Chanceler britânico admite que ingleses e americanos estão envolvidos com os terroristas do ISIS. E diz que o grupo radical islâmico representa uma ameaça à segurança do Reino Unido. Apesar de questionar a autenticidade do vídeo, que mostra a decapitação de um jornalista americano na Síria, a declaração de Philip Hammond à BBC soa como uma declaração de guerra. No vídeo, outro refém americano aparece na fila da morte.

O fotógrafo assassinado, em atividade na Síria. Foto dele mesmo.

O fotógrafo assassinado, em atividade na Síria. Foto feita por ele mesmo.

                    Agora tudo parece mais complicado. O chanceler britânico Philip Hammond, em entrevista à televisão estatal BBC, diz que o grupo radical islâmico ISIS representa uma ameaça à segurança do reino Unido. Disse que o terrorista que matou o repórter fotográfico James Foley “soava como britânico”, usando essa expressão para informar que todos os serviços de segurança ingleses estavam em alerta máximo. Tanto ingleses quanto americanos admitem que os insurgentes do ISIS têm o apoio de cidadãos dos seus países, o que torna o problema ainda mais grave. Ingleses e americanos temem atentados violentos em seus países.

James Foley, que já tinha sido refém na Líbia.

James Foley, que já tinha sido refém na Líbia.

                    James Foley já havia sido refém na Líbia, por seis semanas, durante a rebelião que derrubou a ditadura de Al-Gaddafi. E o jornalista se saiu bem. Prisioneiro do ISIS por dois anos, estava confiante de que faria a maior reportagem de sua vida. Errou. O vídeo com as imagens do seu assassinato foi postado na Internet com o título “Uma mensagem para a América”. James virou instrumento da propaganda islâmica. Pior: nas últimas imagens do vídeo que mostra a sua decapitação aparece outro refém, também jornalista americano, Steven Soltloff, sequestrado há um ano na fronteira entre a Síria e a Turquia. O terrorista que matou James Foley olha para a câmera e diz: “o destino desse cidadão americano, Obama, depende da sua decisão”. Pela vida de James Foley, o ISIS tinha pedido um resgate de 100 milhões de dólares. Mas voltou atrás. O espetáculo do assassinato do jornalista valia muito mais.

                    Entidades internacionais informam que há 20 jornalistas ocidentais desaparecidos na Síria.         

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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2 respostas para Chanceler britânico admite que ingleses e americanos estão envolvidos com os terroristas do ISIS. E diz que o grupo radical islâmico representa uma ameaça à segurança do Reino Unido. Apesar de questionar a autenticidade do vídeo, que mostra a decapitação de um jornalista americano na Síria, a declaração de Philip Hammond à BBC soa como uma declaração de guerra. No vídeo, outro refém americano aparece na fila da morte.

  1. José Antonio Severo disse:

    Já escrevi neste blogue sobre a ambiguidade, para não dizer hipocrisia, das grandes potências nesta questão do Califado do Levante. Esta é uma questão muito profunda no Oriente Médio, que vem desde a invasão dos Mongóis no Século XII, que os califas viram seu poder desaparecerem. Califa, como se sabe, é um chefe de estado e religioso de origem árabe, descendente direto do Profeta Maomé. Essa herança histórico-cultural está sendo habilmente manipulada.
    De fato, quem liquidou com os cruzados foram os homens de Ghengis Khan, que tomaram São João D´Acre, expulsando os cristãos do continente para a ilha de Chipre, no Mar Mediterrâneo. Depois de conquistar Bagdá, os mongóis se converteram ao islamismo e, na sequência, o antigo califado que abrangia todo o mundo muçulmano foi tomado pelos turcos, que dominaram a região até a Primeira Guerra, em 1917, quando foram derrotados pelos árabes da família Saudi, hoje conhecidos como sauditas, num processo que celebrizou o arqueólogo inglês T.E.Lawrence, o famoso Lawrence da Arábia.
    A família Saudi tirava sua legitimidade de liderar o mundo árabe pelo fato de além da descendência de Maomé serem os guardiões das cidades sagradas de Meca e Medina. Isto é importante porque toda a configuração religiosa, ideológica e militar da ISIL vem desse movimento iniciado no começo do Século XX e continua sustentado pelas mesmas forças que apoiaram Lawrence da Arábia, o dinheiro dos reinos e principados sunitas da Península Arábica.
    Hoje países multimilionários com as receitas do petróleo, que não havia ainda na Grande Guerra quando Saudi se levantou contra o Sultão de Istambul, continuam pregando que seu destino manifesto é reconquistar o poder árabe peninsular do Islã em todas as terras conquistadas pelo Profeta. Isto inclui o atual Iraque, a antiga Síria (Síria, Jordânia e Palestina), Egito, Turquia e demais territórios da antiga União Soviética naquelas áreas. No ponto de vista atual, do Século XXI, esta disputa serve como elemento de mobilização popular para os objetivos geopolíticos da Arábia Saudita, de encurralar e conter o Irã, seu grande rival secular nessa região. Embora sendo muçulmana a antiga Pérsia lidere uma corrente contrária aos árabes sauditas, os Xiitas, descendentes de uma corrente dissidente do islamismo, algo tão grande quanto católicos e protestantes no Século XVI, quando eles se matavam e trucidavam-se mutuamente na França, Países Baixos, Inglaterra e outros pontos da alta civilização europeia.
    Portanto, neste momento, o que vemos na guerra do ISIL contra os governos de Bagdá e Damasco é uma ação diversionista financiada pelos países da península arábica, vista com condescendência pelas grandes potências europeias. Os fanáticos jihadistas cumprem esse papel de equilíbrio político, pois também, ao mesmo tempo em que botam Irã e Síria na defensiva, servem como atrativo para os jihadistas ingleses, franceses, norte-americanos e alemães, recrutados nas favelas de Paris, Londres, Amsterdã ou nos bancos acadêmicos das universidades ocidentais. Assim, esses fanáticos voluntários com sede de sangue e vingança têm onde descarregar suas energias revolucionárias, deixando em paz as ruas das capitais do Primeiro Mundo.
    Entretanto, agora surge o fato novo incontrolável, a morte do jornalista norte-americano. Então algo deve ser feito. Quem ganha com isto são os curdos que terão, neste primeiro momento, a missão de punir os jihadistas internacionais do ISIL. Boa missão, pois os cursos são guerreiros tradicionais daquela região. O mais famoso guerreiro do Califado de Bagdá, o imperador Saladino, era curdo. Então é razoável chamar os cursos, que não são semitas quem nem árabes e judeus, para interferir. Os curdos, com isto, dão um passo para formar seu país, unindo seu povo sob uma mesma bandeira, hoje separados em quatro estados: Iraque. Turquia, Irã e Armênia. Em tempo: o jihadista inglês não decapitou o jornalista. Ele o degolou, um tipo de execução ritual, que, na América do Sul, celebrizou-se para a execução de prisioneiros nas guerras civis. É um costume ibérico que chegou aqui sem caráter religioso, mas de punição para antagonistas políticos.
    Neste contexto não se pode ignorar o levante palestino em Gaza. Não obstante as lutas pela independência, há ali um conteúdo islâmico do Hamas, que é um movimento xiita, de se posicionar como beligerante nessa grande guerra interna do mundo islamita.

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