
Lula em campanha, busca apoio e votos no nordeste.
Dito e feito. O juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra Lula e a mulher dele, Marisa Letícia, além de outros seis acusados. Mas passou batido em relação às denúncias de associação criminosa e outras cositas levantadas pelos procuradores e agentes federais da força-tarefa da Lava-Jato. Em um espetáculo televisivo, transmitido para todo o país, chamaram Lula de “o maestro da orquestra criminosa que saqueou o país”. E por que isto não aparece na ação penal aberta pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba? É simples: não há proas. Apenas o desejo dos acusadores.
A ausência da acusação de associação criminosa, que envolve penas gravíssimas, revela que o MPF, ao vilipendiar o ex-presidente, estava empenhado em um ato político. Trata-se de destruir a imagem pública de Lula e de impedir a candidatura dele em 2018. Quero esclarecer aos leitores que não sou um eleitor do PT – nem filiado a qualquer partido. O que se trata aqui é de mostrar o Brasil como ele é. A onda conservadora que se ergueu no mar da política brasileira, após a reeleição de Dilma Rousseff, tem objetivos claros, fartamente declarados por seus integrantes: derrubar o governo petista, prender Lula e cassar o registro eleitoral do PT. No caminho, foi preciso “sacrificar” Eduardo cunha. Talvez seja necessário “sacrificar” Renan Calheiros. O processo conservador precisa continuar, para impor um novo modelo político e econômico ao país, no qual predomina o fundamentalismo evangélico e o neoliberalismo econômico. O resto é bobagem.

Eduardo Cunha: todos contra ele.
E tem mais uma coisa importante: pôr freios à Lava-Jato, sob pena de não sobrar ninguém para realizar os sonhos do grande capital. Vimos uma tentativa frustrada de aprovar anistia ao caixa 2 de campanhas políticas, na calada da noite. Uma ação quase clandestina de lideranças políticas, reunindo os extremos: do PSDB ao PT. Sabemos que o Congresso vem cozinhado lentamente um projeto de lei para pôr fim à autonomia investigatória do Ministério Público, chamada de “lei do abuso de poder”. Parece que os jovens procuradores e agentes da Lava-Jato não percebem a tempestade que se arma sobre as suas cabeças.
Como disse o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, “dessas cidades vai sobrar o vento que passa através delas”.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
Esse post foi publicado em
Politica e sociedade. Bookmark o
link permanente.