Forças Armadas assumem segurança no Rio já na semana que vem. Agentes de inteligência estão vigiando estrangeiros que podem se envolver em atos de terrorismo na Olimpíada. O perigo é real.

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Rio de Janeiro – Brigada paraquedista realiza apronto operacional para os Jogos Rio 2016. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Reportagem do jornal O Globo de hoje (9 jul) informa que os órgãos de inteligência estão vigiando uma centena de pessoas que podem se envolver em ataques terroristas durante a Olimpíada do Rio. A matéria de Catarina Alencastro e Simone Iglesias traz um perfil desses prováveis terroristas, que podem se transformar em “lobos solitários”: “Com a proximidade dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio, essa ameaça é a que mais preocupa os órgãos de inteligência do governo. Segundo uma autoridade federal, a maior parte dos suspeitos é de origem estrangeira e se encontra em estados em área de fronteira, como Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. Alguns deles entraram no país recentemente, outros já vivem no Brasil há mais tempo”.

Um “lobo solitário” é um tipo que age por conta própria, com seus próprios recursos, em nome de ideias e organizações que ele não conhece, mas com as quais tem simpatias, como o Estado Islâmico ou a Al Qaeda. Esta é a figura mais perigosa, porque pode atacar de repente e em alvos que estão desprotegidos, como cinemas e casas noturnas. Apesar de não serem alvos óbvios, provocam enorme comoção. As repórteres do Globo, que trabalham na sucursal do diário em Brasília, também informam: “Em comum, eles têm inclinação pelo islamismo e demonstram simpatia por ações terroristas do Estado Islâmico. Alguns têm grande domínio das ferramentas da internet e, de perfil nerd, usam as camadas mais profundas da rede para se comunicar”.

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Treinamento para proteger os jogos.

Diante desse perigo, e com o aumento da violência armada no Rio, o governo federal decidiu antecipar o esquema de segurança para a Olimpíada. Vai começar na terça-feira da semana que vem. Ao todo, 47 mil homens das polícias estaduais e federais, incluindo a Força Nacional de Segurança, estarão nas ruas. As Forças Armadas entram com 38 mil homens, sendo 22 mil do Exército. Os militares vão ocupar as vias expressas da cidade (as  linhas amarela e vermelha e a transolímpica), aeroportos, portos e rodoviárias, além de patrulhar as áreas de maior movimentação de pessoas, como o centro, Copacabana e Barra da Tijuca. Estarão preparados para uma guerra, com tanques e blindados, drones, helicópteros e foguetes. Vão empregar munição real.

A possibilidade de um atentado é tida pelos militares como “muito provável”, como me disse uma fonte em uniforme, especialmente em razão da presença de delegações atléticas de países envolvidos em conflitos. Como já disse em posts anteriores, agentes de 50 países estão colaborando com o Brasil, especialmente fornecendo bancos de dados e modelos de reconhecimento facial. Muitos desses países, inclusive, criticaram o Brasil em anos anteriores por não dar atenção à presença de colaboradores do Hamas, do Hezbollah e da Al Qaeda na região da Tríplice Fronteira, no sul do país. Uma lei antiterrorismo foi aprovada pelo Congresso no final do ano passado, mas é uma legislação confusa e que não dá nome aos bois. Carece ainda de regulamentação adequada.

A nosso favor está o fato de que o país não tem nenhuma tradição em atividades terroristas. A última vez que esse termo foi aplicado no Brasil, durante os governos militares (1964-1985), estava colocado indevidamente. Porque atividades contra o regime eram qualificadas como terroristas. Agora o perigo é real e imediato.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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