
Reforma ou renovação? Dilma está perdida?
Nesta sexta-feira (2 out), a presidente Dilma Rousseff anunciou, finalmente, a reforma ministerial. Foi menor do que o previsto. Acabou com 8 ministérios, fazendo fusões entre as pastas. Foi mais um acerto político do que uma redução da máquina pública. Deu mais espaço ao PMDB, numa tentativa de facilitar as negociações com um Congresso rebelde e aumentar a governabilidade. Chegou, inclusive, a dar um ministério para um aliado de Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados e arqui-inimigo do governo petista, com vistas a obter apoio da bancada fluminense do partido. Ou seja: um freio de arrumação.
Disto deve resultar muito pouco em termos de ajustes das despesas públicas. Suprimiu apenas 3 mil cargos comissionados e 30 secretarias, quando há no país cerca de 1 milhão de cargos públicos. Mas ela avançou no que diz respeito às negociações com o Congresso Nacional. Por exemplo: tirou Aloizio Mercadante da Casa Civil, cargo que corresponde ao de um primeiro-ministro. No lugar, coloco Jacques Wagner, que estava da Defesa, um amigo de Lula. Tido como um negociador político mais eficiente. Mandou Mercadante para a pasta da Educação. Tirou Aldo Rebelo do cargo de Ciência e Tecnologia, do PCdoB, para a Defesa. Como o comunista histórico vai se relacionar com os militares?
Dilma entregou a Saúde para o PMDB, em nome de Marcelo Castro, o ministério que tem o maior orçamento da União. Até mesmo as crianças da escola primária sabem que a reforma ministerial não terá qualquer influência sobre o mundo real de vida dos brasileiros. Não vai reduzir a inflação, nem os juros bancários, nem o desemprego. Talvez facilite a aprovação de algumas medidas de ajuste no Congresso. E lá se vai o ano de 2015, ainda sem soluções. Com isso, o ajuste das contas públicas ficou para 2017.
Com essa reforma ministerial, Dilma aprofundou as contradições com o próprio Partido dos Trabalhadores (PT). Aumenta contra ela a resistência dos petistas. E ela sabe que não poderá participar das eleições presidenciais de 2018. Dilma e Aécio Neves (PSDB-MG) podem ter as contas de campanha impugnadas pela Justiça. Portanto, sobram Lula e Serra (ou talvez Alckmin e FHC). E não podemos esquecer de Marina Silva e Luciana Genro. Quero dizer: o cenário é sombrio e indefinido.
Ah, sim: Dilma também anunciou a redução em 10% dos salários de Presidente e Vice-Presidente da República: passam de 30.954,70 para 27.841,23 de reais. Ainda assim, continuam maiores do que 95% da população trabalhadora do país.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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