Polícia Federal, Abin e inteligência militar prendem 10 pessoas suspeitas de tramar atentado na Olimpíada. Duas delas já foram condenadas por homicídio. Outras três estavam negociando a compra de armas. O grupo é considerado uma célula terrorista ligada ao Estado Islâmico. Verdade ou fantasia?

terror na olimpiada 05

Como os leitores deste site já sabem, há meses venho falando sobre a existência de apoiadores do Estado Islâmico (ou ISIS ou Daesh) no Brasil. Na madrugada desta quinta-feira (21 jul), uma força-tarefa da Polícia Federal, da Agência Brasileira de Informações (Abin) e de serviços de inteligência militares desencadearam uma operação para localizar e prender dez pessoas suspeitas de integrar uma célula terrorista no país. E elas foram encontradas. Desde o ano passado, quando um porta-voz do EI publicou no Twitter uma ameaça contra o país, a investigação já havia começado.

Os suspeitos presos, de uma lista de mais de 100 pessoas que estão sob vigilância, haviam publicado elogios à milícia extremista islâmica na Internet. Pelas redes sociais, o grupo vinha conversando e demonstrando o desejo de realizar ao menos um atentado durante os Jogos Olímpicos do Rio, que começam em duas semanas. Recentemente, um site chamado Intel Group, sediado em Israel e que acompanha atividades terroristas em todo o mundo, já tinha informado que um grupo de muçulmanos brasileiros tinha jurado lealdade ao Estado Islâmico. Tais pessoas teriam formado uma célula chamada “Ansar al-Khilafah Brazil”. Em tradução improvisada do árabe, significa “Apoiadores do Califado no Brasil”.

Não há dúvidas de que a ameaça terrorista em eventos internacionais do porte de uma olimpíada é bem real. Também não há dúvidas de que o terrorismo tem conexões no país e no continente. A presença de apoiadores do Hamas, do Hezbollah e da Al Qaeda na tríplice fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina, é sobejamente conhecida. Há quem jure que os dois atentados realizados contra instalações judaicas em Buenos Aires (1992 e 1994) foram planejados em Foz do Iguaçu, no Paraná. Os ataques produziram centenas de mortos e feridos. Ou seja: o perigo é real. Mas esse grupo preso hoje não convence.

Em primeiro lugar, utilizavam meios rastreáveis para se comunicar, através da Web e de celulares, em vários estados brasileiros. Foram localizados facilmente. Em segundo lugar, diziam pretender usar armas e não explosivos ou outros meios. Estavam tentando comprar armamento de guerra no Paraguai, via Internet. Isso é quase ridículo, já que Rio e São Paulo estão fartamente abastecidos de armamento, especialmente na mão do narcotráfico. Não demonstravam qualquer tipo de coordenação, muito menos contato com os terroristas do Estado Islâmico. Falaram muita bobagem e foram presos. A reação policial foi correta, porque não dá para deixar uma situação como essa sem resposta. Mas não convence.

Aqui, no Brasil, há pessoas que têm contato e que observam de perto as atividades do EI. Pertencem à comunidade árabe. São muçulmanos, Uma dessas pessoas escreveu que até o nome do grupo, em árabe, está errado. Esse mesmo informante assegura que a agência de notícias Qasioun, da Síria, disse que não há um pingo de verdade em toda essa história. No entanto, ainda segundo o informante, quando o líder máximo do ISIS, Abu Bakr al-Baghdadi, também conhecido como “Califa Ibrahim”, decidiu criar o “Califado do Levante” nos territórios ocupados pela milícia na Síria e no Iraque surgiu a informação de que a organização pretendia se expandir para o Brasil e a Guatemala. E não vamos esquecer que o Estado Islâmico fez mesmo ameaças ao Brasil, em novembro do ano passado. Só que parecia uma simples peça de propaganda.

É claro que o perigo existe, mas se ocorrer um atentado na Olimpíada não será de um grupo tão amador como esse. Será obra de um terrorista isolado, um “lobo solitário” como aquele que atacou em Nice.

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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2 respostas para Polícia Federal, Abin e inteligência militar prendem 10 pessoas suspeitas de tramar atentado na Olimpíada. Duas delas já foram condenadas por homicídio. Outras três estavam negociando a compra de armas. O grupo é considerado uma célula terrorista ligada ao Estado Islâmico. Verdade ou fantasia?

  1. josé gabriel Vieira Ramalho disse:

      Prezado eles estão no Brasil dez de 2005 e falam o português fluentemente, e  sem sotaque . Muito muitos muito bem empregado. Quantos a compra de armas não tem dificuldade pois as FAC já venderam seu arsenal para toda América do sul. Apenas repare nos noticiários os armamento empregado em assalto a carros fortes. Tipo .50 AK 47, lançadores  de míssil terra ar.  E outros tipos de armamento sem falar, da farta quantidade de explosivos nas mão do crime. Este há muito tempo com o apoio de especialista em explosivo.  Amigo vejo que começaram a investigar muito tarde. Quanto os de vejo apenas como bucha para medir a atividade ante terrorista. Não descarto a inocência deste idiotar uteis. Quanto a o atentado desconfio de uso de agente biológico ou químico.

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  2. Carlos Amorim disse:

    Obrigado pela comentário

    Continue participando
    Abs
    Camorim

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