
O relator Jovair Arantes, à esquerda. À direita, o advogado Renato Oliveira Bastos. Imagem do portal Folha.
O parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), relator do pedido de afastamento da presidente Dilma, foi detalhado e com grande embasamento técnico. Os governistas, evidentemente, não gostaram. As oposições comemoraram. Não se esperava nada diferente disso. O próprio relator antecipara suas conclusões a jornalistas. E o texto do parecer chegou à Globonews antes de ser lido na comissão especial. Fato corriqueiro em um país onde tudo vaza para a mídia, ao sabor das conveniências.
Mas os rumos do impeachment são ainda incertos. Dilma, ministros e aliados passaram a quarta-feira (6 abril) fazendo a conta dos votos que já têm contra o processo no plenário da Câmara. No início da noite, chegaram a um número mágico: 200 votos contra o afastamento da presidente. Algo como 28 a mais do que o necessário para barrar o impeachment. Mas não explicaram como chegaram a tal conclusão. Sabe-se que Lula está em Brasília fazendo contatos com meio mundo. E o ex-presidente não deve ser subestimado. Em política, confundir desejos com fatos é um erro primário.
O relatório de Jovair só deve ser votado na próxima segunda-feira. E deputados do PT, entre eles Wadih Damous, já avisaram que vão oferecer ao plenário um relatório alternativo, para refutar Jovair ponto a ponto. De acordo com a Folha de S. Paulo (edição online de hoje, às 22:20hrs), o relator foi auxiliado pelo advogado Renato Oliveira Ramos. É ligado ao PMDB e a Eduardo Cunha. Em dezembro passado o advogado ganhou um cargo na presidência da Câmara.
Em compensação, no caso da abertura da comissão especial para estudar o afastamento de Michel Temer, ordenada pelo STF, começou a enrolação. O presidente Cunha disse ao Jornal Nacional que “os partidos não querem indicar os integrantes da comissão”. O próprio Michel Temer também falou à TV Globo, quebrando um silêncio que durava ao menos duas semanas: “Não fiz nenhuma pedalada”. Tanto a reação de Cunha, que classificou a decisão do ministro Marco Aurélio Mello de “teratológica” (sem qualquer lógica legal), quando a do próprio vice-presidente, causaram forte irritação entre os juízes da Suprema Corte.
Este conflito entre legislativo e judiciário pode resultar no seguinte: colocar na pauta do STF o julgamento do pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara. Se isto acontecer, o juiz Sérgio Moro manda prendê-lo. Ou não?
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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