Ministro do STF manda Eduardo Cunha iniciar processo de impeachment contra Michel Temer. Dilma diz que aceita convocar eleições se deputados e senadores entregarem os cargos.

 

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O ministro Marco Aurélio de Mello. Foto do portal GGN.

Quem apostou todas as fichas no afastamento da presidente Dilma Rousseff, diante das incertezas do processo na Câmara, agora quer a convocação de eleições até o fim do ano. Na manhã desta terça-feira (5 abril), em entrevista coletiva, Dilma tocou no assunto, ao ser perguntada: “Se deputados e senadores abrirem mão de seus mandatos e se submeterem a novas eleições, venham falar comigo”. Entre irônica e aborrecida, como é do estilo dela, sempre autoritária, Dilma colocou um parâmetro para a questão. É como se tivesse dito que aceita a convocação de eleições gerais, tanto para presidente, quanto para governadores, senadores e deputados.

Isto – de fato – seria uma solução honrosa para a crise política, com a livre manifestação das urnas. E Dilma entraria para a história como verdadeira Chefe de Estado. Não poderia se candidatar, mas afastaria qualquer especulação golpista e daria credibilidade ao futuro governo. É disso que precisamos. Um grande gesto, coisa de estadista. De quebra, haveria uma poderosa renovação no Congresso. Nossos políticos estão à altura desse desafio? Duvido. Em sua maioria, são larápios e oportunistas, apegados a privilégios. No entanto, com a entrevista da presidente, mesmo em tom desafiador, a questão foi colocada para discussão na sociedade brasileira. Vou repetir: trata-se de uma solução honrosa e conciliadora para todas as partes, no melhor das tradições brasileiras.

E mais lenha é jogada à fogueira. Hoje o ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal, mandou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dar prosseguimento a um pedido de impeachment contra o vice Michel Temer. O pedido, feito por um advogado mineiro, Mariel Marley Marra, havia sido sumariamente rejeitado por Cunha. A alegação do advogado é a de que Temer assinou créditos suplementares sem aprovação do Congresso, acusação que coincide com as apresentadas contra Dilma. A decisão do ministro do STF foi recebida com otimismo pelo Planalto, na medida em que vem reforçar as negociações contra o afastamento de Dilma.

Na Câmara, entre os aliados de Cunha, há quem diga que ele vai desconhecer a decisão do STF, apresentando recurso ao plenário do tribunal. Mas, se a maioria decidir a favor de Marco Aurélio, o presidente da Câmara será obrigado a dar prosseguimento ao impeachment de Temer, que hoje se licenciou da presidência do PMDB. Isto posto, a convocação de novas eleições ganha força. Por um motivo muito simples: não sobraria nem Dilma, nem Temer, nem Cunha. Nenhum deles sobreviveria ao massacre. Parte da grande mídia e partidos políticos já aderem à tese de eleições gerais. Vê-se uma luz no fim do túnel?

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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3 respostas para Ministro do STF manda Eduardo Cunha iniciar processo de impeachment contra Michel Temer. Dilma diz que aceita convocar eleições se deputados e senadores entregarem os cargos.

  1. Andre Krauss disse:

    “Entre irônica e aborrecida, como é do estilo dela, sempre autoritária, Dilma colocou um parâmetro para a questão. É como se tivesse dito que aceita a convocação de eleições gerais, tanto para presidente, quanto para governadores, senadores e deputados.

    Isto – de fato – seria uma solução honrosa para a crise política, com a livre manifestação das urnas. E Dilma entraria para a história como verdadeira Chefe de Estado. Não poderia se candidatar, mas afastaria qualquer especulação golpista e daria credibilidade ao futuro governo. É disso que precisamos. Um grande gesto, coisa de estadista. De quebra, haveria uma poderosa renovação no Congresso.”

    Eu votei na última eleição entre outros em Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes Ferreira (não eram as minhas melhores opções mas as menos piores). Não entendo porquê esses 2 (entre tantos outros) deveriam renunciar por crimes, irresponsabilidades e incompetência da chefe do executivo federal. Eles não são em nenhuma instância responsáveis pela crise.

    Nunca se pode esquecer que os “picaretas” que estão no congresso nacional foram SUFRAGADOS pela população da mesma forma que Dilma e até por isso são chamados de REPRESENTANTES do povo. Por uma lógica simples, se eles são ruins, não são piores do que os que os elegeram.

    Essa solução não tem respaldo constitucional. Seria um golpe? O que devem achar todos aqueles que foram eleitos e não tem nada a ver com a crise? GOLPE?!

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  2. Diana disse:

    Não quero novas eleições. Quero a constituição seguida como ela é, pq eu sim, defendo a democracia.

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