Gripen NG: não foi uma ótima escolha, mas dá pro gasto.

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O Ministério da Defesa e a presidente Dilma Rousseff finalmente decidiram dar a partida no projeto de reaparelhamento da Força Aérea. O país vai investir 4,5 bilhões de dólares nos próximos anos para adquirir 32 caças Gripen NG, produzidos no Brasil pela Saab sueca. O avião não é nenhuma Brastemp, mas dá para o gasto, especialmente num momento de quase total sucateamento da Aviação de Combate brasileira. É um avião moderno e ágil, que começou a ser fabricado após o fim da Guerra Fria. Não foi concebido para estratégias de guerra global. E nisso há uma boa notícia: é uma arma de defesa territorial ou para operações agressivas pontuais.
Num país de 8 milhões de quilômetros quadrados, como o nosso, o Gripen pode não ser o caça ideal. Com seu peso de 7 toneladas, carregando mais 6 toneladas de armamentos, lotado de combustível, só consegue voar 1.100 quilômetros em linha reta. Saindo de São Paulo, jamais chegaria a Belém sem reabastecimento. Mas isso também é uma boa notícia: o Gripen deverá ter emprego tático, baseado em comandos aéreos regionais. Voa pouco, comparado com o F-18 Hornet, americano, ou com o Sukoy, russo. Mas é rápido – pode tingir 2,7 mil km/hora – e maleável no ar. Possui dez estações de armas na fuselagem. Pode disparar metralhadoras, canhões, foguetes e bombas inteligentes. É um interceptador supersônico, mas pode realizar missões de bombardeio. Para as nossas necessidades, está de bom tamanho.
Estamos comprando 32 desses aviões, que só começarão a sair do chão em 2018. Mas a fábrica estará em território nacional. Uma grande vantagem. E essa conta poderá, em contratos futuros, chegar a 160 aeronaves desse tipo. Distribuídas em três ou quatro pontos do país, teremos um excelente sistema de proteção do espaço aéreo. Mas será necessário construir estruturas operacionais em terra, controle via satélite e aperfeiçoar os nossos modelos de abastecimento em voo.
O Gripen NG serve para combates aéreos, ataque ao solo e para missões de observação. Como ponto desfavorável, pode-se dizer que o caça sueco nunca participou de combates. As únicas missões militares reais desenvolvidas com ele foram de informações (fotos, levantamentos para mapas digitais etc) e de reconhecimento de posições inimigas e prováveis alvos durante a guerra civil na Líbia, onde o Gripen deu apoio às forças da Otan. Está bem assim, ou não? No cenário político brasileiro, não há qualquer hipótese visível de uma guerra de verdade no continente americano. Mesmo assim, é preciso não esquecer que a diplomacia tupiniquim pretende obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Isso nos obriga a ter uma força militar de intervenção rápida.

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E por falar nisso, é bom lembrar que o Gripen NG pode ter uma versão para ação embarcada. Operando a partir do porta-aviões São Paulo – ou de outro que venha a ser construído em estaleiros nacionais – será muito útil na proteção das reservas de petróleo do pré-sal e na defesa dos oito mil quilômetros de litoral atlântico do país, por onde chegam drogas e armas para o crime organizado.

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Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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