-
Posts recentes
- Ciro Gomes e Suzana Tebet ameaçam vitória de Lula no primeiro turno.
- Potências ocidentais abandonam Ucrânia à própria sorte. Mas a guerra já envolve quase o mundo todo com armas econômicas e financeiras.
- Bolsonaro e os temporais!
- STF manda prender Roberto Jefferson, suspeito de conspirar contra a democracia e pregar a luta armada no país.
- Um cheiro de pólvora.
Arquivos
- setembro 2022
- março 2022
- fevereiro 2022
- agosto 2021
- junho 2021
- junho 2020
- maio 2020
- abril 2020
- março 2020
- janeiro 2020
- dezembro 2019
- junho 2019
- maio 2019
- março 2019
- fevereiro 2019
- janeiro 2019
- dezembro 2018
- novembro 2018
- outubro 2018
- setembro 2018
- agosto 2018
- julho 2018
- junho 2018
- maio 2018
- abril 2018
- março 2018
- fevereiro 2018
- janeiro 2018
- dezembro 2017
- novembro 2017
- outubro 2017
- setembro 2017
- agosto 2017
- julho 2017
- junho 2017
- maio 2017
- abril 2017
- março 2017
- fevereiro 2017
- janeiro 2017
- dezembro 2016
- novembro 2016
- outubro 2016
- setembro 2016
- agosto 2016
- julho 2016
- junho 2016
- maio 2016
- abril 2016
- março 2016
- fevereiro 2016
- janeiro 2016
- dezembro 2015
- novembro 2015
- outubro 2015
- setembro 2015
- agosto 2015
- julho 2015
- junho 2015
- maio 2015
- abril 2015
- março 2015
- fevereiro 2015
- janeiro 2015
- dezembro 2014
- novembro 2014
- outubro 2014
- setembro 2014
- agosto 2014
- julho 2014
- junho 2014
- maio 2014
- abril 2014
- março 2014
- fevereiro 2014
- janeiro 2014
- dezembro 2013
- novembro 2013
- outubro 2013
- setembro 2013
- agosto 2013
- julho 2013
- junho 2013
- maio 2013
- abril 2013
- março 2013
- fevereiro 2013
- dezembro 2012
- novembro 2012
- outubro 2012
- setembro 2012
- agosto 2012
- julho 2012
- maio 2012
- abril 2012
- março 2012
- fevereiro 2012
- janeiro 2012
- dezembro 2011
- outubro 2011
- setembro 2011
- agosto 2011
- julho 2011
- junho 2011
- maio 2011
- abril 2011
- março 2011
- fevereiro 2011
- janeiro 2011
- dezembro 2010
- novembro 2010
- outubro 2010
- setembro 2010
- agosto 2010
- julho 2010
- junho 2010
- maio 2010
Categorias
ISIS mata mais um refém: o mesmo espetáculo macabro de decapitação. Desta vez foi o britânico David Haines, que trabalhava na Síria como segurança de uma organização francesa de ajuda humanitária. No vídeo, divulgado neste sábado (13 set), “Jihad John” manda um recado para o primeiro-ministro David Cameron: “Isto é para você não seguir cegamente os americanos”. E na fila da morte aparecem outros reféns ocidentais. A estratégia do “Califado do Levante” é atrair a OTAN para um guerra global na região.
Esse post foi publicado em Politica e sociedade. Bookmark o link permanente.
A degola de mais um ocidental pela faca afiada de Jiad John, como se chama o degolador do Estado Islâmico da Síria e Iraque (ISIS em inglês) é mais um passo de reforço à campanha para atrair tropas terrestres ocidentais para o sub-front da guerra civil árabe no Levante. Com isto, os combatentes do califado querem fortalecer o fantasma do inimigo externo ainda bem viva, evocando uma unidade milenar para combater os odiados “franjs”, ou os cruzados, que, vindos de toda a Europa cristã, tomaram e ocuparam por mais de 100 anos a atual Palestina nno início do milênio passado.
A morte de dois americanos teve força para levantar o clamor da opinião pública nos Estados Unidos, mas não o suficiente para Barak Obama mandar seus Boinas Verdes para lá. O assassinato ritual e público pela internet de um inglês objetiva mobilizar a David Cameron, o primeiro ministro britânico, que também faz corpo mole enquanto corre para estancar a onda separatista da Escócia. A verdade é que as opiniões pública norte-americana e britânica (de todo o Ocidente, diga-se) pedem ações contundentes contra os jihadistas, mas também não apoiam o reinício da guerra formal com a participação de soldados em terra. Aviões e bombinhas, tudo bem. Não mais que isto.
Os líderes anglo-americanos estão em palpos de aranha, pois essa questão do califado é bem mais complexa e nebulosa do que se vê a olho nu. Assim como foi no caso do Talibã no Afeganistão, armado pelos norte-americanos para combater os soviéticos no âmbito da guerra fria, também o ISIS é um saco de escorpiões, aranhas cobras e todo o tipo de bichos brabos e peçonhentos. É complicado meter a mão dentro dessa cumbuca.
Algumas pistas se podem tirar da própria imprensa da Arábia Saudita, a nação mãe da guerra santa atual, iniciada ainda na Primeira Guerra, insuflado pelo arqueólogo inglês T.E. Lawrence, pelo primeiro rei Faiçal, príncipe de Meca, sacerdote mor do islamismo waabita, descendente direto do Profeta Maomé e guardião dos lugares sagrados, e que deu seu nome ao País, Saud.
Vou transcrever algumas partes de uma matéria do jornalista saudita Rasheed Abu-Alsamh, muito esclarecedora desta confusão, e que deve ser lida cuidadosamente porque naquele país é muito arriscado escrever com todas as letras. Ele fala do que se diz em Riad (que ele escreve Jiad) sobre o exército do ESIS: “É a velha esquizofrenia da qual muitos sofrem aqui. De um lado há aqueles que dizem que o Estado Islâmico é uma invenção dos EUA, apontando para o fato de que alguns deles, de fato, tiveram treinamento militar dos americanos e britânicos na Jordânia no ano passado. É claro que esse treinamento foi dado levando-se em consideração serem eles parte da oposição supostamente mais moderada ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad. Infelizmente esses elementos se juntaram ao Estado Islâmico que, com sua matança indiscriminada de minorias religiosas e muçulmanos xiitas e mesmo se sunitas, se mostrou bem extremista”. Este é um lado da confusão: muitos jihadistas foram criados pela CIA e pelo M5.
Por outro lado, dizia outro jornalista árabe saudita, o colunista político Saad al-Dosari, do jornal Arab News, “A coisa preocupante é que nós, sauditas não parecemos estar longe de tudo isto”, e acentua que as células dos terroristas do califado recrutam no país jovens para formar nas milícias, muitos com apenas 15 anos, e levam para o Iraque para se incorporarem às tropas. Ele destaca, também com cuidado, pois está mexendo em casa de marimbondo, que o monarca saudita é ambíguo: “O rei saudita Abdullah durante uma cerimônia em que novos embaixadores no reino lhe apresentavam credenciais, disse a eles, n um discurso, que a ameaça do Estado Islâmico tinha de ser levada a sério. Caso contrário eles iriam chegar às portas da Europa em um mês e às portas dos Estados Unidos dentro de dois meses. Mas não ouvimos quaisquer planos dos sauditas de usarem seus caças F 16 para bombardear as posições dos terroristas do Estado Islâmico no Iraque, como alguns comentaristas norte-americanos têm pedido”.
O jornalista Abou-Alsamh lembra que os estados do golfo têm interferido nos conflitos regionais, lembrando dos ataques dos aviões dos Emirados contra Trípoli, na Líbia (ele não fala do apoio do Qatar aos Hamas, na guerra contra Israel, há semanas) e vêm conversando dos o Irã, que é o arqui-inimigo dos sauditas na geopolítica regional. Inclusive viu-se uma cena impensável até então, que foi a visita do chanceler iraniano a Riad para conferenciar com o ministro do Exterior saudita, príncipe Saud al-Faiçal, a fim de articular ações conjuntas relativas ao Estado Islâmico. Vejam como é essa briga de foice no escuro: sauditas e iranianos são inimigos na crise síria, porque o Irã apoia Bashar e os sauditas financiam e armam os rebeldes; Já os dois países teocráticos se aliam para combater o califado, pois o ESIS pretende, reabilitando o califado de Bagdá, derrubar a todos os demais regimes (que eles chamam de fronteiras artificiais). Então, eles podem atuar em todos os países da região e do mundo.
Isto não é tudo, como diz o jornalista Abou-Alsamh: “Mas todos estão bem cientes da duplicidade do regime sírio em suas relações com o Estado Islâmico, que combate, mas, ao mesmo tempo, compra seu petróleo e lhe vende armas”. Isto mesmo: a Síria financia o ESIS comprando o petróleo iraquiano que caiu em seu do califado na região de Mossul. Com este dinheiro os jihadistas compram armamentos, de quem? Do governo sírio de Bashar al-Assad, que sabe que tais armas serão usadas contra ele, mas também contra as demais oposições que lhe fazem guerra.
É por isto que Obama hesita e que Cameron não quer mandar4 seus “Tommies” mais uma vez para os desertos do Levante. Então os jihadistas chamam Jiad John para degolar mais um para fazer a opinião pública empurrar seus líderes para o front. Claro, com as grandes potências em campo a guerra ganha novas proporções e vai correr mais dinheiro. No outro lado do Mar Negro, quietinho, Vladimir Putin espera com as barbas de molho o momento em que será também arrastado para o mesmo lado os demais ocidentais, quando seus muçulmanos chechenos se apresentem para entrar em campo.
CurtirCurtir