
Delegados da PF durante a coletiva. Foto da Folha.
Na madrugada dessa sexta-feira (19 jun), centenas de agentes federais foram mobilizados para prender a elite dos executivos de empreiteiras brasileiras, inclusive os presidentes de duas das maiores companhias do país, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht. Trata-se da 8ª fase da “Operação Lava-Jato”, que investiga o chamado “petrolão”. Em entrevista coletiva na manhã de hoje, os delegados da PF disseram: “ninguém está acima da lei, nem por seus altos cargos, nem por seu poder econômico”. Esses homens do poder são acusados de um desvio inacreditável de dinheiro público, em torno de 20 bilhões de reais.
As acusações: formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de cartel para fraudar licitações públicas. Para quem não sabe, crime organizado é isso: gente acima de qualquer suspeita roubando descaradamente. E roubando bilhões! O mesmo tipo de pessoa que defende o endurecimento das leis contra os pobres. Nesse caso, os delegados federais disseram que os crimes ocorriam há mais de 15 anos. Portanto, atingindo governos do PSDB e do PT. Se 20 bilhões de reais virassem comida, não haveria mais famintos no Brasil.

Empreiteiros presos, em reprodução da Folha.
Evidentemente, uma ação policial desta envergadura mostra que o Brasil está consolidando as instituições democráticas. Mas as dúvidas continuam: por que a PF ainda não investiu contra os políticos envolvidos na maracutaia? Porque precisa de autorização do Judiciário, uma vez que os políticos dispõem de foro privilegiado. E por que o Judiciário não dá autorização? Essa pergunta ainda não tem resposta. Mas a própria PF nos dá uma pista: “Estamos atrás dos empregadores, não dos empregados” (ver a edição online de hoje da Folha de S. Paulo). Isto significa que os políticos são apenas “empregados” do poder econômico. Quem manda mesmo são os empreiteiros. Quanto maiores, mais poderosos, controlando a política através de doações de campanha ou de propina.
Este é o nosso país, sem maquiagem. Os investigadores da “Lava-Jato” também informaram que os crimes cometidos vão além da Petrobras, atingindo muitas outras obras públicas. Entre elas, a construção da usina nuclear de Angra 3. Agora: imagine esse tipo de gente construindo uma usina nuclear.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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