ISIS mata mais um refém: o mesmo espetáculo macabro de decapitação. Desta vez foi o britânico David Haines, que trabalhava na Síria como segurança de uma organização francesa de ajuda humanitária. No vídeo, divulgado neste sábado (13 set), “Jihad John” manda um recado para o primeiro-ministro David Cameron: “Isto é para você não seguir cegamente os americanos”. E na fila da morte aparecem outros reféns ocidentais. A estratégia do “Califado do Levante” é atrair a OTAN para um guerra global na região.

O assassinato de mais um refém do ISIS.

O assassinato de mais um refém do ISIS.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Uma resposta para ISIS mata mais um refém: o mesmo espetáculo macabro de decapitação. Desta vez foi o britânico David Haines, que trabalhava na Síria como segurança de uma organização francesa de ajuda humanitária. No vídeo, divulgado neste sábado (13 set), “Jihad John” manda um recado para o primeiro-ministro David Cameron: “Isto é para você não seguir cegamente os americanos”. E na fila da morte aparecem outros reféns ocidentais. A estratégia do “Califado do Levante” é atrair a OTAN para um guerra global na região.

  1. José Antonio Severo disse:

    A degola de mais um ocidental pela faca afiada de Jiad John, como se chama o degolador do Estado Islâmico da Síria e Iraque (ISIS em inglês) é mais um passo de reforço à campanha para atrair tropas terrestres ocidentais para o sub-front da guerra civil árabe no Levante. Com isto, os combatentes do califado querem fortalecer o fantasma do inimigo externo ainda bem viva, evocando uma unidade milenar para combater os odiados “franjs”, ou os cruzados, que, vindos de toda a Europa cristã, tomaram e ocuparam por mais de 100 anos a atual Palestina nno início do milênio passado.
    A morte de dois americanos teve força para levantar o clamor da opinião pública nos Estados Unidos, mas não o suficiente para Barak Obama mandar seus Boinas Verdes para lá. O assassinato ritual e público pela internet de um inglês objetiva mobilizar a David Cameron, o primeiro ministro britânico, que também faz corpo mole enquanto corre para estancar a onda separatista da Escócia. A verdade é que as opiniões pública norte-americana e britânica (de todo o Ocidente, diga-se) pedem ações contundentes contra os jihadistas, mas também não apoiam o reinício da guerra formal com a participação de soldados em terra. Aviões e bombinhas, tudo bem. Não mais que isto.
    Os líderes anglo-americanos estão em palpos de aranha, pois essa questão do califado é bem mais complexa e nebulosa do que se vê a olho nu. Assim como foi no caso do Talibã no Afeganistão, armado pelos norte-americanos para combater os soviéticos no âmbito da guerra fria, também o ISIS é um saco de escorpiões, aranhas cobras e todo o tipo de bichos brabos e peçonhentos. É complicado meter a mão dentro dessa cumbuca.
    Algumas pistas se podem tirar da própria imprensa da Arábia Saudita, a nação mãe da guerra santa atual, iniciada ainda na Primeira Guerra, insuflado pelo arqueólogo inglês T.E. Lawrence, pelo primeiro rei Faiçal, príncipe de Meca, sacerdote mor do islamismo waabita, descendente direto do Profeta Maomé e guardião dos lugares sagrados, e que deu seu nome ao País, Saud.
    Vou transcrever algumas partes de uma matéria do jornalista saudita Rasheed Abu-Alsamh, muito esclarecedora desta confusão, e que deve ser lida cuidadosamente porque naquele país é muito arriscado escrever com todas as letras. Ele fala do que se diz em Riad (que ele escreve Jiad) sobre o exército do ESIS: “É a velha esquizofrenia da qual muitos sofrem aqui. De um lado há aqueles que dizem que o Estado Islâmico é uma invenção dos EUA, apontando para o fato de que alguns deles, de fato, tiveram treinamento militar dos americanos e britânicos na Jordânia no ano passado. É claro que esse treinamento foi dado levando-se em consideração serem eles parte da oposição supostamente mais moderada ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad. Infelizmente esses elementos se juntaram ao Estado Islâmico que, com sua matança indiscriminada de minorias religiosas e muçulmanos xiitas e mesmo se sunitas, se mostrou bem extremista”. Este é um lado da confusão: muitos jihadistas foram criados pela CIA e pelo M5.
    Por outro lado, dizia outro jornalista árabe saudita, o colunista político Saad al-Dosari, do jornal Arab News, “A coisa preocupante é que nós, sauditas não parecemos estar longe de tudo isto”, e acentua que as células dos terroristas do califado recrutam no país jovens para formar nas milícias, muitos com apenas 15 anos, e levam para o Iraque para se incorporarem às tropas. Ele destaca, também com cuidado, pois está mexendo em casa de marimbondo, que o monarca saudita é ambíguo: “O rei saudita Abdullah durante uma cerimônia em que novos embaixadores no reino lhe apresentavam credenciais, disse a eles, n um discurso, que a ameaça do Estado Islâmico tinha de ser levada a sério. Caso contrário eles iriam chegar às portas da Europa em um mês e às portas dos Estados Unidos dentro de dois meses. Mas não ouvimos quaisquer planos dos sauditas de usarem seus caças F 16 para bombardear as posições dos terroristas do Estado Islâmico no Iraque, como alguns comentaristas norte-americanos têm pedido”.
    O jornalista Abou-Alsamh lembra que os estados do golfo têm interferido nos conflitos regionais, lembrando dos ataques dos aviões dos Emirados contra Trípoli, na Líbia (ele não fala do apoio do Qatar aos Hamas, na guerra contra Israel, há semanas) e vêm conversando dos o Irã, que é o arqui-inimigo dos sauditas na geopolítica regional. Inclusive viu-se uma cena impensável até então, que foi a visita do chanceler iraniano a Riad para conferenciar com o ministro do Exterior saudita, príncipe Saud al-Faiçal, a fim de articular ações conjuntas relativas ao Estado Islâmico. Vejam como é essa briga de foice no escuro: sauditas e iranianos são inimigos na crise síria, porque o Irã apoia Bashar e os sauditas financiam e armam os rebeldes; Já os dois países teocráticos se aliam para combater o califado, pois o ESIS pretende, reabilitando o califado de Bagdá, derrubar a todos os demais regimes (que eles chamam de fronteiras artificiais). Então, eles podem atuar em todos os países da região e do mundo.
    Isto não é tudo, como diz o jornalista Abou-Alsamh: “Mas todos estão bem cientes da duplicidade do regime sírio em suas relações com o Estado Islâmico, que combate, mas, ao mesmo tempo, compra seu petróleo e lhe vende armas”. Isto mesmo: a Síria financia o ESIS comprando o petróleo iraquiano que caiu em seu do califado na região de Mossul. Com este dinheiro os jihadistas compram armamentos, de quem? Do governo sírio de Bashar al-Assad, que sabe que tais armas serão usadas contra ele, mas também contra as demais oposições que lhe fazem guerra.
    É por isto que Obama hesita e que Cameron não quer mandar4 seus “Tommies” mais uma vez para os desertos do Levante. Então os jihadistas chamam Jiad John para degolar mais um para fazer a opinião pública empurrar seus líderes para o front. Claro, com as grandes potências em campo a guerra ganha novas proporções e vai correr mais dinheiro. No outro lado do Mar Negro, quietinho, Vladimir Putin espera com as barbas de molho o momento em que será também arrastado para o mesmo lado os demais ocidentais, quando seus muçulmanos chechenos se apresentem para entrar em campo.

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