Uma batalha está sendo travada entre grupos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do país, e a Polícia Militar nas ruas de São Paulo, principalmente nas zonas leste e sul da capital. E já se estende para a região metropolitana, incluindo Guarulhos, Osasco, Franco da Rocha e alguns municípios num raio de 100 quilômetros do centro paulistano. Nos últimos meses, o número de mortos nesse conflito já alcança a assustadora casa de mais de uma centena de pessoas, de ambos os lados, todos mortos a tiros.
A iniciativa do embate coube aos criminosos, que resolveram responder a operações policiais vitoriosas contra o tráfico e o roubo armado, incluindo sequestros e explosões de caixas-eletrônicos. E a tática empregada foi muito simples: executar policiais militares, atacando postos avançados da PM nas comunidades ou fuzilando soldados, cabos e sargentos que, nas horas de folga, fazem “bico” como seguranças de estabelecimentos comerciais, casas noturnas, empresas de ônibus e até de pessoas físicas. Os PMs procuram esses “trabalhos extras”, tolerados pelo governo paulista, para suprir seus rendimentos deploráveis.
De Janeiro até agora, segundo a Folha de S. Paulo (29/09/12), 73 policiais militares foram assassinados, dos quais 56 estavam fora do serviço. O número é quase o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior (apenas 38, sendo 25 “de folga”). A PM revidou, legal ou ilegalmente, produzindo duas ou três chacinas, com quase 20 mortos, muitos dos quais nem tinham passagem pela polícia. Isto é o que sempre acontece quando o Estado não tem respostas claras à violência criminal e deixa nas mãos de subalternos uma “política de olho por olho”. Há um exemplo histórico: o massacre de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Uma patrulha da PM fluminense foi fuzilada, em razão de desacordo na partilha do tráfico, e o governo não soube o que fazer. Resultado: 38 homens encapuzados, supostamente PMs, invadiram a comunidade e trucidaram 21 inocentes. Foi na madrugada de 25 der agosto de 1993.
Nos recentes episódios de São Paulo, o caso mais grave aconteceu ao entardecer de 11 de setembro deste ano, uma terça-feira aparentemente calma. Vinte e cinco homens da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, grupo de elite criado durante a ditadura militar para dar apoio a operações antiterroristas), utilizando nove viaturas e com armamento pesado, cercaram uma chácara em Várzea Paulista, a 54 quilômetros da capital. Oficialmente, receberam uma denúncia anônima de que havia no local uma reunião do PCC. Provavelmente, uma mentira: é mais plausível que a PM tivesse um infiltrado no grupo.
A Rota matou nove pessoas na casa, prendeu oito, dos quais cinco feridos a bala. Foram apreendidos armamento (até uma metralhadora), dinheiro. drogas e explosivos, bananas de dinamite que seriam empregadas no roubo de caixas eletrônicos. É mesmo muito provável que fosse um “aparelho” do PCC. Nenhum policial sofreu sequer um arranhão. No local, além de discutir ações contra a polícia, que deveriam ocorrer naquela mesma noite, os criminosos teriam convocado um “tribunal do crime” para julgar um suposto caso de estupro contra uma adolescente. Lá estavam o tal agressor, que morreu metralhado pela polícia, e a garota, que escapou.
Comandantes da Rota foram à televisão dizer que havia sido uma boa operação “baseada em inteligência policial”. O governador Geraldo Alkmin também apoiou a ação policial, mas nos bastidores manobrou pela exoneração do comandante da Rota, aproveitando a divulgação dos novos números da estatística oficial sobre homicídios, que registravam aumento recente.
No fim de semana em que escrevo esse artigo, mais dois PMs foram assassinados. No enterro, além de dezenas de integrantes da Rota, estavam presentes o novo e o ex-comandante da unidade. Ambos unidos no mesmo luto.
Ou seja: a guerra vai continuar.
E os 111 do Carandiru. Hoje vários comemoram (literalmente) a data.
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É inadimissível viver isso em pleno século 21 .
Nem opressão , nem bandido dando carta …..isso tem que ser resolvido de uma vez.
Se por um lado a polícia fica exposta por usar uniforme e ser mais facilmente identificada meio a camuflagem de bandido dentro da sociedade , por outro existe uma boa parte deles reclusos em penitenciárias , a mercê de execussão , se é guerra então que limpem os presidios e com isso cortem o comando que vem sempre de dentro dele . O governo deveria autorizar uma ação em todos os presidios do mesmo jeito que ocorreu no carandirú .
Depois disso a PM deveria rever seus conceitos e até continuidade .
Não pode um país que esta ao olho do mundo ser dominado por traficantes , bandidos , nem por policia despreparada .
Faça açguma coisa Srta DILMA ,só sabe falar em classe média ( oque é a maior enganção dos ultimso tempos) .
Limpem nosso país de uma vez ,chega de cidadão comum morrer na volta do trabralho árduo do dia a dia …..
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