O novo regime quer garantias legais para uma ação dura das forças de segurança contra o crime e os inimigos do Estado. Ou do governo? A resposta a essa questão é bem complexa…

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A polícia quer proteção legal para agir com violência. Imagem TV Bandeirantes.

 

                         Os eleitores de Jair Bolsonaro, que somam 57 milhões de brasileiros, surfaram nas ondas do movimento contra o lulopetismo (identificado com a maior bandalheira já produzida no país) e no terror instalado pela epidemia de violência urbana, que, aliás, contaminou o campo e as pequenas cidades, antes pacíficas e bucólicas. Bandos armados com equipamento de guerra, importado, ocupam pequenas cidades, explodem agências bancárias e encurralam a polícia em seus quartéis e delegacias. A população é tomada como refém. Escudos humanos. É obra de facções criminosas como o PCC e o CV, as maiores. Isto tem sido chamado pela mídia de “novo cangaço”, lembrando os tempos de Lampião e Antônio Silvino, dois dos cangaceiros mais famosos dos sertões. São centenas de casos. Se um único deles tivesse ocorrido durante o regime militar, o Brasil teria sido levado ao Estado de Sítio.

                         Em geral, um policial que mata a tiros um  criminoso (ou suposto criminoso) é imediatamente afastado de suas funções e passa por um período de avaliação psicológica. Ou “reeducação”. Entre as forças policiais, há uma revolta contra tal atitude. O novo regime pretende alterar isso. E tem como Ministro da Justiça e Segurança Pública um herói nacional: o juiz exonerado Sérgio Moro. Contam com ele para regular a pena de morte extraoficial? O fato é que uma das primeiras medidas do regime Bolsonaro será realizar uma alteração na Lei Antiterror aprovada, às pressas, para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, sob pressão internacional. A então presidente, Dilma Rousseff, vetou um artigo da lei que criminalizava manifestações de rua e de movimentos populares. Agora, o novo regime pretende revogar este veto no Congresso. Ainda este ano.

                         Sendo assim, protestos contra o governo seriam classificados de atos terroristas. E sindicatos, organizações de classe, estudantis e outras, incluindo partidos políticos de esquerda, seriam tidos como “organizações criminosas”. Penas de prisão. Na mão oposta, a violência policial e militar seria garantida como “atos legais”, justamente porque se põe como “escudo” a atos terroristas. Esta mudança na legislação representa um golpe mortal à democracia. E se a mídia cobrir com destaque uma manifestação popular? Será acusada de cumplicidade com o terrorismo?

                         Tempos sombrios vêm por aí.

 

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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