandes
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