Itália manda Henrique Pizzolato, condenado no “mensalão”, cumprir pena no Brasil. Mas o que realmente vai acontecer?

Ex-diretor do Banco do Brasil vai para a Papuda?

Ex-diretor do Banco do Brasil vai para a Papuda?

As mais altas cortes de justiça italianas decidiram extraditar Henrique Pizzolato para o Brasil. A última sentença foi anunciada ontem (4 jun), em Roma. Mas a coisa não é assim tão simples. Pizzolato, cidadão ítalo-brasileiro, pode recorrer ao Conselho de Estado. Esta é uma instância política – vide o nome – e não exatamente um tribunal. Impedir ou suspender a extradição do “mensaleiro” seria um ato de governo. Coisa muito difícil de acontecer. Especialmente, porque o Ministro da Justiça daquele país já se pronunciou no sentido de “devolver” o sujeito ao Brasil.

No processo do ”mensalão” (Ação Penal 470 da nossa Suprema Corte), ele foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão em regime fechado. Fugiu do país, usando um passaporte falso, em nome do irmão, falecido muitos anos antes. Com mandado mundial de prisão expedido pela Interpol, foi apanhado na Itália. Alegou que não sobreviveria ao encarceramento no Brasil (veja o post anterior). A um senador italiano, um tanto ingênuo, declarou: “Prefiro morrer a cumprir prisão no Brasil”. Com base nisso, seus advogados entraram com um recurso desesperado, supostamente para salvar a vida desse cidadão italiano. Foi rejeitado.

O "mensaleiro" dá entrevista na Itália.

O “mensaleiro” dá entrevista na Itália.

Muito bem: vamos admitir, como provável, que o tal Conselho de Estado recuse o último apelo de Pizzolato. O que vai acontecer em seguida? A Procuradoria Geral da República (PGR), com apoio da Polícia Federal, manda um grupo de agentes e procuradores à Itália, pagos pelos contribuintes nacionais, que trazem o sujeito de volta. Provavelmente, sem algemas, em voo comercial. O destino é a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Certamente, Henrique Pizzolato não será executado na prisão. Nem há executores. Veja, a seguir, o que de fato vai acontecer.

O passaporte falso.

O passaporte falso.

Pizzolato, ao ser trancafiado na Papuda, já desconta de sua pena um ano passado em confortáveis presídios italianos. Isso quer dizer: fica devendo mais ou menos 11 anos atrás das grades. Três anos depois, tem progressão de pena para o regime semiaberto: sai da cadeia às 6 horas da manhã e volta às 6 da tarde, para estudar ou trabalhar. Todo o tempo de estudo ou trabalho resulta em remissão da pena. Nesse regime, fica uns 3 anos. Ou menos. A seguir, progride para a prisão aberta. Ou seja: vai para casa.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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