
Equipes de emergência treinam socorro a vítimas de atentado. Foto de divulgação.
O governo brasileiro já gastou 1,5 bilhão de reais na montagem de um plano antiterrorista para proteger os Jogos Olímpicos do Rio, que começam no dia 5 de agosto. Já foi instalado um centro de coordenação na cidade, ligado em tempo real, via satélite, com Brasília. Dispõe de amplo banco de dados de criminosos e terroristas internacionais; usa câmeras em todos os lugares onde vão haver provas esportivas, inclusive com reconhecimento facial. Serão empregados 85 mil homens das Forças Armadas e das polícias federais e estaduais. De um total de 50 países, Estados Unidos, Espanha, Israel, Rússia, Alemanha e Arábia Saudita vão fornecer agentes para auxiliar as autoridades de segurança brasileiras na tarefa de identificar e neutralizar ameaças de atentados e sequestros de delegações estrangeiras.
Os atentados em Paris e o recente ataque na boate Pulse, em Orlando, reacenderam os temores em relação ao Rio de Janeiro. Recentemente, em entrevista à agência Reuters, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, declarou: “Acendeu uma luz maior para o terrorismo”, indicando que a ameaça é perturbadora. O militar disse temer a ação dos chamados “lobos solitários”, indivíduos que praticam atos de terror por conta própria, seguindo orientação “remota” de organizações terroristas internacionais. Não faltam motivos para tais apreensões.

Maxime, o terrorista que ameaçou o Brasil.
Há cerca de dois meses, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou a autenticidade de uma mensagem na Internet que fazia ameaças ao Brasil. Foi um texto no Twitter, cujo autor era ninguém menos que Maxime Hauchard, jihadista francês, um dos porta-vozes do Estado Islâmico (ISIS). A postagem foi feita em novembro do ano passado, após os atentados em Paris, e replicada várias vezes em 2016. Mas só agora, com a colaboração de serviços de inteligência de outros países, a Abin conseguiu confirmar a autoria. O texto de Maxime, que tem apenas 23 anos, dizia: “Brasil, vocês são nosso próximo alvo. Podemos atacar esse país de merda”. O terrorista é muito conhecido mundialmente. Ele aparece em vídeos do Estado Islâmico lendo mensagens em francês contra o Ocidente infiel. Já foi filmado na cena de decapitações coletivas de prisioneiros na Síria. Esse cara é um perigo.
O chefe da recém-criada Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, do Ministério da Justiça, André Rodrigues, declarou à mesma agência inglesa de notícias: “Teremos pessoas de todo o mundo para compartilhar melhor as informações e aconselhar umas às outras em suas respectivas áreas de domínio”. Os especialistas internacionais apontam a fragilidade de nossas fronteiras como o maior problema: são 16 mil quilômetros de território compartilhado com os vizinhos, sendo que por essas fronteiras passam habitualmente drogas e armas.

Em francês, as ameaças do terror.
Após a mensagem de Maxime Hauchard, nenhuma ameaça nova surgiu. No entanto, um dos diretores da Abin, Saulo Moreira da Cunha, chegou a dizer aos jornalistas: “Isso é uma coisa que a gente espera, é impossível o Brasil ter um evento desses e esse tipo de assunto (terrorismo) não vir à tona”. É bom lembrar que o Brasil já recebeu mais de dois mil refugiados da guerra na Síria. Entre eles havia seis que portavam passaportes falsos de vários países. Mas nada de preocupante foi apurado em relação a essas pessoas.