Justiça decreta prisão de 23 ativistas do MEPR, acusados de organização armada e depredações durante protestos no Rio. Afinal, o que é esse tal de MEPR?

MEPR
Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) é o nome do grupo da “juventude combatente” envolvido em depredações e suposto vandalismo em protestos de rua no Rio de Janeiro, especialmente ativo durante as grandes manifestações do ano passado. Dezenove integrantes da “organização criminosa”, como a polícia prefere chamá-los, foram detidos na véspera da final da Copa do Mundo entre Alemanha e Argentina. Depois pegaram mais quatro. Pretendiam realizar manifestação nas imediações do estádio do Maracanã, que a mídia internacional definiu como “templo do futebol”. Os jovens preferiam uma “FIFA go home”.
O MEPR é formado por estudantes secundaristas e universitários. Não tem uma ideologia definida, mas deixa transparecer um traço anarquista. Define como “fascista” o Estado brasileiro. Sobre o governo, costuma empregar a expressão “Dilma & Cia”. É contra a corrupção e denuncia o exagero de gastos com o campeonato mundial de futebol, num país onde faltam escolas, hospitais e saneamento básico. As autoridades dizem que o grupo emprega a chamada “tática Black Bloc”. Usa máscaras durante os protestos e elege bancos (“símbolos maiores do capitalismo”) e revendas de automóveis de luxo como alvos de ataques. Apoia a gratuidade nos transportes públicos. Reúne rapazes e moças da classe média. O movimento diz que seus líderes são “presos políticos”.
Num país onde 100 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de homicídios e acidentes de trânsito, onde ocorrem cerca de seis milhões de assaltos com armas de fogo, o poder público escolheu um “inimigo público número um”. O tal MEPR. Um grupo de jovens que ainda não sabe muito bem o que quer, mas que incomoda bastante. Neste país de maravilhas, 40% dos políticos, de vereadores a senadores, respondem a algum tipo de processo judicial, muitos dos quais criminais. Dos quatro mais importantes candidatos ao governo do Rio de Janeiro nas próximas eleições, segundo o jornal O Globo, três estão envolvidos em 31 ações nos tribunais – e dois já foram condenados. Todos – é claro – estão soltos.
Afinal, que espécie de justiça pretendemos na terra brasilis? Que tipo de ameaça esses jovens realmente representam, num país onde parte considerável do PIB desaparece nos ralos da corrupção? No primeiro semestre deste ano, o Congresso Nacional teve o pior desempenho dos últimos tempos, com a maior falta de parlamentares em plenário e a menor aprovação de medidas destinadas ao bem comum. Mas o “inimigo’ é o MEPR? Parece brincadeira!

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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