Copa 2014: governo espera protestos moderados, mas com ação violenta de pequenos grupos.

Os "black blocs", na foto do jornal digital 247.

Os “black blocs” e o PCC, na foto do jornal digital 247.

Um relatório da Polícia Federal, reunindo informações das polícias estaduais e das Forças Armadas, entregue ao governo nos últimos dias, dá conta de que são esperados protestos moderados durante a Copa do Mundo. No entanto, o documento alerta para a ação de pequenos grupos violentos. Segundo este relatório, a chamada “tática Black Bloc” será vista nas capitais-sede da competição, com ataques contra prédios públicos, bancos e ônibus, além das queixas contra o exagero dos gostos na competição, que já é a mais cara da história da FIFA.
Convenhamos: o governo ficou a dever em matéria de preparativos para o mundial de futebol. Alguns estádios não concluíram as obras do entorno, o sistema de transporte público não é nem de longe o que se esperava. A situação nos aeroportos é ainda mais preocupante. Até o ex-jogador Ronaldo deu entrevista criticando os preparativos, ele que é membro do Comitê Organizador. Mas os gramados ficaram ótimos, diria o ufanista. E o jogo amistoso entre Brasil e Panamá resultou em goleada. Jogo, aliás, sofrível.
A presidente Dilma foi à televisão nesta terça-feira (3 de jun), dia da vitória brasileira, para avisar que o governo não vai tolerar badernas e quebra-quebra, que disse serem atitudes antidemocráticas. De todo modo, pelo menos levando em conta os informes das inteligências policiais e militares, não veremos aquelas multidões que ocuparam as ruas no ano passado. Isso é bom? Por um lado, é. Teremos chance de evitar violências desnecessárias, especialmente abusos das forças de segurança e depredações. Mas, por outro lado, não é uma notícia tão boa assim, porque demonstra que as razões para os grandes protestos de 2013 se mostraram inconsistentes e passageiras.
Mesmo assim, seis mil homens das tropas federais vão reforçar a segurança em São Paulo, onde o governo de oposição achou melhor aceitar ajuda de Brasília, especialmente depois que os grandes jornais noticiaram que o crime organizado estava interessado em provocar o caos durante o mundial. Em reportagem especial, o diário O Estado de S. Paulo publicou entrevista de um “Black Bloc” mascarado que anunciava uma onda de violência na capital paulista. O jornal digital 247 deu a seguinte manchete: “Black Bloc busca apoio do PCC por terror na Copa”. Parece que a mídia sofre de um certo exagero nesses assuntos. Será?
O cenário de protestos moderados, previsto pela PF, pode mudar ao longo da competição nos gramados. E isto na razão direta dos resultados da seleção: se for ganhando espetacularmente, as manifestações vão se esvaziar; se perder, ao contrário, os protestos tendem a aumentar. O governo torce para ver a rede balançar muitas e muitas vezes. Como diria um narrador esportivo: é esperar para conferir.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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