
Ministro Teori: voto decisivo
O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, declarou hoje (24 fev) que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) o fim do sigilo sobre as denúncias de corrupção na Petrobras que envolvem políticos. Até agora, o relator do caso, ministro Teori Zavascki, tem mantido segredo a respeito de dezenas de parlamentares, governadores e líderes partidários citados no “petrolão”. Até o fim desta semana, Janot deve apresentar denúncia formal contra o que se imagina ser uma lista de 38 políticos que desfrutaram de desvios do dinheiro público. Bilhões de reais. Supostamente, nesta lista estão dois governadores eleitos: um do PMDB e outro do PT. Além disso, deputados, senadores e líderes partidários, inclusive da oposição. As especulações estão nas páginas dos diários brasileiros.
Os analistas políticos acreditam que o relator do processo no STF vai manter o sigilo. Desta forma, antes que a denúncia seja aceita e transforme os corruptos em réus, a opinião pública não vai saber quem são os patifes. Isto já está provocando divisões internas na Suprema Corte: nesta terça-feira, o ministro Marco Aurélio declarou à rádio CBN que “uma ampla divulgação ajuda a dar consequência ao processo”. Ele deve se lembrar – é claro – do espetáculo midiático da Ação Penal 470, o processo do “mensalão”, cujo julgamento foi transmitido ao vivo pela TV. Só que, dessa vez, o caso atinge o coração da oposição. Chega ao governo de Fernando Henrique Cardoso, quando teria tido início o desvio de verbas da Petrobras. Pior: atinge o próprio presidente do PSDB à época, Sérgio Guerra, segundo especulações da imprensa, já falecido. E isso muda tudo.
Por ocasião do processo do “mensalão”, que derrubou dois ministros do governo Lula, Pallocci e Dirceu, além do presidente do PT, José Genoino, não houve nenhum segredo de justiça. Porque o projeto político por trás da ação penal era atingir o próprio presidente da República. O “mensalão” foi um duro golpe contra o PT, que quase resultou na perda de espaço político e eleitoral do partido. Lula conseguiu se reeleger. Depois, Dilma venceu e se reelegeu. Mas a imagem pública do PT foi para o saco. Dos 40 acusados no “mensalão”, 27 foram condenados, alguns com penas de dezenas de anos de prisão, fato inédito na história do país. No Patropi, só um por cento dos crimes violentos resultam em condenação.
Agora, no caso do “petrolão”, há uma preocupação inexplicável sobre sigilo. Por que? Você que lê esse artigo há de se perguntar: é porque dessa vez atinge a oposição, à qual a grande mídia se alia? Vai haver um apagão de informações? Provavelmente, vai.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.