Impeachment: Eduardo Cunha continua a pressionar o governo. Agora ele ameaça revelar conversas secretas com o Planalto. Pesquisa Datafolha: 81% dos brasileiros querem a cassação do deputado. Outros 67% dizem que Dilma é péssima.

 

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Cunha continua a chantagear o governo.

Está claro em todo o noticiário sobre a abertura do impeachment contra Dilma Rousseff que o presidente da Câmara dos Deputados estava chantageando o governo. Ele queria trocar o processo conta a presidente pelos três votos do PT na Comissão de Ética da Câmara, que pode cassar o mandato dele por falta de decoro. Quem jogou a última gota de gasolina na fogueira foi o presidente do PT, Ruy Falcão. O petista comentou com os jornalistas que os deputados do partido na Coimissão de Ética votariam contra Eduardo Cunha. Imediatamente, foi aceito o pedido de impeachment.

Na tarde desta quinta-feira (3 dez), a ação contra Dilma foi lida no plenário da Câmara, dando início ao processo. Ao mesmo tempo, em entrevista coletiva, Cunha chamava a presidente de mentirosa e ameaçava revelar conversas secretas entre ele e o governo no que se refere à aprovação, cada vez mais remota, da CPMF. No Congresso, os observadores afirmam duas coisas: Cunha não escapa do processo por falta de decoro e não conta com os 342 votos necessários para cassar a presidente. Na verdade, Dilma precisa de 171 votos para derrubar o pedido. Só o PT e o PCdoB, aliados firmes, somam 80 votos na Câmara. E se o processo do Conselho de Ética chegar ao plenário, há uma boa chance de Cunha perder o cargo de presidente e o próprio mandato.

Na verdade, Eduardo Cunha corre riscos maiores do que Dilma. Se perder o foro privilegiado, as acusações de corrupção contra ele na operação Lava-Jato, inclusive as contas na Suíça e a sonegação fiscal, saem do Supremo Tribunal e vão bater nas mãos do juiz Sérgio Moro. Aí, a barra pesa. De caráter excessivamente agressivo, sem a menor elegância, o deputado peemedebista queimou todas as pontes. Não pode mais renunciar à presidência da Câmara – e o impeachment agora parece irreversível e Cunha terá que obter os tais 342 votos. Se a ação contra Dilma cair, Cunha vai para o espaço. Diz o Datafolha: 81% dos brasileiros querem a cassação dele.

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De novo, um país dividido.

Todo esse imbróglio político mostra que o governo é fraco. Está paralisado e sem apoio popular (67% de reprovação no Datafolha). Agrava a crise econômica e faz aumentar a desconfiança do capital nacional e estrangeiro. Provavelmente, as agências internacionais de avaliação de crédito vão rebaixar a nota brasileira. Só os banqueiros e os especuladores estão gostando da crise: hoje a bolsa subiu, puxada pela alta das ações dos bancos, e o dólar baixou. Mas o empresariado sério, produtivo, que acredita no país, está de cabelo em pé. Vai continuar pisando no freio. Isso quer dizer: mais desemprego e mais recessão. A inflação mordeu o cabresto. O Banco Central, que deveria ter iniciado o corte dos juros, deixou o problema para o ano que vem, quando será tarde demais. E a banca, sorridente, cobra juros de até 400% ao ano, quando a Selic é de 14,25%.

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Radicalismo político pode gerar confronto e vi0lência.

E tem mais: como a História ensina, a elevação da temperatura política produz radicalismos de parte a parte. E radicalismo gera confronto. Ninguém se espante se houver violência nas ruas do Patropi. Querem ver o circo pegar fogo em Brasília, mas se esquecem das consequências sociais. Você, leitor, está preparado para a volta dos black blocs?

 

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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3 respostas para Impeachment: Eduardo Cunha continua a pressionar o governo. Agora ele ameaça revelar conversas secretas com o Planalto. Pesquisa Datafolha: 81% dos brasileiros querem a cassação do deputado. Outros 67% dizem que Dilma é péssima.

  1. Monica Zafita disse:

    Compartilhado!

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  2. Diana Barros disse:

    Quem estava chantageando quem pouco me importa, mostra quanto sujeira existe mas Dilma tem q ir e o Cunha vai logo depois… O Black Bloc sendo de esquerda não acredito q voltem as ruas.mas aquela massa verde e amarela vai sim! Se Deus quiser!

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