
Eduardo Cunha revistado pela polícia: sucesso na Internet. Reprodução do Twitter.
A foto de Eduardo Cunha sendo revistado pela polícia no aeroporto Santos Dumont, centro do Rio, caiu na Web na manhã da última segunda-feira (17 out). Como se diz modernamente, “viralizou”. É um grande sucesso de audiência e motiva intermináveis galhofas. O todo-poderoso presidente da Câmara dos Deputados, terceiro na sucessão presidencial, cassado, levou um dura como qualquer cidadão comum. Deve ter sido só de sacanagem, uma pequena vingança dos federais contra aquele que se achava o político mais forte do país.
Após a revista, ao passar pelo salão do aeroporto, foi hostilizado por passageiros. “Ladrão, ladrão” – era o grito da multidão que o acompanhou. Jogaram coisas sobre ele. Uma senhora chegou a tentar agredir fisicamente o ex-deputado. Cunha estava só, arrastava duas malas e não se via nenhum dos incontáveis seguranças que o protegiam na Câmara. Agora ele é alvo. Foi “sacrificado” para que o projeto conservador pudesse se implantar no país. A cassação de Cunha, abandonado por seus pares, foi uma forma de referendar Michel Temer. Derruba-se Dilma, derruba-se Cunha, vai-se derrubar Renan Calheiros. É um método para desmentir o clamor de que houve um golpe parlamentar no Brasil e de que Temer é “legítimo”.
Cunha é réu na Lava-Jato, acusado de ter recebido 5 milhões de dólares em propinas do “petrolão”. A mulher dele, a jornalista Cláudia Cruz, é acusada de cumplicidade: teria gasto 1 milhão de dólares em cartões de crédito de uma conta suíça no nome dela. Ambos estão nas mãos do juiz Sérgio Moro, o xerife da Lava-Jato. A condenação do casal é tida como certa. Aliás, Moro intimou a jornalista a prestar depoimento, em Curitiba, no dia 16 de novembro. Observadores acreditam que Cunha vai pegar uns 10 anos de cadeia, iniciando em regime fechado. Cláudia, ao contrário, deve ser condenada à prisão aberta. Ou seja: menos de 4 anos de condenação. Quando mandou devolver o passaporte de Cláudia Cordeiro Cruz, o juiz Sérgio Moro já antecipou a sentença: “ela tem papel secundário nesse crime”.
Se eu for acusado de algum crime, quero um juiz tão seletivo quanto Moro. E o resto é bobagem.
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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