
A confrontação armada entre facções criminosas. ligadas ao tráfico de drogas e associadas ao PCC, e as forças policiais de São Paulo atingiu níveis absurdos. Mais de cem agentes da lei (94 policiais militares, cinco civis e uma dezena e guardas penitenciários) foram abatidos só este ano, a maioria deles no segundo semestre. O número de pessoas mortalmente atingidas chegou à média inacreditável de dez a cada noite. E há um número ainda não contabilizado de “civis” liquidados sumariamente. De uma só vez, morreram sete. O governo paulista se recusa a admitir que há uma crise na segurança pública – e insiste na tese de que PCC é fruto da glamorização da mídia.
No entanto, o governador Geraldo Alckmin aceitou apoio de forças federais, porque já estava impossível não aceitar socorro de Brasília, sob pena de desgaste político ainda maior. Ficou acertado que a Polícia Federal vai fornecer informações sobre o crime organizado e patrulhar as fronteiras estaduais, para tentar impedir a entrada de drogas e armas. Além do mais, o Ministério da Justiça ofereceu vagas em presídios federais fora de São Paulo, para transferir líderes da organização criminosa, o que já aconteceu em pelo menos dois casos.
O que não se consegue compreender é a falta de um plano de segurança pública, que permita enfrentar a situação com mais inteligência e menos truculência. Em várias das chacinas ocorridas há suspeitas de participação de policiais, que estariam promovendo um “acerto de contas”. E a maioria dos atentados praticados contra agentes da lei teria ocorrido como uma vingança dos bandidos contra danos sofridos pelo tráfico. Ou seja: descontrole total.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
Não entendi a proposta do Governo Federal em se criar uma agência integrada de inteligência. O que se espera dessa tal agência? Levantar informações que as inteligências militar e civil já possuem? Fazer um retrabalho?
Mas e a ABIN? Me diz pra que que serve.
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Não entendi a proposta do Governo Federa em se criar uma agência integrada de inteligência. Qual será o propósito dessa tal agência? Levantar informações que as inteligências militar e civil já possuem? Fazer um retrabalho?
Mas e a ABIN? Me diz pra que ela serve.
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Fernando,
obrigado pelo comentário.
A Abin está mais ligada a questões de Estado, atuando basicamente nas representações do país no exterior e no contato com agências memelhantes, como a CIA.
A criação de uma interface entre as polícias estaduais e a PF é fundamental no combate ao crime. Por exemplo: não temos um cadastro nacional de prrocurados; mandados de prisão de um estado não conhecidos em outros etc.
Essa troca de informações é básica. Não tenho ilusões quanto à redução imediata da violência com medidas tão simplórias. Mas podem ajudar.
abs
Camorim
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Carlos, primeiramente deixe-me parabenizá-lo pelo excelente trabalho de pesquisa e pelas obras sobre o crime organizado. Seus três livros são material obrigatório de leitura para todos os especialistas de segurança desse país.
Bem, com relação à agencia integrada, entendo que possa servir de interface entre as polícias e isso é realmente um trabalho importante a se fazer. Sinto também que não há uma padronização de informações nos serviços das polícias, por exemplo: os boletins de ocorrência de cada Estado possui informações diferentes. O que é importante pra um não o é para outro. As pesquisas de histórico criminal pelo que tenho informação, se consultar-mos por exemplo, um individuo de outro Estado em São Paulo e o mesmo possuir histórico criminal em seu Estado de origem, essa informação não constará nos sistemas da policia paulista. Não há um sistema de consulta nacional.
Quanto a ABIN, o item IV das Competências da Agência diz: “avaliar as ameaças, internas e externas, à ordem constitucional”.
Tendo isso em mente, gostaria de lembrar Sun Tzu quando dizia: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”, ou seja, como podemos querer conhecer a ameaça externa sem nem ao menos a interna conhecemos?
Bem, essa é a opinião de um leigo no assunto e vitima de toda a criminalidade e corrupção que sou.
Sou fã do seu trabalho.
Grande abraço!
Fernando Maudonnet
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Carlos, primeiramente deixe-me parabenizá-lo pelo excelente trabalho de pesquisa e pelas obras sobre o crime organizado. Seus três livros são material obrigatório de leitura para todos os especialistas de segurança desse país.
Bem, com relação à agencia integrada, entendo que possa servir de interface entre as polícias e isso é realmente um trabalho importante a se fazer. Sinto também que não há uma padronização de informações nos serviços das polícias, por exemplo: os boletins de ocorrência de cada Estado possui informações diferentes. O que é importante pra um não o é para outro. As pesquisas de histórico criminal pelo que tenho informação, se consultar-mos por exemplo, um individuo de outro Estado em São Paulo e o mesmo possuir histórico criminal em seu Estado de origem, essa informação não constará nos sistemas da policia paulista. Não há um sistema de consulta nacional.
Quanto a ABIN, o item IV das Competências da Agência diz: “avaliar as ameaças, internas e externas, à ordem constitucional”.
Tendo isso em mente, gostaria de lembrar Sun Tzu quando dizia: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”, ou seja, como podemos querer conhecer a ameaça externa sem nem ao menos a interna conhecemos?
Bem, essa é a opinião de um leigo no assunto e vitima de toda a criminalidade e corrupção que sou.
Sou fã do seu trabalho.
Grande abraço!
Fernando Maudonnet
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A criminalidade absurda que assola todo o país, assim como outras mazelas também absurdas,têm sua raiz na também absurda, histórica e gigantesca corrupção que revolta e estarrece as pessoas de bem, hoje quase bizarras por ainda cultivarem a dignidade. Não percamos a esperança, mas não nos iludamos: só uma grande reviravolta moral nas áreas pública e privada nos trará algo concreto e não os paliativos de sempre. Muito trabalho para a parcela ainda não contaminada.
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