A crise dos refugiados comove o mundo. Mas comoção não resolve o problema: uma onda de fugitivos da África e do Oriente Médio vai invadir a Europa.

O pequeno Aylan Kurdim cuja morte comoveu o mundo.

O pequeno Aylan Kurdim cuja morte comoveu o mundo.

Centenas de milhares de pessoas estão fugindo da África oriental, da Síria, Iraque e Líbia. São famílias acossadas pela fome e a guerra, tentando desesperadamente encontrar abrigo numa Europa que padece da maior crise econômica do pós-guerra. Analistas internacionais acreditam que o número de migrantes deve atingir a casa de 2 milhões até o fim do ano que vem. Na Síria, um país de 22 milhões de habitantes, metade da população perdeu suas casas. Ou seja: 11 milhões de pessoas estão em fuga. Deste total, 7 milhões estão em campos de refugiados ou vagando pelo deserto. E 4 milhões deixaram a Síria. Talvez seja a maior tragédia humanitária deste século.

A morte de um menino sírio de apenas 3 anos de idade, afogado numa praia da Turquia, a poucos quilômetros de uma ilha grega, abalou a opinião pública mundial. A tragédia do pequeno Aylan Kurdi produziu uma reviravolta entre os governos e os políticos europeus. Queriam fechar as fronteiras, mas agora mudam de posição e aceitam receber os refugiados de acordo com um critério de “cotas”. Como se fossem gado – ou um tipo qualquer de produtos de importação. A Alemanha, o país mais rico da CEE, diz que está preparada para absorver 500 mil refugiados nos próximos anos.

Fuga em massa para a Europa.

Fuga em massa para a Europa.

O que estamos assistindo é um êxodo moderno, semelhante à diáspora dos judeus. Mas  são muçulmanos, o que provoca arrepios na civilização braça europeia. Muitos temem que entre os refugiados venham também os terroristas islâmicos. É uma crise quase intransponível. Angela Merkel, a poderosa chanceler alemã, afirmou que o êxodo “vai mudar a Alemanha para sempre”. No entanto, a Europa pode se beneficiar dessa imigração em massa. Por que? Porque há décadas a população da região está diminuindo. As taxas de crescimento demográfico são negativas há pelo menos 30 anos. Falta mão de obra para as tarefas menos qualificadas, como limpeza urbana, construção civil e outras atividades braçais.

Cenas assim não eram vistas desde a Guerra dos Balcãs.

Cenas assim não eram vistas desde a Guerra dos Balcãs.

Só que tolerar os refugiados não resolve o problema. Ao contrário, tende a aumentá-lo, proporcionando esperanças de uma vida melhor para outras centenas de milhares de pessoas em fuga. Basta lembrar o seguinte: além das guerras brutais, nas regiões pobres do mundo morrem 11 crianças por minuto, vítimas de moléstias provocadas pela fome, segundo dados divulgados pela ONU nesta quarta-feira (9 set). Se o mundo dito civilizado não atacar as causas da tragédia, o problema vai se agravar.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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