Nassif: Lula pode procurar asilo político para escapar de prisão iminente. Ministro do STF critica comportamento “espetaculoso” do MPF. A confusão só faz aumentar.

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O ministro Teori, do STF. Imagem da TV Justiça.

 

Na última terça-feira (4 out), o ministro Teori Zavascki, um dos mais sóbrios na Suprema Corte brasileira, abriu fogo contra o Ministério Público Federal envolvido na Lava-Jato. Ao recusar pedido da defesa de Lula, disse que   os promotores federais tiveram comportamento “espetaculoso” ao acusar Lula de chefiar uma organização criminosa destinada a desviar dinheiro público. Foi em setembro, quando os xerifes da Lava-Jato, na companhia de agentes da Receita e da Polícia Federal, convocaram uma entrevista coletiva de duas horas para acusar o ex-presidente. De acordo com o ministro, foi um “espetáculo midiático muito forte de divulgação”, como registrou o jornal Zero Hora.

Os homens da Lava-Jato passaram a maior parte do tempo afirmando que Lula era o comandante do crime organizado no país, mas, na verdade, o estavam denunciando por outro motivo: corrupção no caso do tríplex do Guarujá. Foi, de fato, um ato político, transmitido ao vivo na TV, no rádio e nas redes sociais. Visava convencer a opinião pública da necessidade de prender Lula. Como sabemos, o estatuto do Ministério Público proíbe atuação político-partidária. Então, utilizou-se o recurso de mais uma denúncia contra o ex-presidente (agora já são quatro) para fazer o que em bom português se chama de “comício”.

Não estou aqui para defender o petista. Aliás, nunca votei no PT, simplesmente porque me recuso a votar. Sou um desobediente civil. Pago a multa de 3,7 reais por turno ausente. E acredito que o voto deveria ser facultativo. Mas posso dizer que o show do MPF está passando dos limites. Já dou como certa a prisão de Lula, até porque não há nenhum sinal de que vá ocorrer um levante popular que o defenda nas ruas. Minhas fontes uniformizadas informam: isto não está na agenda dos militares. Portanto, é apenas uma questão de tempo. Como os processos do juiz Sérgio Moro têm sido julgados entre cinco e sete meses, na média, e considerando o recesso judiciário de fim do ano, aguardo a prisão de Lula para o mês de abril. Se ocorrer antes disso, será outra surpresa. Mas nesse país de meu Deus, tudo cabe.

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O jornalista Luís Nassif. Foto do portal GGN.

A prisão de Lula é tão provável, que um dos mais conhecidos cronistas políticos, o jornalista Luís Nassif (jornal GGN, na internet), escreveu:

“Haverá dois caminhos para Lula.
Um deles será buscar o asilo político em alguma embaixada e, fora do país, ter liberdade de ação para denunciar o regime de exceção instaurado.
O segundo caminho seria aceitar a prisão e transformar-se na reedição de Mandela. Pesa contra essa possibilidade a própria idade de Lula. Até que a democracia seja restabelecida, provavelmente não voltaria a ver a luz do dia”.

O resto é bobagem!

Sobre Carlos Amorim

Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão. Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano. Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc). Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes. Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005). A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações. Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada. Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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