Madrugada de terror em São Paulo recebe condenação da Comissão Internacional de Direitos Humanos da OEA e tem repercussão mundial. A chacina, que deixou 18 mortos e 6 feridos, tem policiais como suspeitos.

O massacre de Osasco e Barueri: uma noite de terror.

O massacre de Osasco e Barueri: uma noite de terror.

Durante a noite e a madrugada de 13 de agosto, Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, viveram momentos de puro terror. Dois grupos de 10 homens, usando carros e motos, percorreram a periferia das duas cidades abrindo fogo indiscriminadamente contra 26 pessoas. Usando toucas ninja, atacaram bares de gente pobre, supostamente pontos de venda de drogas. Com pistolas automáticas calibre 380, 9mm e 45, além de revólveres 38, mataram 18 pessoas e feriram outras seis. Entre as vítimas, praticamente ninguém tinha antecedentes criminais.

O massacre no maior aglomerado urbano do país, que soma 20 milhões de habitantes na região metropolitana de São Paulo, cerca de 9% do total de brasileiros, é um ato inaceitável. Em um país dito democrático – a 7ª economia do mundo capitalista -, esse tipo de acontecimento nos cobre de vergonha. Imagens de televisão correram todos os cantos do planeta, aumentando a sensação de que aqui vivemos um reinado da violência. Em dois dias anteriores ao massacre, um guarda civil (GCM), proprietário de um pequeno negócio, e um sargento da Polícia Militar local, foram assassinados durante assaltos. Esta teria sido, supostamente, a causa da chacina. Uma resposta corporativa a dois homicídios que normalmente ficariam impunes.

O bar de periferia, palco do maior dos crimes.

O bar de periferia, palco do maior dos crimes.

A morte dos dois agentes das forças de segurança teria motivado a reação desproporcional e injusta. Foi essa a conclusão da Comissão Internacional de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. O governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, disse aos jornalistas que os ataques, ocorridos em 11 localidades diferentes, foram “gravíssimos”. E que tudo será feito para apontar os culpados. É o idioma padrão em tais casos. O governador não disse nada sobre indenizar as famílias das vítimas. Mas, humildemente, apresentou as suas desculpas, como uma forma de antecipar o envolvimento dos agentes da lei.

O secretário da segurança pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, argumentou que as autoridades agiram rapidamente para capturar todos os envolvidos. Só que tal coisa não aconteceu. Até agora. A perícia apreendeu algumas armas oficiais, cujo calibre pode coincidir com as utilizadas nos crimes. Nenhum resultado.

Uma das vítimas da chacina. Policiais são suspeitos.

Uma das vítimas da chacina. Policiais são suspeitos.

Os mortos foram enterrados. O drama das famílias continua. E as acusações da Organização dos Estados Americanos (OEA), funcionam como um amplificador em termos mundiais. Aqui: nenhuma conclusão.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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