
Procuradores dizem que 200 bi de reais são desviados por ano no Brasil.
A quinta-feira (7 jul) amanheceu com 60 agentes da Polícia Federal e procuradores da Lava Jato nas ruas de três cidades paulistas. A “Operação Caça-Fantasmas”, deflagrada em São Paulo, Santos e São Bernardo tinha um alvo: Edson Paulo Fanton. Ele seria, segundo os federais, o responsável pela atuação clandestina no país de um banco do Panamá, o FPB Bank. Sem autorização do Banco Central, a instituição financeira oferecia serviços de “private banking”. Ou seja: serviços bancários privados para lavagem de dinheiro desviado dos cofres públicos brasileiros.
O esquema ilegal, ainda segundo a Lava Jato, também oferecia serviços de administração de empresas offshore, criadas no Panamá pelo escritório de contabilidade Mossack Fonseca, também alvo da devassa. Uma nota oficial da PF, lida em Brasília durante entrevista coletiva hoje de manhã, explica: “Os serviços disponibilizados pela instituição financeira investigada e pelo escritório Mossack Fonseca foram utilizados, dentre diversos outros clientes do mercado financeiro de dinheiro ‘sujo’, por pessoas e empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato, sendo possível concluir que recursos retirados ilicitamente da Petrobras possam ter transitado pela instituição financeira investigada”.
Isso quer dizer o seguinte: um banco sendo utilizado para cometer crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de ativos e organização criminosa transnacional. Sete pessoas ligadas ao FPB Bank foram levadas para prestar depoimento, mas ninguém foi preso até agora. O esquema teria operado com 44 empresas offshores para clientes brasileiros, todas funcionando em paraísos fiscais. A procuradora federal Jerusa Viecili, na entrevista coletiva, esclareceu: “Mais e mais criminosos terceirizam a lavagem para diminuir riscos, recorrendo a operadores financeiros, bancos clandestinos ou fábricas de offshore”.

Contabilidade virtual esquenta o dinheiro do crime.
O episódio é mais um indício de que o sistema bancário está envolvido com o crime organizado. Isso já era conhecido desde os anos 1990 e especialmente a partir de 2000, quando as Nações Unidas, em Nova Iorque, realizaram a Convenção contra o Crime Organizado Transnacional, mais conhecida como Convenção de Palermo (15 de novembro de 2000), que definiu o que é organização criminosa internacional. Antes disso, muitos pesquisadores já diziam que não havia como movimentar trilhões de dólares ilegais sem o sistema financeiro e de troca de capitais.
Os especialistas garantem que o dinheiro ilegal em circulação no mundo está entre 3 e 4 trilhões de dólares ao ano, de um total estimado de 60 trilhões de dólares. Não seria possível movimentar tamanha quantidade de dinheiro sem a contabilidade virtual do sistema financeiro, uma vez que não existe tanto assim em papel-moeda disponível para todas as transações à vista.
As atividades criminosas mais rentáveis são o tráfico de drogas, o contrabando de armas, a pirataria de produtos e serviços, o contrabando de petróleo e minerais preciosos, o tráfico de pessoas e de órgãos humanos. No caso brasileiro, o crime que mais compensa é o desvio de dinheiro público, praticado por grandes empresas, políticos, empresários e agentes financeiros. Os procuradores federais dizem que o país perde 200 bilhões de reais por ano com a corrupção.
O sistema bancário prevê algumas abordagens mercadológicas; as mais tradicionais são as duas vertentes. Corporate Banking dirigida a pessoas jurídicas e o Private Banking, orientado para o mercado de pessoas físicas também conhecido como Retail Banking. Ambas permitem sub-divisões. Private Banking nada tem a ver com o que o articulista sugere no primeiro parágrafo e não há ligação alguma com a atividade ilegal de um grupo de pessoas, sem autorização do BACEN, captando clientes e facilitando a abertura de contas ou trusts em paraísos fiscais como a República do Panamá.
Desnecessário a publicação deste comentário feito somente a título de esclarecimento técnico.
CurtirCurtir