
Um país dividido: posse de Lula tem protestos contra e a favor. Foto da agencia internacional Reuters.
O governo suíço anunciou nesta quinta-feira (17 mar) o bloqueio de mil contas bancárias em 40 instituições financeiras daquele país europeu. Quase todas são suspeitas de esconder dinheiro de corrupção no Brasil. As contas secretas somam 2,9 bilhões de reais. As autoridades suíças vão mandar à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma descrição dessas contas, seu titulares e toda a movimentação financeira dos últimos anos. Muita gente está tremendo nas bases. Inclusive, os políticos que no momento se arvoram como guardiães da moralidade.
O “dossiê suíço” será mais uma bomba na crise que envolve empresários, operadores financeiros, governantes, deputados e senadores. Desde a criação da Comunidade Econômica Europeia, nos anos 1950, e especialmente a partir dos anos 1990, o bloco aprovou leis duríssimas contra a lavagem de dinheiro. A Suíça, que já foi acusada de esconder dinheiro dos nazistas, agora é um dos países europeus que mais colaboram com investigações de corrupção. Lava-jatos, tremei!
E aqui, no Patropi, a barra está cada vez mais pesada. Lula toma posse do cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil, um super ministério, com salão cheio de apoiadores. Um deputado que foi reclamar levou um tapa na cara. Do lado de fora, protestos contra e a favor. E a tropa de choque no meio. Dilma faz discurso acusando Sérgio Moro, o comandante da Lava-Jato, de abrir caminho para um golpe, ao revelar gravação ilegal, supostamente realizada na mesa telefônica do Palácio do Planalto (ver o post anterior). Peritos já disseram que o grampo da Polícia Federal não era apenas no celular de Lula.

Dilma denuncia golpe de Estado na posse de Lula.
Na Câmara dos Deputados, o até então poderoso presidente Eduardo Cunha assopra a fogueira: instalou hoje a comissão especial que vai apreciar o pedido de impeachment da presidente Dilma. O placar contra e a favor parece pender ligeiramente a favor da presidente, que tem pequena maioria. Mas é uma briga de foice: as oposições teriam 32 dos 65 integrantes da comissão, apenas três a menos que os governistas. Outros dizem que o placar é ainda menor. Pode dar uma grande zebra. A comissão especial foi instalada numa sessão tumultuada, com ameaças de parte a parte, mas obteve 433 votos contra 1. Até o governo deseja que o processo seja julgado no menor prazo possível. Mesmo com um imbróglio desse tamanho, 79 não votaram ou não estavam presentes.

De volta a 1968: protestos podem virar conflito generalizado.
Enquanto isso, o juiz Sérgio Moro divulgava nota comparando Dilma a Nixon no caso do vazamento da conversa telefônica. Assume, finalmente, o papel de “fiel da balança”. Um juiz federal concedia liminar anulando a indicação de Lula ao ministério, por “indícios de crime de responsabilidade”. No entanto, outro juiz federal gaúcho já havia concedido liminar garantindo a posse de Lula. E isso foi antes. A Advocacia Geral da União (AGU) recorre de tudo. E dez ações deram entrada no Supremo Tribunal questionando Lula. Ou seja: mais uma vez, o judiciário vai substituir os políticos, o que demonstra a falência do Parlamento brasileiro, a fragilidade do governo e a instabilidade da democracia em nosso país.

Federação das Indústrias de São Paulo coloca faixa de luto.
Enquanto rola a briga cada vez mais aberta em Brasília, episódios preocupantes de violência chegam às ruas. Quem vestir camisa vermelha, mesmo que por acaso, apanha. O ódio a Dilma, Lula e ao PT, insuflado pela grande mídia, aumenta. É um país dividido. E estamos diante da perspectiva de um conflito generalizado.
Só os muito inocentes não percebem o perigo.