O feriadão de 7 de setembro, o Dia da Independência, foi marcado para mim por uma notícia estarrecedora: o Brasil assumiu a liderança mundial na venda de crack, oxi e merla (a cocaína em pedra, para ser fumada). E ficamos com a medalha de prata na venda de cocaína em pó (aspirada). A informação, publicada na primeira página de O Estado de S. Paulo – e fartamente destacada na mídia impressa do dia 6 – é do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas.
De acordo com a pesquisa, que investigou milhares de casos de usuários em centenas de capitais e cidades brasileiras, há no país 2.8 milhões de viciados em cocaína (nos Estados Unidos são 4.1 milhões). Mas, no quesito “uso do crack”, temos 1 milhão de usuários – este é o recorde mundial. Além do mais, 1,3% da população (mais de 2 milhões) confessam o uso de maconha, cocaína e outras drogas. Se o álcool fosse lançado na pesquisa, os números seriam arrasadores, talvez chegando a 1/3 dos brasileiros.
Cito o Estadão: “Um em cada 5 brasileiros (20%, portanto) conhece alguém que tem problemas pelo uso de cocaína. Dentre os usuários, quase a metade (48%) foi identificada com dependência química; apenas 30% destes declararam ter a intenção de interromper o uso” (Página C1 – Caderno Metrópoles).
Em meus dois últimos livros (“CV_PCC – A irmandade do crime” e “Assalto ao Poder”, este último merecedor do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro), já afirmava que o Brasil era o segundo maior mercado consumidor de drogas do mundo. Mas o índice de avaliação que usava era o de apreensão de drogas – e não o de uso. Até 2008, a Polícia Federa apreendia 8.5 toneladas de cocaína por ano. Em 2011, o número pulou para 26 toneladas. E são mais de 400 toneladas de maconha.
Os estudiosos da matéria costumam dizer que as apreensões representam entre 10% e 12% do movimento total de drogas. Assim, nossos números seriam ainda maiores Talvez estabelecendo novos recordes. Um grama de cocaína pura, coisa que os usuários não conhecem, porque a droga chega ao mercado misturada com outras substâncias, custa entre 34 dólares (na América Latina) e 170 dólares, no Japão.
É só fazer a conta, para termos uma ideia do tamanho da tragédia. E, como se isso na bastasse, vale lembrar que a cocaína em pedra (o crack ou o oxi) é a raspa do tacho onde a droga é produzida: o lixo que concentra todas as impurezas.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
Realmente o crack tem se mostrado uma das grandes tragédias na vida dos brasileiros, que já deixou de ser um problema só das grandes cidades e já está no interior, isso sem falar de outras drogas que estão também muito presentes, como a cocaina citada no artigo. É importante prestar atenção na política anti drogas dos candidatos a prefeito e leva-la em consideração no momento de decidir o voto, já que esta pode influir na vida de muitas pessoas que vivem este drama da dependência química.
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Cássio,
obrigado pelo comentário. De fato, na hora de votar, o eleitor deve prestar muita atença às propostas dos cndidatos, eespecialmente em relação aos problemas reais que afetam a vida cotidiana. das cidades. O voto é uma arma imprescindível no combate à violência.
Continue participando.
abs
Camorim
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