STF vai dar posse a Lula na Casa Civil. Enquanto isso, oposições discutem o loteamento de eventual governo de Michel Temer. Pesquisa do Datafolha mostra Marina Silva à frente da corrida presidencial para 2018. Dá entrada no Supremo um pedido de habeas corpus para Lula.

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Temer e Dilma, rompimento definitivo.

 

                                    Nas próximas duas semanas, o plenário do  Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria simples, deve confirmar a posse do ex-presidente Lula como Ministro-Chefe da Casa Civil. Segundo a Constituição, da qual o tribunal é guardião, escolher ministro é atribuição exclusiva da Presidência da República. Além do mais, Lula não tem condenação em tribunal de segunda instância, o que de fato impediria a posse. Aliás, ele não tem condenação alguma – e sequer é réu. Foi condenado pela mídia e pela opinião pública, é verdade, mas isso não conta no STF. Quem acompanha de perto a Suprema Corte, como esse locutor que vos fala, aposta em um placar de 7 a 4 a favor da posse, se todos os 11 ministros estiverem presentes.

                                   A decisão, porém, não muda o quadro institucional de crise aguda entre o executivo e o legislativo, que resvala também para o judiciário. A batalha decisiva se dará no Congresso, com a votação do impeachment de Dilma Rousseff. O desembarque do PMDB, e o já discutido loteamento do eventual governo Temer, faz oscilar para as oposições o balanço de forças na comissão especial que vai aprovar ou não o processo de impedimento da presidente. Ou seja: o embate mais forte vai acontecer no plenário da Câmara dos Deputados.

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                                   Para iniciar o processo, as oposições precisam de 342 votos. O governo, se obtiver 172 votos, impede o prosseguimento da ação. Hoje, Dilma pode contar apenas com 95 votos do PT, PCdoB e aliados. Falta assegurar outros 77 parlamentares contra o impeachment. Não vai ser fácil. E não dá para fazer apostas, porque o Congresso se move de acordo com os seus próprios interesses – e não os interesses do país. Outra coisa: o processo que existe no TSE, que visa anular a votação de 2014, que reelegeu Dilma e Temer, não interessa a mais ninguém. Nem ao próprio tribunal. As oposições querem ver Michel Temer no cargo de presidente, porque com ele podem se ajeitar melhor para a disputa presidência de 2018.

                                   E não vai ter moleza para ninguém. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada neste sábado (19 mar), mostra Marina Silva à frente de todos os cenários, seja contra Lula, Aécio, Alckmin, Serra ou qualquer outro. Se a eleição fosse hoje, ela iria para o segundo turno. E não se sabe quem iria com ela, de tanto que os demais candidatos estão embolados. A mesma pesquisa aponta que 68% dos entrevistados querem o impeachment de Dilma, enquanto 65% desejam que ela renuncie.

Uma atualização: neste domingo (20 mar), seis dos mais respeitados juristas do país deram entrada com um pedido de habeas corpus em favor do ex-presidente Lula. A ideia é anular a decisão do ministro Gilmar Mendes, que suspendeu a posse dele na Casa Civil e devolveu o caso para o juiz Sérgio Moro. Entre os signatários do HC, além dos advogados do petista, estão nomes de peso, como Celso Antônio Bandeira de Mello, Fábio Konder Comparato, Weida Zancaner, Pedro Serrano e outros.  O pedido foi feito diretamente ao ministro-presidente da corte, Ricardo Lewandowski.  

 

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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