Assassino de Hiromi Sato vai a Júri

Sérgio Gadelha, ao ser preso

Sérgio Gadelha, ao ser preso


O advogado Sérgio Brasil Gadelha, assassino confesso da secretária-executiva Hiromi Sato, será apresentado ao Tribunal do Júri no dia 9 de agosto. A primeira audiência de instrução criminal ocorre três meses após o crime bárbaro. Sérgio teve prisão preventiva decretada pelo juiz da 1ª. Vara do Tribunal do Júri por homicídio triplamente qualificado, mas obteve o direito de ficar em prisão domiciliar. Apanhado em flagrante, passou apenas dois dias atrás das grades. Depois, foi para uma clínica de recuperação de viciados. E agora está vivendo no apartamento de Higienópolis, São Paulo, onde o crime ocorreu. Hiromi foi espancada e estrangulada até a morte. Mas essa brutalidade toda não foi suficiente para manter o criminoso preso.
Impressiona ver o descaso com que a Justiça trata os casos de violência contra as mulheres. Crimes cometidos “sob violenta emoção” – entre marido e mulher, por exemplo – não são vistos como uma ameaça à segurança pública. Mas, como? Alguém que comete um homicídio com tais requintes de perversidade, como no caso da Hiromi, é de fato uma ameaça à espécie humana – e não apenas ao convívio social. A impunidade que protege e estimula esses assassinos termina gerando um quadro epidêmico de mortes e maus-tratos.
Só no primeiro trimestre deste ano, houve 37 estupros por dia em São Paulo, um número 20,8% maior do que no mesmo período de 2012. A Secretaria de Segurança, que assina a estatística, informa que essa é a modalidade de violência que mais cresce. No Rio de Janeiro, o aumento foi maior: 24%. Um estudo do Banco Mundial, publicado pelo site “Carta Maior”, revela que mulheres entre 15 e 44 anos correm mais riscos de serem estupradas do que de contrair câncer ou malária. A violência sexual é mais presente na vida delas do que a possibilidade de acidentes de trabalho ou de morrer em conflitos armados. Entre 2001 e 2010, de acordo com um levantamento do Instituto Avante Brasil, 40 mil mulheres foram assassinadas no país, a maioria entre 14 e 28 anos. É um massacre indescritível.
No entanto, nem diante de situação tão grave o Judiciário se mobiliza para aplicar o rigor que a própria lei já prevê. Os juízes preferem aplicar as “circunstâncias atenuantes”. No caso do Sérgio Gadelha, a 1ª. Vara do Tribunal do Júri entendeu que ele “não tentou fugir às suas responsabilidades” e que também tinha como atenuante o fato de ser idoso. O criminoso confesso tem 74 anos – e a lei diz que a prisão domiciliar deve se aplicar a quem tem mais de 80. É o que está escrito nos artigos 317 e 318 da Lei 12.403, sancionada em 4 de maio de 2011. As demais condições para a prisão domiciliar são: estar extremamente debilitado por doença grave; ser imprescindível para cuidar de crianças menores de seis anos ou deficientes; gravidez acima do sétimo mês ou de alto risco.
Sérgio Gadelha não se enquadra em nenhuma dessas condições.

O prédio onde o advogado cumpre prisão domicilio

O prédio onde o advogado cumpre prisão domicilio

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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4 respostas para Assassino de Hiromi Sato vai a Júri

  1. Justiça já disse:

    Esse Monstro merece morrer apodrecido na cadeia, tamanha a violência e crueldade com que cometeu o crime. Ridiculo demais se fazer de coitadinho, não fugiu, mas quer escapar. Não escapará de justiça nenhuma, nem dos homens nem de Deus !!!

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  2. Marisa disse:

    Infelizmente, vergonhosa nossa “justiça”…

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  3. Cássio Freitas disse:

    No Brasil o peso da lei só cai sobre os mais pobres, sendo que muitas vezes estes são alvo de ações que não levam em conta nem seus direitos. No caso da classe rica, a lei muitas vezes não se cumpre nem mesmo com pressão popular. É necessário que o povo faça muita pressão nos governantes para que as leis sejam realmente aplicadas nos casos de essa afetar a parcela que possue o poder econômico.

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