“Araguaia – Histórias de amor e de guerra”, novo livro do jornalista Carlos Amorim, será lançado em 20 de outubro.

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A Editora Record vai lançar, em 20 de outubro, o novo livro do jornalista Carlos Amorim. “Araguaia – Histórias de amor e de guerra” descreve o conflito armado no Sul do Pará, durante o regime militar. O episódio ocorreu em um cenário de matas virgens e grandes rios, onde havia forte tensão social, provocada pela colonização desorganizada da Amazônia. A guerrilha, organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi a maior e mais feroz resistência contra a ditadura. Para enfrentar o movimento comunista, as Forças Armadas realizaram “a maior mobilização de combate desde a Segunda Guerra Mundial”, de acordo com o autor. Foi o episódio de enfrentamento mais importante do ciclo militar de 1964. A luta nas matas do Araguaia, na região amazônica, durou de abril de 1972 até a retirada das tropas federais, em janeiro de 1975.

Os corpos de guerrilheiros eram exibidos em praça pública.

Os corpos de guerrilheiros eram exibidos em praça pública.

Mas, ao todo, foram dez anos de luta, envolvendo 20 mil moradores da região. Em seu trabalho, o jornalista considera que o primeiro militante do PCdoB a chegar na área do conflito, em 1966, já tinha a tarefa de implantar as bases guerrilheiras. E que o ato final ocorreu em 1976, quando as forças de segurança localizaram, em São Paulo, o Comitê Central do partido, cujos dirigentes foram mortos ou capturados. De um ponto de vista histórico, segundo o autor, “foi o mais importante acontecimento de luta no campo após a Guerra de Canudos”. O general Hugo de Abreu, comandante da Brigada Paraquedista do Exército, que teve papel decisivo na eliminação do foco guerrilheiro, comenta no livro: “(O Araguaia) foi o mais importante episódio de luta armada rural de todos os tempos”.

Dina e Antônio, casal de combatentes do PCdoB.

Dina e Antônio, casal de combatentes do PCdoB.

“Araguaia – Histórias de amor e de guerra”, segundo Amorim, “não tem a pretensão de esgotar o tema”, mas apresenta um quadro muitas vezes inédito do conflito, com informações e depoimentos surpreendentes. A campanha no Sul do Pará resultou em um número indeterminado de mortos e feridos. Dezenas de pessoas estão desaparecidas até hoje e seus restos mortais jamais foram encontrados. O autor esclarece que a guerrilha reuniu entre 114 e 140 combatentes, incluindo lavradores locais que aderiram ao movimento. Isso é duas vezes maior do que a guerrilha do “Che” Guevara na Bolívia, em 1967, que dispunha de 49 homens e uma mulher.

De um ponto de vista tático e estratégico, o governo militar cometeu erros inexplicáveis, sofrendo derrotas e baixas. No último ano da campanha, optou por uma contraguerrilha, criando uma unidade leve e descentralizada de apenas 750 homens, que entrou na mata e destruiu o movimento rebelde em poucos meses. “A luta no Araguaia”, diz o autor, “foi de uma brutalidade impressionante, com violência de parte a parte, execuções sumárias, decapitações, tortura e perseguições contra inocentes”. A terceira expedição militar, iniciada em outubro de 1973, “foi uma campanha de extermínio, porque a ordem era não fazer prisioneiros e eliminar qualquer vestígio de que a luta tenha existido”.

O primeiro militar morto em combate.

O primeiro militar morto em combate.

Mas o autor toca num ponto delicado: a guerrilha comunista teria executado moradores locais e até um de seus integrantes. “Isso é um verdadeiro tabu para a esquerda brasileira”, acrescentou. O jornalista também deixa claro: “eu não quis julgar o que aconteceu no Araguaia, só quis entender”. A obra é resultado de dez anos de pesquisas e dois anos de redação. Mesmo assim, o autor garante que esteve longe da história completa da guerrilha:

_ Optei por chamar o livro de histórias de amor e de guerra porque se trata de fragmentos de uma história que jamais será esclarecida. Da mesma forma como as suas vítimas jamais serão encontradas.

O livro tem prefácio do jornalista Palmério Dória, um dos primeiros a relatar o conflito. E comentários de José Antônio Severo, jornalista, escritor e historiador militar brasileiro. O livro tem 550 páginas e um encarte com fotos nunca vistas pelo grande público. Agora o jornalista Carlos Amorim trabalha para transformar o livro em roteiro de um documentário de longa metragem, que acaba de ser aprovado pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) brasileira, com base nas leis de incentivo fiscal para projetos de audiovisual.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Uma resposta para “Araguaia – Histórias de amor e de guerra”, novo livro do jornalista Carlos Amorim, será lançado em 20 de outubro.

  1. Taís Morais disse:

    Por favor, entre em contato comigo. Seu livro utiliza fotos minhas sem o devido crédito.

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