Relatório Fachin: voto de ministro impõe severa derrota ao governo. Ao mesmo tempo, Procuradoria Geral pede ao STF afastamento de Eduardo Cunha, enquanto dezenas de milhares vão às ruas defender Dilma Rousseff.

impeachment 07

Voto do ministro Fachin impõe derrota ao governo.

                                   O voto do ministro Luiz Édson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a respeito do processo de impeachment de Dilma, se revelou uma séria derrota política para o governo. Ele decidiu que o presidente da Câmara dos Deputados podia aceitar sozinho o pedido inicial da ação para cassar a presidente. Disse ainda, em voto que durou quase cinco horas (e era apenas um resumo), que a Câmara podia votar secretamente – e em duas chapas independentes – para escolher a Comissão Especial do impeachment. Alegou que a aceitação do início do impeachment não precisava de defesa prévia de Dilma. Cunha não tinha que esperar a opinião da presidente. E Fachin também assentou que o Senado não pode se recusar a abrir o processo. Pura dinamite.

                                   Ao analisar hoje (16 dez) um pedido do PCdoB para derrubar as decisões da Câmara (ADPF 378), o magistrado foi cáustico: detonou 8 dos 11  pedidos do partido, aceitou parcialmente 2 e apenas 1 integralmente. Ou seja: o recurso naufragou. É bom explicar que os pontos aceitos eram apenas questões técnicas, que não afetariam o prosseguimento da ação contra Dilma. Quem um dia chamou Édson Fachin de “cabo eleitoral de Dilma”, enganou-se redondamente. A presidente terá vida difícil se este voto for aceito pelo plenário do STF, o que pode acontecer nos próximos dois dias.

                                   No entanto, resta um alívio ao Planalto: Eduardo Cunha e a Câmara não poderão determinar o afastamento da presidente por 180 dias, enquanto o caso é julgado. Esta decisão caberá ao Senado de Renan Calheiros, onde o governo tem uma posição mais confortável. E o magistrado também afirmou: de agra em diante, após a instalação da Comissão Especial, todas as demais decisões terão de ser por 2/3 dos votos da Câmara e do Senado. Nada de maioria simples, como foi na última sessão da Câmara. Pior: as votações terão de ser nominais e abertas, dificultando as traições de última hora. Isso conta a favor da presidente, mas ela amarga uma das piores avaliações públicas da história do país.

impeachment 06

Protestos contra Cunha e o impeachment aumentam nas ruas.

                                 Enquanto o show rolava na Suprema Corte, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para apoiar a presidente. Segundo o Datafolha, só em São Paulo, foram 55 mil ocupando a Avenida Paulista. Houve protestos contra Eduardo Cunha e o impeachment em várias capitais brasileiras. Para complicar ainda mais a situação, no fim da tarde, logo após o encerramento da sessão no Supremo, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, apresentava ao tribunal um pedido de afastamento de Cunha, tanto do mandato de deputado federal quanto do cargo de Presidente da Câmara. Segundo o procurador, Eduardo Cunha estaria usando as prerrogativas da função para obstruir as investigações contra ele mesmo.

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Ex-governador tucano condenado a 20 anos e 10 meses de prisão em Minas Gerais.

                                   E a noite da quarta-feira ainda reservava outras surpresas. Primeiro correu a notícia de que Lula havia prestado depoimento à Polícia Federal, cujo teor ao foi revelado. E pouco depois ficamos sabendo que uma juíza mineira condenara o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) a 20 anos de cadeia por causa do “mensalão” mineiro, um escândalo de corrupção ligado às eleições tucanas naquele estado. Lula, de acordo com a PF, não é acusado de nada – e Azeredo pode recorrer em liberdade. Foi um dia inflamado. E ainda não acabou. A qualquer momento outra notícia-bomba pode estourar. Talvez o pedido de demissão do ministro Joaquim Levy, esperado a qualquer momento.

                                   E amanhã tem mais STF.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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3 respostas para Relatório Fachin: voto de ministro impõe severa derrota ao governo. Ao mesmo tempo, Procuradoria Geral pede ao STF afastamento de Eduardo Cunha, enquanto dezenas de milhares vão às ruas defender Dilma Rousseff.

  1. Tercilia de Jesus Reis disse:

    Tudo isso aínda sinto o dedo do Cunha e dos aliados dele,A Presidenta Dilma nada foi provado para impeachment,ela foi eleita pelo o voto do povo brasileiro,nãobpode ferir a constituíção,a Presidenta Dilma,essa pedalada feita foi para cumprir os seus compromissos com as obras sociais,nãobfoi para o bolso dela,e,foi devolvido.O povo quer saber onde o filho do FHC arranjou dinheiro para ser sócio da Disney,e quando o Aécio vai ser investigado,como também o FHC.SEJAM JUSTOS,A NOSSA JUSTIÇA NÃO PODE E NEM DEVE SER MANIPULADA.A DILMA UMA MULHER ÍNTEGRA,GUERREIRA,NADA DESABONA A SUA INTEGRIDADE,NÃO EXISTE NADA PROVADO PARA O IMPEACHMENT.O Cunha agiu a favor dos seus próprio intersse,usando do seu poder diabólico para permanecer no poder,então,nada seria descoberto contra ele e os seus cúmplices.

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    • Carlos Amorim disse:

      Obrigado pelo comentário. Continue participando do nosso site.
      A sua opinião é muito importante para nós.
      abs
      Camorim

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    • Diana disse:

      PSDB O DIABO DE 13 ANOS Q INCOMODA TANTOS… LOL… INVESTIGA! POR FAVOR!
      EXIGE A DILMA ISSO! sua presidAnta!!! LOL
      NÃO ESQUECE O RENAN !! LEVA TODOS PARA CADEIA! por favor! O Lula e a Dilma tmb!
      QUERO LÁ SABER DO PSDB??! NÃO FOI ELE QUE QUEBROU O PAIS AGORA! FOI A DILMA PARA GANHAR AS ELEIÇÕES.
      E NÃO SOU PSDB!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
      NEM DIREITA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
      AGORA SER DO PT NÃO SOU PODE TER CERTEZA, TERIA VERGONHA DE AFIRMAR TAL COISA.
      HAJA PACIÊNCIA PARA ESSE DISCURSO SEM SENTIDO… ACHA QUE VOU DEFENDER BANDIDO? NUNCA.
      ROUBOU VAI PRESO SEJA ELE QUEM FOR.
      DEMOCRACIA TEM IMPEACHMENT E FAZ PARTE DA CONSTITUIÇÃO. SE INFORMA.

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