Tiroteio entre policiais e traficantes na favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, põe mais lenha na fogueira das UPPs. Um bailarino da TV Globo, morador, que trabalhava no programa Esquenta, de Regina Casé, foi baleado nas costas quando tentava se proteger da fuzilaria. Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, após ser ferido, caiu de uma laje e morreu. Foi o que bastou para que a comunidade fosse às ruas protestar e hostilizar os policiais. Na confusão, outro morador morreu com uma bala na cabeça. Era Edilson da Silva dos Santos, 27 anos. Às vésperas da Copa da Fifa, o incidente teve repercussão mundial. É mais uma tragédia que coloca em dúvida o projeto de segurança no Rio de Janeiro, cinco anos após a implantação da primeira UPP.
No episódio, mais uma vez, a cena se repetiu: policiais, atacados por traficantes armados, respondem com tiros para todos os lados, em meio a áreas densamente povoadas. É claro que isso não pode dar certo. Nos últimos 30 anos, o número de vítimas “civis” do conflito soma muitos milhares. E raramente alguém é responsabilizado. O Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, comandante em chefe das UPPs, nunca foi acusado de nada. Menos ainda o governador do Estado. E o massacre continua. As UPPs, que fizeram a alegria das classes mais abastadas, à custa dos direitos da comunidade carente, agora são motivo de grandes protestos populares.
O Rio vive há décadas uma guerra civil não declarada. Sérgio Cabral Filho, no primeiro mandato, declarou à mídia: “Estamos vivendo uma guerra”. Verdade. Bandos armados ocupavam mais de 300 localidades, especialmente favelas e bairros pobres. A resposta do Estado foi a criação desse modelo de ocupação militar, um pequeno “estado de sítio”, como costumo definir a UPP. Em cinco anos, o governo instalou 38 dessas unidades, em um universo de 1.100 favelas da região metropolitana, um bem-sucedido projeto de marketing político, enaltecido pela mídia. Agora o que vemos é a contraofensiva do crime organizado, que sobreviveu a todo o esforço de “pacificação”.
E por falar em guerra: o comandante da Brigada Paraquedista do Exército, general Roberto Escoto, que lidera a ocupação do Complexo da Maré (15 favelas e cerca de 130 mil habitantes), disse à Folha de S. Paulo, na terça-feira 22 de abril deste ano, depois de suas tropas terem sofrido 20 ataques, que a situação ali é muito pior do que no Haiti, onde o oficial esteve:
“Aqui nos deparamos com três facções criminosas, duas do tráfico e milicianos, o que não aconteceu lá. As facções criminosas da Maré são muito mais numerosas e têm muito mais armamento, munição e recursos financeiros do que as gangues que atuaram no Haiti”.
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Carlos Amorim uma vez mais acerta no centro do alvo. Este acontecimentos do Rio de Janeiro não se limitam a uma sucessão de protestos. É uma rebelião.comanda pelo crime organizado. Então podemos chamar de guerra civil, embora nâo seja uma revolução. A rebelião prtende atingir o Estado, mas não tem propostas para mudar, fosse para onde fosse, a ordem política e social. Portanto, trata-se de rebelião e não revolução. Demarco bem esse terreno para então avançar:a mídia insiste em chamar a rebelião dos bandidos de protestos para tapar o sol com a peneira. Isto já aconteceu em outros países, em outras épocas, e faz parte da evolução das sociedades.O que vemos nos subúrbios do Rio se parece com a situação apresentada por Scorsese no seu filme Gangues de Nova York. Rebeldes sem causa (aparente) é isto aí. Não confundir com aqueles outros rebeldes sem causa de classe média, jovens revoltados contra tudo, figuras simpáticas que configuram uma fase da vida de todo o ser humano que cresce longe das necessidades. Estes rebeldes não têm causa mas se formaram na violência social. Então, vamos ouvir Amorim e dar nomes aos bois: a rebelião comandada pelos traficantes não é um protesto de inconformados bem nascidos. É uma guerra civil. que chega finalmente à Zona Sul com a morte de um artista da Globo no coração de Capacabana. Agora sim a coibvra vai fumar. Abraço a todos que me lerem.
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Obrigado pelo comentário.
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Amorim: Estou com problemas nesta máquina que não consigo ler o que escrevi. Portanto, dê uma olhada e corrija a ortografia, pelo menos, do que mandei para comentar teu artigo no blog. Grande abraço.
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Carlos Amorim, li recentemente o primeiro livro de sua trilogia, Comando Vermelho. Achei o livro impressionante e estou ansioso para ler os outros dois, uma coisa no livro me deixou muito curioso, que é: quem foram os presos políticos que estiveram na Ilha Grande e direta, ou indiretamente, ajudaram a criar o CV? no livro você menciona o advogado Luiz Carlos Tórtima e Padre Alípio, mas e quanto aos demais? você pode me dizer onde posso conseguir esta informação.
PS: Me desculpe por falar algo não relacionado com o post.
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Valcides,
havia dezenas de presos políticos na Ilha Grande. Não tenho uma lista de todos eles.
Obrigado pelo comentário.
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