Mesmo sob ocupação policial desde o fim do ano passado – 650 homens da PM e do Batalhão de Choque estão na comunidade -, traficantes ligados ao Comando Vermelho e ao Terceiro Comando, organizações criminosas rivais, disputam o controle do tráfico de drogas na maior favela brasileira, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro. A Rocinha é o maior entreposto de drogas da cidade, responsável pela distribuição de cocaína, maconha e crack para toda a zona sul abastada, onde a classe média e a elite consomem toneladas de drogas por ano. O faturamento do narcotráfico é avaliado em muitos milhões de reais na região. Nos últimos meses, sob ocupação – repito -, nove pessoas foram assassinadas, entre elas um cabo da PM e um líder comunitário, Vanderian Barros de Oliveira, executado a tiros.
A política das Unidades de Polícia Pacificadora do Rio (UPPs) tem trazido a sensação de segurança para a população carioca. Mas certamente não acaba com o tráfico. Este se torna mais discreto, evita aquele desfile acintoso de homens armados de fuzis e metralhadoras, mas continua existindo sorrateiramente. Novos métodos, como a venda de drogas através da Internet, prosperam. Jovens viciado da classe média estão agora envolvidos na distribuição de entorpecentes nos condomínios e nas baladas. As drogas sintéticas, laboratoriais, como o LSD, dominam o cenário. Ou seja: a batalha continua.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
A questão é realmente muito complicada. A situação de violência nas favelas é só uma das consequências do tráfico de drogas, sendo a mais combatida pelo governo, que invade a favela quando quer dar uma resposta ao povo pelo aumento do poder do tráfico. Graças ao trabalho de bons jornalistas como Carlos Amorim sabemos que todas as camadas da sociedade estão envolvidas no tráfico, e se a atuação dos traficantes na favela é reprimida, eles utilizam os dependentes de outras áreas para fazer o trabalho de distribuição, entre outros. O combate deve ocorrer em várias áreas, mas infelizmente é mais fácil investir contra a parcela da sociedade mais vulnerável envolvida nesse problema, os habitantes das favelas.
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Cássio,
as UPPs são uma experiência interessante e inovadora. Mas não podemos ter ilusões a respeito de seus resultados. O tráfico continua atuando e há sinais de forte corrupção entre as forças de ocupação. Oitenta e quatro militares e policiais já foram afastados. Outros casos virão, mas o projeto deveria prosseguir. O governo do Rio poderia aproveitar essa experiência para fazer uma reforça no aparelho policial. A repressã, por si só, não resolve.
Abs
Camorim
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