
Relatório do 10º Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado hoje (28 out), comprova: matamos mais gente no Brasil do que a guerra na Síria. Entre 2011 e 2015, o mesmo período do conflito naquele país do Oriente Médio, 278.839 pessoas foram mortas no país, contra 256.124 na Síria. São 22.715 homicídios a mais do que lá. É um massacre inacreditável. Verdadeiro genocídio. A estatística brasileira foi produzida da maneira correta: soma homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.
A Síria é um país pequeno. Tem apenas 18 milhões de habitantes. O Brasil tem algo como 205 milhões de pessoas vivendo ao sol tropical. Se pudéssemos fazer uma estatística de assassinatos per capta, o Patropi seria mil vezes menos violento do que a Síria, onde atualmente cinco forças armadas antagônicas se enfrentam, entre elas o famigerado Estado Islâmico. Mas os números brasileiros, para um país supostamente em paz, são alarmantes. Em 2015, de acordo com o FBSP, o número de homicídios em nosso país foi de 58.383. São 28,6 mortes violentas a cada grupo de 100 mil habitantes. A ONU afirma que mais de 10 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes representa uma “epidemia” – ou um “estado de guerra”. São Paulo foi o estado brasileiro que menos matou: pouco mais de 11 vítimas a cada 100 mil almas. Conclusão óbvia: há uma guerra civil não declarada no Brasil.

Uma curiosidade preocupante sobre a pesquisa: a polícia mata 9 pessoas por dia no país, 6,3% a mais do que no ano anterior. A cada semana, policiais brasileiros disparam tiros fatais mais vezes do que as forças de segurança do Reino Unido nos últimos 25 anos. Na Islândia, país do extremo norte europeu, apenas uma pessoa foi morta por policiais nos últimos 72 anos. E o governo pediu desculpas à família da vítima. No entanto, em terras brasileiras, algo como 400 policiais perderam a vida no ano passado, sendo que apenas 103 no exercício do dever. Os demais estavam trabalhando como seguranças particulares ou foram vítimas de assaltos e vinganças.
Não vamos aqui discutir os demais crimes ocorridos no país. Sabemos que apenas um terço dos furtos, violência doméstica, agressões, estelionatos, crimes virtuais e assaltos são comunicados à polícia. A cada ano, aproximadamente, considerando a falta de registros de ocorrência, estima-se em 6 milhões os assaltos a mão armada. O Ministério da Justiça, por meio de um censo realizado nos presídios federais (mapa de ocupação por facções criminosas) informa que há 25 organizações voltadas ao tráfico de drogas e ao contrabando de armas. A corrupção e a sonegação de impostos atingem a marca extraordinária de 400 bilhões de reais por ano. Mas apenas 1% dos crimes cometidos resultam em condenação penal.
Brasil – país bandido!
Sobre Carlos Amorim
Carlos Amorim é jornalista profissional há mais de 40 anos. Começou, aos 16, como repórter do jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Trabalhou 19 anos nas Organizações Globo, cinco no jornal O Globo (repórter especial e editor-assistente da editoria Grande Rio) e 14 na TV Globo. Esteve no SBT, na Rede Manchete e na TV Record. Foi fundador do Jornal da Manchete; chefe de redação do Globo Repórter; editor-chefe do Jornal da Globo; editor-chefe do Jornal Hoje; editor-chefe (eventual) do Jornal Nacional; diretor-geral do Fantástico; diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo; diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo. Foi diretor da Divisão de Programas de Jornalismo da Rede Manchete. Diretor-executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, onde implantou o canal de notícias Bandnews. Criador do Domingo Espetacular da TV Record. Atuou em vários programas de linha de show na Globo, Manchete e SBT. Dirigiu transmissões de carnaval e a edição do Rock In Rio 2 (1991). Escreveu, produziu e dirigiu 56 documentários de televisão.
Ganhou o prêmio da crítica do Festival de Cine, Vídeo e Televisão de Roma, em 1984, com um especial sobre Elis Regina. Recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1994, na categoria Reportagem, com a melhor obra de não-ficção do ano: Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado (Record – 1994). É autor de CV_PCC- A irmandade do crime (Record – 2004) e O Assalto ao Poder (Record – 2010). Recebeu o prêmio Simon Bolívar de Jornalismo, em 1997, na categoria Televisão (equipe), com um especial sobre a medicina em Cuba (reportagem de Florestan Fernandes Jr). Recebeu o prêmio Wladimir Herzog, na categoria Televisão (equipe), com uma série de reportagens de Fátima Souza para o Jornal da Band (“O medo na sala de aula”). Como diretor da linha de show do SBT, recebeu o prêmio Comunique-se, em 2006, com o programa Charme (Adriane Galisteu), considerado o melhor talk-show do ano.
Em 2007, criou a série “9mm: São Paulo”, produzida pela Moonshot Pictures e pela FOX Latin America, vencedora do prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor série da televisão brasileira em 2008. Em 2008, foi diretor artístico e de programação das emissoras afiliadas do SBT no Paraná e diretor do SBT, em São Paulo, nos anos de 2005/06/07 (Charme, Casos de Família, Ratinho, Documenta Brasil etc).
Vencedor do Prêmio Jabuti 2011, da Câmara Brasileira do Livro, com “Assalto ao Poder”. Autor de quatro obras pela Editora Record, foi finalista do certame literário três vezes.
Atuou como professor convidado do curso “Negócios em Televisão e Cinema” da Fundação Getúlio Vargas no Rio e em São Paulo (2004 e 2005).
A maior parte da carreira do jornalista Carlos Amorim esteve voltada para a TV, mas durante muitos anos, paralelamente, também foi ligado à mídia impressa. Foi repórter especial do Jornal da Tarde, articulista do Jornal do Brasil, colaborador da revista História Viva entre outras publicações.
Atualmente, trabalha como autor, roteirista e diretor para projetos de cinema e televisão segmentada.
Fonte: resumo curricular publicado pela PUC-RJ em “No Próximo Bloco – O jornalismo brasileiro na TV e na Internet”, livro organizado por Ernesto Rodrigues em 2006 e atualizado em 2008. As demais atualizações foram feitas pelo autor.
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