
O que se deve fazer para evitar ataques terroristas em locais com grande movimentação de pessoas? A resposta técnica é a seguinte: tornar o fluxo de pessoas o mais rápido e eficiente possível, evitando aglomerações. Aqui fazemos o oposto. A entrada em operação do esquema de segurança nos aeroportos brasileiros produziu um verdadeiro caos. Milhares de pessoas ficaram retidas em filas intermináveis. A aglomeração durou horas e horas, aumentando o perigo. Faltou informação e os passageiros estavam como baratas tontas. Uma das companhias aéreas, a Latim (ex-TAM) entrou em colapso em certo aeroporto, que nem vou citar.
A experiência internacional mostra que a segurança nos aeroportos tem que começar na rua e na entrada dos prédios, antes dos grandes salões que antecedem o embarque. Só no embarque há mecanismos de segurança eficientes – ou supostamente eficientes. Recentemente, três homens-bomba se explodiram no aeroporto de Ancara, na Turquia, exatamente no grande salão que antecede o embarque. Eles passaram pela porta com explosivos e fuzis de assalto AK-47. E não foram incomodados. Essa é a questão básica, para a qual não demos a menor bola. Se houvesse aparelhos de scanner na entrada do aeroporto de Ancara, não haveria o atentado mortal.

Para complicar ainda mais o cenário em relação à Olimpíada do Rio, esta semana o site Intel Group, que acompanha atividades terroristas em escala global, anunciou que um grupo de muçulmanos brasileiros jurou lealdade ao Estado Islâmico, também chamado ISIS ou Daesh. A bombástica novidade foi divulgada na Europa pela agência de notícias italiana ANSA. Aqui, na edição online de ontem, O Estado de S. Paulo publicou a informação. A nova facção do terror, autodenominada “Ansar al-Khilafah Brazil”, postou no sistema de mensagens russo “Telegram” uma ameaça aos Jogos Olímpicos do Rio. Diz o texto: “Se a polícia francesa não consegue deter ataques dentro do seu território, o treinamento dado à polícia brasileira não servirá em nada”. Os terroristas se referiam à ajuda que a França tem oferecido ao governo brasileiro para a proteção do evento.
De acordo com o Intel Group, seria o primeiro grupo sul-americano a apoiar o Estado Islâmico. Além do mais, a milícia extremista islâmica, que ocupa parte do território do Iraque e da Síria, criou uma versão em português do canal de notícias “Nashir”, uma página de Internet que divulga a atuação do Estado Islâmico. Enquanto o EI perde espaço no campo de batalha sírio-iraquiano, com a intervenção militar da OTAN e da Rússia, cresce com ações isoladas em países ocidentais.
O Estado Islâmico sabe que a melhor chance de sobreviver é através de uma propaganda eficiente, construída a partir de vítimas inocentes e muita divulgação. Que palco melhor do que a Olimpíada na Cidade Maravilhosa?
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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Amorim: acredito que grupos estejam se formando no Brasil para se inserirem no Estados Islâmico. Isto, entretanto, pode causar uma séria luta interna entre movimentos jihadistas que têm conexões no Brasil. Nosso País é um território seguro e com livre trânsito de pessoas e valores, aberto a essas organizações. Contaminá-lo com ações e recrutamento de nacionais brasileiros é o caminho certo para atrair para cá os serviços secretos do mundo inteiro, com o fim de monitorar e reprimir a formação de quadros e operações clandestinas. Por isto não creio que esse grupo voluntarista de que você fala venha a ter apoio da liderança mundial do Estado Islâmico. Um exemplo é como as FARC colombianas nunca causaram problemas dentro do Brasil. Assim como a guerrilha colombiana, também o ISIS tem muito a perder e nada a ganhar se recrutar brasileiros para suas fileiras militares ou corpo de mártires. Grande abraço
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