
Um milhão de pessoas na Avenida Paulista.
A presidente Dilma Rousseff enviou ao Congresso, nesta terça-feira (17 mar), um pacote de medidas contra a corrupção. A pressão das ruas obrigou a desengavetar o projeto, previsto desde as grandes manifestações de 2013. A presidente fez discursos, deu entrevista coletiva e mobilizou o ministério para dar explicações. Um desses ministros, aliás, cometeu o erro de declarar que aqueles manifestantes eram pessoas que não votaram no PT. Óbvio, não? Mas isso não apaga o significado político do protesto gigantesco: ninguém aguenta mais o espetáculo de corrupção no país.
Curiosamente, a maior manifestação oposicionista não contou com os líderes da oposição. Aécio Neves, por exemplo, postou um vídeo estimulando o povo a sair às ruas. Mas ele mesmo não foi. Como explicar? É fácil. O povo está cheio dos políticos em geral, que considera um bando de ladrões. A oposição não apareceu porque temia ser hostilizada, vista como farinha do mesmo saco. Nos protestos só havia o verde e amarelo e a bandeira do Brasil. Famílias inteiras estavam nas passeatas convocadas pelas redes sociais, mostrando o poder do mundo virtual sobre os meios de comunicação tradicionais. Os políticos viram pela TV.

Protesto sem políticos e sem partidos.
O pacote contra a corrupção prevê pelo menos duas medidas duríssimas: confisco e venda pública dos bens adquiridos com dinheiro ilícito (como já acontece com o tráfico de drogas) e a transformação da corrupção em crime hediondo. O projeto também pretende acabar com o financiamento empresarial de campanhas políticas, que sempre foi a principal fonte de desvios e desmandos na história da República. Tudo isso, porém, depende do Congresso para virar lei. É aí que o bicho vai pegar: a maioria dos políticos – uma casta privilegiada em nosso país – é contra.
Como desatar esse nó? Só com uma gigantesca pressão das ruas. E já está marcado um novo protesto para o dia 12 de abril. A divulgação do relatório preliminar da “Operação Lava-Jato” pôs mais lenha na fogueira: 485 pessoas e empresas investigadas, entre as quais as maiores empreiteiras do país e os presidentes das duas casas legislativas; dez bilhões de reais desviados.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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