
A juíza Maria Priscila. Foto Bing.com.
A juíza Maria Priscila Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, decidiu, nesta segunda-feira (14 mar), que o pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente Lula não é assunto para a justiça estadual. No despacho, a magistrada, considerada discreta e atenta aos detalhes técnicos, esclarece que as denúncias contra Lula foram uma tentativa de “trazer para o âmbito estadual algo que já é objeto de apuração e processamento pela 13ª Vara Federal de Curitiba (Sérgio Moro) e pelo Ministério Público Federal”. Com isso, desautoriza os promotores paulistas que queriam ver a caveira de Lula.
Agora: Sérgio Moro terá que se debruçar sobre os 36 volumosos pacotes de papéis (cerca de 7 mil páginas) produzidos pelo MP paulista. A maçaroca de documentos (há quem escreva massaroca, como Engels foi confundido com Hegel) vai tomar muito tempo do comandante da Lava-Jato, hoje elevado à condição de herói nacional. Pela ordem natural das coisas, Moro também terá que enviar a papelada para o MPF. Só a partir de um pronunciamento dos procuradores federais é que o pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente seguirá para sentença, dando espaço à ampla defesa de Lula. Foi um tiro no pé.
Nos bastidores, conforme se lê na Folha Online de hoje (edição das 16h03m), a juíza ficou incomodada com a superexposição do caso, manchete no Brasil e no mundo. Optou por lavar as mãos, tomando a decisão técnica inquestionável. É bom para Lula? Duvido. O ex-presidente terá que se ver diretamente com a Lava-Jato.
Mais um pouquinho de gasolina na fogueira. Os observadores do meio jurídico, no entanto, acham que foi bom para Lula. Sérgio Moro tem se pautado pelo cuidado extremo em termos técnicos. Qualquer erro pode custar a carreira dele.
Vivendo e aprendendo!
Nota: agora à noite, por volta das sete horas, a Globonews informou que os advogados de Lula decidiram recorrer da decisão da juíza Maria Priscila. Não querem que as denúncias contra o ex-presidente fiquem nas mãos de Sérgio Moro. O que eles querem, afinal?